Juiz envia à Polícia Civil inquérito que corria no STJ

O juiz Jorge Luiz Tadeu Rodrigues, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, determinou que o inquérito referente ao esquema de interceptações telefônicas clandestinas, ocorrido em Mato Grosso durante o Governo Pedro Taques, seja encaminhado à Polícia Civil.

Os autos agora seguem para as delegadas Jannira Laranjeira Siqueira Moura e Ana Cristina Feldner, que investigam o caso.

O inquérito, que apura o esquema conhecido como “Grampolândia Pantaneira”, estava no Superior Tribunal de Justiça (STJ) desde 2017, após o ex-governador Paulo Taques pedir para ser investigado.

Com o fim do mandado de governador, Taques perdeu o foro por prerrogativa de função e os autos foam declinados à Justiça de Mato Grosso em março deste ano.

“Desta forma, ante o declínio de competência, proceda-se a distribuição do inquérito 1210/DF com urgência. Após, remeta-se à delegadas especiais designadas para dar continuidade às investigações relativas à operação cognominada Grampolândia Pantaneira”, determinou o magistrado na última quinta-feira (17).

Em depoimento dado à Justiça neste ano, o cabo Gerson Corrêa, que é réu em uma ação na Justiça Militar, afirmou que os “donos” do esquema de escuta ilegal eram o ex-governador e seu primo Paulo Taques, ex-secretário da Casa Civil.

O promotor de Justiça Mauro Zaque, que foi secretário de Segurança na gestão Taques, revelou também que chegou a avisar o então governador de que havia um esquema de escutas clandestinas montado dentro da estrutura do Governo.

Jorge Tadeu ainda determinou o envio para as delegadas dos bens apreendidos durante a Operação Esdras, em setembro de 2017.

A Operação Esdras desbaratou um grupo acusado de tentar obter a suspeição do desembargador Orlando Perri no caso dos grampos. À época, foram cumpridas sete ordens de prisão e quinze mandados de busca e apreensão.

Entre os presos, estavam Paulo Taques, o ex-secretário da Segurança Pública Rogers Jarbas e os coronéis da PM Evandro Lesco e Airton Siqueira.

“Quanto aos bens aprendidos, considerando que interessam à investigação, a qual ainda não foi concluída pela autoridade policial, remeta-se as caixas relacionadas na tabela anexa, com urgência às delegadas especiais”, determinou.

Na decisão, que é sigilosa, o juiz não detalha quais bens serão remetidos às delegadas.

Operação Esdras

A operação concluiu que o grupo teria montado uma estratégia para atrapalhar as investigações relacionadas aos grampos ilegais e obter a suspeição do desembargador Orlando Perri, que estava à frente do caso.

A operação só foi possível graças à denúncia do tenente-coronel José Henrique Soares, que havia sido cooptado pelo grupo, mas se arrependeu.

Ele entregou à Polícia Civil uma farda, em cujo bolso estava acoplada uma câmera, que seria usada para filmar o desembargador.

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