Cabo Gérson diz que destruiu escutas ilegais e jogou no rio

O cabo Gerson Luiz Ferreira Corrêa presta depoimento, nesta quarta-feira (17), ao juiz da 11ª Vara Criminal Especializada em Justiça Militar, Marcos Faleiros.

O pedido foi protocolado no Tribunal de Justiça em março deste ano. A expectativa é que o interrogatório traga novos acontecimentos da polêmica envolvendo interceptações telefônicas ilegais em Mato Groso, a “Grampolândia Pantaneira”.

Já foram ouvidos os ex-comandante da Polícia Militar de Mato Grosso (PM-MT), coronel Zaqueu Barbosa e o coronel Evandro Alexandre Ferraz Lesco, na tarde desta terça-feira (16).

14h03 – Cabo Gérson Corrêa diz que tentou fazer delação junto à Polícia Judiciária Civil, mas que não obteve êxito.

14h05 – O militar também disse que tentou fazer delação junto ao MPE também não obteve êxito.

14h07 – O cabo disse que procurou o Naco – do Ministério Público do Estado – e comentou que foi bem recebida pelo procurador Domingos Sávio. Segundo ele, encaminhou várias provas ao procurador. “Como tapa na nossa cara, o procurador Domingos negou o acordo, sob o argumento que são fatos requentados”.

14h08 – Disse que por isso buscou o reinterrogatório na Justiça Militar para narrar novos fatos.

14h10 – O Cabo Gérson disse que está fazendo o terceiro depoimento para que os coronéis Zaqueu Barbosa e Evandro Lesco falassem a verdade. “Eu sempre disse que o dono da Grampolândia Pantaneira é o ex-governador Pedro Taques e o primo Paulo Taques”.

14h12 – O militar fala agora que foi feito um pedido em março de 2015 que fosse feita escuta ilegal no gabinete do então presidente da Assembleia Legislativa, José Geraldo Riva, Janete Riva, Jéssica Riva, José Riva Júnior e Janaina Riva, tiveram seus dados cadastrais invadidos, onde teria sido feito barriga de aluguel, a mando de dois promotores do Ministério Público do Estado, sendo um deles, Marco Aurélio de Castro.

14h15 – Numa ordem de serviço posterior, o procedimento investigatório não constava mais os nomes de Janaina Riva, Jéssica Riva, José Riva Júnior e Janete Riva, somente de José Riva.

14h17 – Em agosto de 2015, o cabo Gérson Corrêa disse que teve uma reunião com o promotor Marco Aurélio de Castro. Na reunião, o promotor pediu que a deputada Janaina Riva fosse grampeada e o serviço foi feito pelo núcleo de inteligência da Polícia Militar. O militar disse que o pedido encaminhado à PM foi como se o pedido tivesse sido do Gaeco.

14h20 – O cabo revela que os promotores do Gaeco sempre nutriram um grau de confiança com ele. “Sempre operações sensíveis eu era chamado pelos promotores”. O objetivo de ouvir a Janaina Riva era para saber se o pai ainda tinha influência no gabinete da parlamentar.

14h21 – A deputada Janaina Riva voltou a ser alvo do Gaeco. Mais um telefone dela foi monitorado. O cabo fala o número dela. O motorista da parlamentar constava como foragido da Operação Metástase, e o promotor Marco Aurélio pede para monitorar esse número de celular. “Janaina foi alvo da PM e pelo Gaeco, pós deflagração da Operação Metástase”.

14h24 – O cabo Gérson Corrêa fala agora sobre uma investigação para dar suporte a uma suposta ameaça à integridade física da ex-juíza Selma Arruda. O Ministério Público do Estado não fez nenhuma investigação, diz o cabo.

14h26 – O militar disse que a então juíza procurou o Gaeco para levar ao conhecimento dos promotores o fato de que ela estaria sendo ameaçada de morte. O cabo disse que fez um minucioso relatório, mas fantasioso que teria buscado narrar elementos que pudessem subsidiar a peça para realizar uma interceptação telefônica. O cabo disse que no relatório citou jornalistas, o ex-governador Silval Barbosa , o irmão, um empresário entre outras pessoas. Não foi colhido nenhuma conversa que pudesse revelar alguma ameaça, mesmo assim as investigações foram mantidas por mais um período, sem no entanto ter nenhum elemento. “Essa foi a típica barriga de aluguel realizada pelo Gaeco”.

14h34 – Operação Arqueiro e Ouro de Tolo. Vou esquentar estes fatos. É a primeira vez que falo. O objetivo da Operação Arqueiro foi investigar esquema de corrupção envolvendo a Secretaria de Estado de Assistência Social. A Operação começou 2013. Fala que áudios envolviam a mulher de Silval Barbosa, Roseli Barbosa. Gaeco fez interceptações de apenas secretários adjuntos da pasta, não atingindo Roseli, porque ela tinha prerrogativa de foro, mas essa seletividade manter o poder investigatório pelo Gaeco, o objetivo era evitar que a investigação chegasse ao TJ/MT.  O medo do Gaeco era que desembargadores vazassem a investigação para Silval Barbosa.

14h38 – Roseli Barbosa, já ex-secretária, voltou a ser alvo do Gaeco, em agosto de 2015, na Operação Ouro Tolo. Os elementos levantados na Operação Arqueiro teriam fundamentado a operação, junto com interceptação telefônica da Roseli e de alguns membros da família.

