Visita onde estão PMs e diretores da PCE causa estresse

A Comissão de Segurança Pública e Comunitária da Assembleia Legislativa, formada pelos deputados estaduais Elizeu Nascimento (DC/presidente), João Batista (Pros), Sílvio Fávero (PSL) e Ulysses Moraes (DC), está neste momento na sede do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) em uma visita técnica.

No ofício 012/2019, encaminhado à Secretaria de Segurança Pública do Estado (Sesp), a Comissão diz que vai fazer a visita técnica também no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), no bairro Carumbé, e nas dependências do 3º Batalhão da Polícia Militar, localizado na grande Morada da Serra, na Capital, na manhã desta segunda-feira (8), ver documento abaixo.

Nesses locais, que as visitas estarão ocorrendo, estão presos preventivamente o tenente da PM, Cleber de Souza Ferreira, o subtenente Ricardo de Souza Carvalhaes de Oliveira, o cabo Denizel Moreira dos Santos Júnior, o diretor da Penitenciária Central do Estado, Revétrio Francisco da Costa e o subdiretor da unidade, Reginaldo Alves dos Santos.

O objetivo da visita técnica, feita pelos parlamentares, é para saber como está o local. Se tem infraestrutura adequada ou não, entre outras observações.

Após a visita, os deputados fazem um relatório que é encaminhado para o Governo adotar as providências.

Porém, a vistoria nesses locais, onde se encontram presos em decorrência da Operação Assepsia, deflagrada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado, sob o comando do delegado Flávio Stringuetta, no dia 18 de junho, estaria provocando estresse entre a Comissão e alguns setores da Polícia Militar, já que não se sabe se os deputados terão contato com os presos, ou somente se terão a constatação dos locais que forem alvos da visita.

MPE OFERECE DENÚNCIA CONTRA ENVOLVIDOS

O Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por meio do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), ofereceu denúncia contra  dois líderes do Comando Vermelho, três policiais militares e dois agentes penitenciários que ocupavam os cargos de vice e de diretor da Penitenciária Central do Estado.

O grupo foi investigado na operação “Assepsia”, que apurou facilitações para entrada de aparelhos celulares na penitenciária. O inquérito policial foi conduzido pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Judiciária Civil.

Foram denunciados: Paulo Cesar dos Santos, vulgo “Petróleo”, e Luciano Mariano da Silva, conhecido como “Marreta”, ambos pertencentes ao Comando Vermelho; o então diretor da Penitenciária Central, Revétrio Francisco da Costa; o vice-diretor, Reginaldo Alves dos Santos e os militares Cleber de Souza Ferreira, Ricardo de Souza Carvalhaes de Oliveira e Denizel Moreira dos Santos Júnior.

Ao grupo foram imputados quatro atos criminosos. Os sete denunciados vão responder por integrar, financiar e promover organização criminosa e também por introdução de celulares em presídios; cinco deles pelo crime de corrupção ativa; e dois por corrupção passiva.

Conforme consta na denúncia, no dia 06 de junho passado, por volta das 13h, misteriosamente os portões da PCE se abriram e uma camionete Ford Ranger Preta ingressou na unidade levando sobre a carroceria um freezer branco “recheado” de celulares. Os ocupantes dos veículos não foram identificados por determinação dos diretores. O equipamento que deveria ser colocado na sala do diretor acabou sendo disponibilizado em um corredor.

No mesmo dia, os três policiais militares denunciados também estiveram na penitenciária  à paisana com um veículo Gol, estando um deles com duas sacolas cheias de objetos não identificados nas mãos.

“Os três policiais entraram na sala de Revetrio, e em seguida Revetrio ordenou que trouxessem para aquela sala o preso Paulo Cesar e ficaram ali, em reunião bastante informal, por mais de uma hora com o aludido preso. Estavam tratando do que? O freezer recheado de celulares era destinado a Paulo Cesar”, diz a denúncia.

Em depoimentos prestados à polícia, um dos líderes do Comando Vermelho revela que durante a reunião eles falaram o tempo todo sobre a entrada do freezer com os aparelhos celulares.

Na ocasião, Reginaldo teria alertado para que retirasse todos os aparelhos durante a noite, e utilizasse a cola, que estava junto com os celulares, para fechá-lo novamente.

Também foi relatado que no interior da sala havia sido combinado o pagamento de parte dos lucros obtidos com a comercialização dos celulares dentro do presídio (promessa de recompensa).

O esquema, conforme o Gaeco, foi descoberto após a troca do pessoal da guarda. Sem saber que o freezer seria levado diretamente para a sala do diretor, a agente ordenou que passasse pelo scanner, quando foram encontrados 86 aparelhos celulares, carregadores, baterias, fones de ouvido, todos escondidos sob o forro da porta do freezer, envoltos em papel alumínio para fins de neutralizar a visão do scanner.

De acordo com a denúncia, no momento do desmonte do freezer, os policiais do GCCO promoveram a apreensão de todos os equipamentos encontrados e das imagens de câmeras internas. Também foi realizada a oitiva de todos os envolvidos. Com as diligências policiais, descobriu-se que a camionete que trouxe o freezer pertencia a Luciano Mariano da Silva, o Marreta, e estava sendo utilizado por amigos de facção.

“COINCIDÊNCIA” – Conforme apurado durante as investigações, os dois líderes do Comando Vermelho estão presos já há algum tempo e mesmo de dentro do presídio gerenciavam parcela das atividades da facção.

Coincidências à parte, segundo destacou o Gaeco, a entrada dos celulares ocorreu poucos dias antes do líder máximo do Comando Vermelho em Mato Grosso, Sandro da Silva Rabelo, o “Sandro Louco”, ter sido trazido de volta do presídio federal onde se encontrava cumprindo pena.

O Gaeco ressalta ainda que os membros da organização mantém-se unidos por grupos de whatsapp ou recurso similar, compartilhando decisões e ordens.

O aparelho celular tornou-se instrumento de extrema utilidade.  “Através dos celulares são dadas ordens, inclusive de execução de pessoas que se intrometam em seu caminho, e comprovado em tempo real o seu cumprimento. Dia a dia são vistos vídeos de execuções sumárias, com requintes de extrema crueldade, como forma de estimular a obediência às ordens dos comandantes da organização”, diz trecho da denúncia.

Um aparelho celular que pode ser comprado por R$ 700,00, por exemplo, chega a ser vendido a R$ 5 mil no interior do presídio. Os 86 celulares e demais apetrechos apreendidos, que podem ter sido adquiridos pelo mercado negro por 40 a 50 mil reais, seriam transformados em mais de 450 mil reais.

 

 

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