Andréa Beltrão mostra a realidade de Hebe Camargo no cinema

Hebe Camargo é, junto com alguns outros nomes marcantes, um dos ícones da televisão brasileira. A apresentadora viveu o auge da mídia e soube cravar seus pés (sempre calçados com sapatos caríssimos) nos palcos e na história.

Mas para toda uma geração, nascida a partir do final da década de 80, ela se tornou apenas a senhorinha que apresentava um programa de entrevista gravado, às segundas-feiras e distribuia selinhos.

Para estes mais jovens, Hebe: a estrela do Brasil faz o fundamental papel de apresentar o lado engajado, politizado e atual do ícone que não conheciam.

O longa acerta ao escolher retratar apenas um período curto da vida de Hebe, e este acerto é ainda maior na escolha de qual seria este momento. Para trazer conflitos verdadeiros e a potência que a protagonista teve, poucoi interessa a origem em Taubaté ou o final da carreira na RedeTV. O miolo desta carreira, em que a estrela brilhou mais forte, é ideal para mostrar como as quebras e quedas podem ser tão intensas quanto a imponência frente ao auditório.

Para demonstrar que este filme é sobre a pessoa e não sobre a apresentadora, o diretor Maurício Farias não utiliza, em momento algum, as lentes das muitas câmeras que cercam a protagonista nos programas de TV. Sempre há um ângulo novo, “inédito”, para contar a história. Este esmero só reafirma e dá maior destaque ao que é mostrado da vida pessoal. Ao demonstrá-la como uma pessoa real, não mostrando nem mesmo quando ela conversa diretamente com os telespectadores, o realismo e a crueza do que ocorre por trás das câmeras e, principalmente, longe das emissoras machuca ainda mais o espectador.

Andrea Beltrão se transforma na apresentadora

E Andrea Beltrão se torna a intérprete ideal para estes dois lados. Em cena, toda a potência e verborragia; em casa, a fragilidade e doçura. O sotaque carioca marcante vai embora para abrigar trejeitos do caipirês, o largo sorriso e as piscadas nervosas da homenageada.

O único problema deste retrato é a quase idealização da imagem da apresentadora, sendo coroada pelo momento atual de direitos LGBTQI+. Apenas resvalando em momento polêmicos, como o apoio á campanha de Paulo Maluf, em favor de uma maior aproximação com personagens que possam sensibilizar este grupo. Nada de muito supreendente, já que a escolha por um retrato, de uma fatia da vida da apresentadora, nos é apresentada desde o princípio.

A icônica apresentação de Roberto Carlos

Todos os atores escolhidos para recriar a vida de Hebe trazem realismo e naturalidade para os papéis, interagindo de maneira natural com a estrela da TV. O único ponto de estranhamento é Daniel Boaventura como Sílvio Santos, talvez pela familiaridade que o rosto do representado ainda trás ou pela diferença em tamanho dos dois em quadro.

Tal qual a carreira da apresentadora, Hebe: a estrela do Brasil tem muito mais acertos do que erros, em que a mistura de um roteiro competente e uma direção inteligente fazem um ótimo retrato da época e, mais importante, da retratada. Mostrando o poder e a fragilidade de um dos ícones da TV, que mostrava empatia àqueles mal quistos pela sociedade muito antes de isso se tornar cool.

 

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