14h41 – De acordo com o Gérson, a família Barbosa foi monitorada pelo Gaeco utilizando uma autorização judicial da comarca de Cáceres.

14h45 – Vários diálogos obtidos na família Barbosa provocou um terremoto no Gaeco. O cabo não disse o conteúdo do que teriam sido esses diálogos. “Era prática comum no Gaeco, quando do êxito de várias operações, foram explorados de forma midiática pelo Gaeco, cometendo várias irregularidades, no que tange ao sigilo das investigações, como invasão de privacidade, o uso de imagem (dos acusados)” citou o cabo.

14h49 – O cabo Gérson Corrêa diz que o Gaeco fez muita pirotecnia durante as operações realizadas pelo Grupo.

14h54 – Gérson diz que o Gaeco fez a Operação Imperador para prender o ex-presidente José Geraldo Riva, preso no dia 21 de fevereiro de 2015, para que a imagem do parlamentar fosse divulgada no programa Fantástico, da Rede Globo.

14h56 – O militar fala agora sobre a interceptação telefônica e a divulgação do áudio envolvendo o ex-governador Silval Barbosa e o desembargador Marcos Machado, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. “Eu identifiquei essa ligação e passei para o promotor Marco Aurélio, que tratou o material precioso. A coordenação do Gaeco ao identificar essa ligação pede que o áudio seja colocado dentro de um pendrive e levado em mãos para o doutor Marco Aurélio. O promotor sobe com o áudio para a Procuradoria Geral de Justiça compartilhar com seus colegas.  O áudio foi divulgado somente sete meses após a ligação entre Silval e o desembargador. O áudio chegou junto à sétima vara e após isso foi vazado para uma emissora, o objetivo foi confundir de onde poderia ter sido vazado o áudio”.

15h04 – Cabo Gérson Corrêa diz agora que as operações do Gaeco eram um verdadeiro circo, e tinha a afiliada da Rede Globo, em Mato Grosso, como veículo para divulgar, quase em tempo real, as operações do Grupo.

15h09 – O militar fala agora sobre a operação envolvendo o então prefeito de Sinop, Juarez Costa (MDB). Ele diz que a operação ocorreu há um mês da eleição, em 2016. Ele diz que 46 terminais foram interceptados à época. O cabo diz que o prefeito teve interceptado 14 terminais telefônicos, que seriam dele. Juarez apoiava a então vice-prefeita Rosana Martinelli, hoje prefeita de Sinop. Gérson disse que não participou desse trabalho.

15h14 – O cabo Gérson Corrêa diz que errou, que está agora para pagar pelos erros.

15h34 – O cabo fala agora sobre a verba Secreta do Gaeco. O militar diz que alguns episódios ocorridos dentro do Gaeco não tinham fiscalização por parte da coordenação. Um desses fatos que causou estranheza, foi no segundo semestre de 2015. O promotor Marco Aurélio procurou alguns militares para assinar prestação de contas com datas retroativas. Ele comenta agora que o coronel Evandro Lesco, já na Casa Militar, teria assinado as prestação de contas com datas anteriores. Ele diz que dois promotores discutiram de forma ríspida sobre o uso indevido da verba. A verba secreta é creditada na conta do membro do MPE para ser utilizada em operações que eram realizadas. A equipe de policiais fazia a prestação de contas para uma assessora e devolvia a importância que não teria sido utilizada. O cabo disse que os recursos da verba secreta, a sobra do ficava das operações, ficavam em um cofre e em alguns momentos foram utilizados para compra de vários itens que seriam utilizados nos trabalhos, inclusive, a compra de um cão.

15h50 – Cabo fala agora que o promotor Célio Wilson, quando estava no Gaeco, usou a verba secreta para consertar a sua moto particular. Disse também que o cachorro foi comprado pelo promotor Marcos Regenold. “Essa investigação da verba indenizatória tem que vir de 2010 para cá e vai pegar muita coisa. Uma investigação séria vai conseguir uma resposta para isso”.

15h52 – O militar fala agora sobre a Grampolândia Pantaneira. Disse que nos dois primeiros depoimentos que deu, ele protegeu o coronel Evandro Lesco e promotores do Gaeco. Que os primos Pedro e Paulo Taques estão envolvidos nessas escutas ilegais.

16h02 – O cabo fala que recebeu do coronel Zaqueu Barbosa duas placas que eram usadas em interceptações telefônicas para fazer as escutas ilegais após ter tido um encontro com Paulo Taques, em um restaurante em uma estrada de Chapada dos Guimarães. As placas, segundo o cabo, tinham sido já utilizadas pelo Gaeco. Ele disse que nunca perguntou a Zaqueu como essas placas chegaram em suas mãos.

16h17 – O militar disse que a Grampolândia Pantaneira foi encerrada em outubro de 2015, quando recebeu ordens do coronel Evandro Lesco. Ele disse que destruiu todos os áudios. Quebrou tudo e jogou tudo no rio, exceto alguns pendrives que eram passado para Paulo Taques.

16h23 – Gérson Corrêa admitiu que a PM foi usada para operacionalizar, mas alega que os interesses políticos eram dos primos Pedro e Paulo Taques. O cabo encerra sua fala.

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