Fotografias mostram diversidade dos índios em Mato Grosso

Na última sexta-feira (09.08), foi celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígenas. A data busca mobilizar o mundo inteiro para os cuidados relacionados à preservação das culturas indígenas e, sobretudo, conscientizar para os desafios enfrentados pelos povos tradicionais, no século 21.

A agenda existe para valorizar a luta dos povos tradicionais para o reconhecimento de suas tradições, identidade e cultura. Só no Brasil existem mais de 240 povos indígenas remanescentes, de acordo com o Censo IBGE 2010. Desses, 43 povos estão no Estado de Mato Grosso, mais de 42 mil índios distribuídos em várias Terras Indígenas.

Em forma de homenagem, selecionamos alguns cliques do fotógrafo Marcos Vergueiro, resultado de incursões por territórios indígenas de Mato Grosso, ao longo dos anos. Para melhor situar, reservamos alguns dados oficiais e curiosidades disponíveis no portal dos Povos Indígenas no Brasil (pib.socioambiental.org). Confira!

Povos do Xingu

O Parque Indígena do Xingu, conhecida como alto Xingu, é formado pelos povos Aweti, Kalapalo, Kamaiurá, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukuá, Naruvotu, Trumai, Wauja e Yawalapiti .

Sobre a variedade linguística, esses povos caracterizam-se por uma grande similaridade no seu modo de vida e visão de mundo. Entretanto, cada um dos grupos faz questão de cultivar sua identidade étnica.

As 16 etnias que habitam o Parque são: Aweti, Ikpeng, Kaiabi, Kalapalo, Kamaiurá, Kisêdjê, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukuá, Naruvotu, Wauja, Tapayuna, Trumai, Yudja, Yawalapiti.

As organizações indígenas (sobretudo a Associação Terra Indígena do Xingu) têm se estabelecido como um importante meio de interlocução com a sociedade nacional e fomento de projetos de educação, alternativas econômicas e proteção do território.

Nambiquara

A palavra Nambiquara é de origem Tupi e pode ser traduzida como “orelha furada”. Foi a partir da incursão da Comissão Rondon por Mato Grosso que os índios até então mencionados como “Cabixi”, passaram a ser designados “Nambiquara”, termo pelo qual são conhecidos até hoje.

Famosos na história da antropologia brasileira por terem sido contatados “oficialmente” pelo Marechal Rondon, os Nambiquara vivem hoje em pequenas aldeias, nas altas cabeceiras dos rios Juruena, Guaporé e, no passado, do rio Madeira.

Habitam tanto o cerrado, quanto a floresta amazônica e as áreas de transição entre estes dois ecossistemas. Os Nambiquara ocuparam uma extensa região no passado e se caracterizaram pela mobilidade espacial. Dotados de uma cultura material aparentemente simples e de um universo cultural extremamente complexo, os Nambiquara têm preservado sua identidade através de um misto de altivez e abertura ao mundo.

Nambikwara, Nambicuara ou Nhambicuara. Assim, desde o início do século 20, este termo é usado para designar os diversos grupos que ocupavam a região que compreende o noroeste do estado do Mato Grosso e as adjacências do estado de Rondônia.

Xavante

Os Xavante tornaram-se famosos no Brasil no fim da década de 1940, com a massiva campanha que o Estado Novo empreendeu para divulgar sua “Marcha para o Oeste”. A campanha promoveu a equipe do SPI (Serviço de Proteção aos Índios) por seu trabalho de “pacificação dos Xavante.”

No entanto, o grupo local que foi “pacificado” pelo SPI em 1946 constituía apenas um dentre os diversos grupos xavante que habitavam o leste de Mato Grosso, região que o Estado brasileiro então procurava franquear à colonização e à expansão capitalista. Na versão Xavante, é importante notar, foram os “brancos” os “pacificados”.

Bororo

A palavra Bororo significa, na língua nativa, “pátio da aldeia”. Não por acaso, a tradicional disposição circular das casas faz do pátio o centro da aldeia e espaço ritual desse povo, caracterizado por uma complexa organização social e pela riqueza de sua vida cerimonial.

A despeito de hoje terem direito a um território descontínuo e descaracterizado, o vigor de sua cultura e sua autonomia política têm atuado como armas contra os efeitos predatórios do contato com o “homem branco”, que se estende há pelo menos 300 anos.

Ao longo da história, outros nomes foram usados para identificar esse povo, tais como: Coxiponé, Araripoconé, Araés, Cuiabá, Coroados, Porrudos, Bororos da Campanha (referente aos que habitavam a região próxima a Cáceres), Bororos Cabaçais (aqueles da região da Bacia do Rio Guaporé), Bororos Orientais e Bororos Ocidentais (divisão arbitrária feita pelo governo do Mato Grosso, no período minerador, que tem o rio Cuiabá como ponto de referência).

Paresí

Os Paresí têm uma antiga história de contato com os não índios. As primeiras referências feitas a eles datam do fim do século 17 e, desde então, o contato foi se intensificando e gerando consequências muitas vezes devastadoras para o povo indígena.

Cada subgrupo paresí enfrentou diferentes situações, devido à proximidade ou distância que se encontraram dos não índios. A intensa relação com os jesuítas da Missão Anchieta (MIA) quase ocasionou a extinção de um dos dialetos falados por eles e lhes trouxe transformações nos aspectos socioculturais.

Atualmente os Paresí mostram-se preocupados em manter seus costumes e com a recuperação de outros aspectos que consideram importantes para a manutenção das suas práticas socioculturais, consequências sofridas ao longo da sua história com os não índios.

O termo de autodenominação dos Paresí é Halíti, que pode tanto ser traduzido como “gente”, numa referência explícita ao gênero humano em oposição aos animais, quanto como “povo” para indicar uma identidade mais inclusiva do grupo.

A palavra “Paresí” não consta no léxico da língua, mas é o nome que, a partir do século 19, passou a ser aplicado indiscriminadamente a grupos distintos de fala. Entre esses grupos destacam-se os Kazíniti, Wáimare, Kazárini (este último conhecido também como Kabizi), além dos Warére e Káwali.

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