
Santo Antônio do Leverger, a 35 km de Cuiabá, vive uma situação atípica. A cidade está sem prefeito desde o dia 28 de setembro, data em que o gestor municipal, Valdir Ribeiro (PT), foi cassado pela Câmara de Vereadores, acusado de se negar a prestar informações das atividades do município desde 2014.
Ribeiro não foi mais encontrado para receber a notificação da decisão.
Se ele não aparecer, o vice-prefeito Valdir Castro Filho (PROS) só deverá assumir o cargo na terça-feira (6), conforme determina a lei.
A reportagem ligou para Valdir Ribeiro, mas o telefone dele estava desligado. Porém, no dia seguinte à cassação, ele declarou que não teve tempo hábil para encaminhar os documentos pedidos à Câmara e que iria recorrer à Justiça para contestar a cassação.
“Foi procurado em Cuiabá, foi procurado aqui em Santo Antônio. Na residência da mãe dele – ele sempre está por lá – e não foi encontrado. Na chácara que ele tem aqui em Santo Antônio ele também foi procurado e não encontramos. Foi procurado na localidade de Barreirinho”, disse o vereador Ugo Padilha (DEM).
“Nós fizemos uma publicação no Diário Oficial na data de quarta-feira e agora estamos aguardando o prazo de três dias. Na próxima segunda-feira faremos outra publicação. E, no prazo de 24 horas teremos outras condições para de dar posse ao novo prefeito”, disse o vereador Sérgio Potrich.
Com a cidade assim, sem prefeito, serviços públicos que dependem diretamente da assinatura dele estão parados.
Os ônibus escolares por exemplo, estão sem condições de circular por falta de combustível. E não são apenas os alunos os prejudicados.
O combustível da van que leva pacientes para fazer hemodiálise em Cuiabá já acabou.
CPIs
Valdir Ribeiro chegou a ser afastado duas vezes pela Câmara Municipal – uma em 2014 e a outra em agosto deste ano -, mas foi reconduzido ao cargo por meio de decisões judiciais. Ao longo de 2014 e 2014, os vereadores instalaram duas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) contra Ribeiro.
A primeira foi para apurar supostas divergências entre os números dos balancetes mensais da prefeitura e os extratos das mais de 300 contas bancárias mantidas pelo Poder Executivo municipal.
A diferença seria de aproximadamente R$ 3 milhões, equivalente à arrecadação mensal de Santo Antônio de Leverger.
Depois, os vereadores instalaram uma CPI para investigar a suposta sonegação de informações.
A Câmara Municipal informou que fez 132 requerimentos formais desde o início de 2014, mas nenhum foi respondido, e por isso os vereadores votaram pela cassação.