Barão Vermelho se reinventa após morte de Peninha e saída de Frejat

Prestes a completar 40 anos de atividade, o Barão Vermelho acaba de iniciar uma nova fase. Com a saída de Roberto Frejat em 2017 e a entrada de Rodrigo Suricato nos vocais, a banda carioca acaba de lançar o disco Viva!, que coloca fim a um hiato de 15 anos.

O projeto, composto completamente pelos quatro integrantes atuais (Guto Goffi, Suricato, Fernando Magalhães e Maurício Barros), foi a maneira que eles encontraram para dar luz à criatividade e voltar a produzir sob o legado do Barão.

Desde 2004, os músicos se dividiam entre projetos solos e apenas turnês comemorativas. Na maioria das vezes, esses retornos dependiam demais da agenda de Frejat, que a partir de 2001, quando assumiu carreira solo, deixou claro que o grupo não era mais prioritário em sua vida.

Fundador da banda, Guto Goffi ressalta que esse rompimento com Frejat, que substituiu Cazuza em 1986, não resultou em trauma e nem discussão. “Estávamos estagnados e amarrados à agenda dele. E tínhamos a intenção de voltar a tocar com mais frequência e gravar juntos também. Por isso, decidimos seguir sem o Frejat e dar início a essa terceira fase do Barão, mas sem mágoas ou ressentimentos”, comenta o baterista.

Decidir quem seria o substituto de uma voz e figura tão característica como Frejat poderia ser um desafio, mas Suricato virou quase uma unanimidade na banda com o sucesso dele ao participar do reality show Super Star, da Globo, em 2009. “Depois, o Maurício tocou com ele em um projeto da Nívea e ficou impressionado com o talento do rapaz. É um dos maiores fenômenos do rock nacional da década, sem dúvida”, analisa Goffi.

Segundo ele, antes de bater o martelo sobre o novo vocalista, o então baixista Rodrigo Santos se ofereceu para o posto, mas foi rejeitado pelo próprio baterista. “Ele queria cantar. Eu até acho que ele é bom, mas cantando solo, nos shows dele. Não daria para promovê-lo a vocalista. Queria um nome novo, que trouxesse um impacto para dentro da banda”, explica o músico. Com essa decisão, o Barão ficou também sem o baixista, que estava com o grupo desde o álbum Supermercados da Vida, de 1992.

Antes de gravar um disco inédito junto com Suricato, a banda fez um CD de regravações de sucesso em 2018 e caiu na estrada relembrando os maiores sucessos do Barão. Esse período foi uma espécie de fase de testes que assegurou a decisão de continuar na ativa. “Deu tudo certo de primeira. Então, entramos em estúdio e fizemos o CD, com todos participando das composições e sem convidados de fora, como nos trabalhos anteriores do grupo. É o primeiro material dessa nova fase, mas não será o único. Pretendemos, a cada dois meses, gravar um som novo de cada compositor da banda e soltar no streaming”, garante Goffi.

Em paralelo, o Barão volta aos palcos para atender uma demanda de fãs nostálgicos. De acordo com o baterista, a nostalgia também se estende aos músicos, que sentiam falta de sair pelo Brasil juntos e dividir o mesmo ônibus na estrada. “Músico não tem prazo de validade como atleta. Nossa idade não impede e nem é um problema para estar em turnê. E tem algo bom nisso de tocar junto, de tomar um uísque depois do show”, comenta Goffi.

Porém, se ainda há pique para estar na estrada depois de tantas mudanças, o baterista não esconde que o tempo foi implacável com as baixas que a banda enfrentou ao longo dos anos.

Além de Cazuza, que saiu em 1986 e morreu em 1990, em 2010 o Barão perdeu Ezequiel Neves, compositor e guru dos cariocas, e em 2016 Peninha, o percussionista. “A única coisa que não podemos interromper é a morte. Quando o Cazuza saiu, ficamos numa encruzilhada. Afinal, quem ia compor letras tão boas quanto aquelas? Foi quando eu tomei a frente e comecei a escrever, já que naquela época letra não era a praia do Frejat. Nós tínhamos e temos muita preocupação com o conteúdo lírico. O Cazuza me ensionou que, se for para escrever qualquer coisa, melhor fazer música instrumental. Além dele, tivemos o Ezequiel colaborando nessa área. E ele foi nosso guru, era um gênio. Mas tudo faz parte de uma história de quase 40 anos, como a nossa. É inevitável.”

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