Deputado apresenta projeto de lei e colegas acham que será fim do mundo

O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) apresentou projetos de lei para proibir agrotóxicos à base de glifosato, neonicotinóides e 2,4-D em Mato Grosso.

Os projetos proíbem a produção, o armazenamento, a comercialização e o uso de agrotóxicos à base dessas substâncias, que são prejudiciais à saúde.

Por causa disso, o parlamentar alega que enfrenta dificuldades na Assembleia Legislativa para convencer os colegas.

Em entrevista ao Mato Grosso Mais, ele cita que alguns deputados chegam a ficar agoniados com a pauta.

“Tem deputado que arrepia o cabelo quando me ouvi falar que a gente quer proibir a utilização de determinados agrotóxicos. Eles levantam dizendo que o mundo vai acabar se a gente proibir esses venenos aqui”, argumentou.

Para o petista, o modelo econômico em Mato Grosso beneficia apenas alguns. Ele acredita que o Estado hoje tem uma grande exportação e essa exportação do agronegócio não paga impostos.

“… é um modelo de desenvolvimento que destrói o meio ambiente, que compromete a existência do cerrado, que avança em direção à floresta Amazônica. É um modelo que está comprometendo a vida no pantanal, é um modelo que está contaminando as águas, que está contaminando o solo, com o uso intensivo e exagerado de agrotóxicos, que adoece a nossa a nossa população, portanto é um modelo que precisa ser enfrentado e nós escolhemos depois de um debate coletivo essa pauta dos agrotóxicos para fazer um debate sobre todo esse modelo de desenvolvimento e de desse econômico que Mato Grosso tem”.

O glifosato, ou N-(fosfonometil)-glicina, é apontado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um possível carcinogênico, ou seja, substância causadora de câncer.

Por isso, o parlamentar apresentou o PL 898/2019 para proibir a substância em Mato Grosso.

O glifosato é largamente utilizado na agricultura em Mato Grosso para eliminar ervas daninhas.

Alguns produtos à base de glifosato são popularmente chamados de “mata-mato”.

“O glifosato é vendido como parte do pacote da soja transgênica. Como a soja transgênica é resistente ao glifosato, então ele derruba todo o mato, mas não derruba a soja”, explicou Lúdio. “Há 30 anos, a indústria do veneno dizia que o DDT não produzia mal nenhum, e o DDT está proibido no mundo todo. A avaliação de estudiosos é que o glifosato segue o mesmo caminho do DDT, porque é muito consumido”, completou o deputado.

Os agrotóxicos à base de 2,4-D, ou ácido diclorofenoxiacético, são classificados como extremamente tóxicos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), bastando uma pitada para matar uma pessoa adulta.

“O 2,4-D é um herbicida utilizado em pastos. É ingrediente do agente laranja usado na Guerra do Vietnã, com efeito nocivo à saúde das populações”, disse Lúdio.

Na justificativa do PL 839/2019, o deputado citou que a substância foi originalmente sintetizada para arsenal de armas químicas no período da Segunda Guerra Mundial.

“Contudo, ficou morbidamente celebrizada por integrar, junto com a tetraclorodibenzodioxina (2,4,5-T), o composto conhecido como ‘agente laranja’, despejado pelas tropas americanas para destruir as matas no Vietnã e, junto, matando militares e civis naquele país”, observou.

O PL 1065/2019 visa a proibir os neonicotinóides, inseticidas derivados da nicotina e associados à redução da população de abelhas.

Na justificativa do projeto, Lúdio cita estudos que associam os  neonicotinóides a danos ao sistema nervoso das abelhas e outros insetos essenciais à promoção da biodiversidade.

O uso de agrotóxicos à base de neonicotinóides em áreas abertas são proibidas na União Europeia desde abril de 2018. (Com assessoria).

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