
DA REDAÇÃO
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Uma investigação da Delegacia Fazendária realizada na semana passada mostra que a polícia tem um único foco: saber se o que foi desviado da Operação BB-Pag foi direcionado para campanhas políticas.
Se foi, pelo menos três políticos podem estar no centro desse furacão.
Um seria ex-governador, outro senador e o terceiro seria um deputado estadual da Assembleia Legislativa.
A Delegacia Fazendária trabalha para ligar esses pontos, já que a fraude ocorrida na Secretaria de Estado de Fazenda passou dos R$ 100 milhões.
Segundo a investigação da Fazendária, recursos públicos foram pagos de forma ilícita.
O suposto esquema favoreceu pessoas físicas e jurídicas com e sem vínculo com o Governo do Estado.
Após o interrogatório, 11 suspeitos tiveram as prisões prorrogadas com o objetivo de dar continuidade às investigações.
Segundo a delegada titular da Defaz, Cleibe Aparecida de Paula, a operação BB-PAG dá continuidade à operação Vespeiro, realizada em maio de 2012, desencadeada após serem verificados diversos pagamento ilícitos a pessoas físicas por meio da conta única do Estado, via sistema BB-PAG.
O nome BB-PAG se refere ao sistema de pagamento e aplicativo disponibilizado pelo Banco do Brasil para viabilizar a execução de pagamentos pela Conta Única do Estado de Mato Grosso, sistema utilizado à época para pagamento da folha dos servidores.
Na época, o relatório da Auditoria Geral do Estado, hoje Controladoria Geral do Estado, identificou um rombo de R$ 16 milhões de recursos desviados no período de 2007 a 2011.
Em continuidade aos trabalhos de auditagem, a Auditoria Geral do Estado ampliou o período para análise das remessas de pagamentos via aplicativo BB-PAG, abrangendo os anos de 2003 a 2011, chegando ao valor total desviado de R$ 101.123.118,61, sendo R$ 16.401.613,88 destinados a pagamentos de pessoas físicas e R$ 84.721.504,73 a pessoas jurídicas.
Na conciliação e cruzamento de dados, utilizando o registro do CPF e CNPJ com a informação em comum nos sistemas BBPAG (Banco do Brasil), SEAP/ARH (folha de pagamento) e Fiplan (Sistema Integrada de Planejamento, Contabilidade e finanças), foi possível analisar os créditos de cada credor transmitidos pelo BB-PAG, lançados contabilmente e registrados no Fiplan e as retenções e pagamento cadastrados no Seap, o que originou indicativos de improbidades.
Os valores desviados da Conta Única foram encaminhados para pessoas jurídicas consignatárias do sistema Seap, cadastradas no sistema de folha de pagamento como também a pessoas jurídicas não consignatárias, ou seja, que não possuíam nenhum vínculo com a administração pública.
Os pagamentos eram ordenados pela Secretaria de Fazenda do Estado, via BB-PAG, pagamentos irregulares a 13 pessoas jurídicas sendo cinco consignatárias cadastradas no sistema Seap/Fiplan e oito não cadastradas no sistema e sem nenhum vínculo com o Estado, que tiveram pagamentos superiores aos retidos na folha de pagamentos e contabilizados no Fiplan.
A polícia tenta descobrir se esses recursos públicos pagos de forma irregular ‘voltavam’ de alguma forma, ou usados como lavagem de dinheiro, para serem usados nas campanhas políticas do ex-governador, do senador e do deputado estadual.
A informação citando os políticos consta do depoimento dado por um dos investigados à Delegacia Fazendária na semana passada, logo após a deflagração da Operação BB-Pag.