Thiago Neves afirma que aceita jogar a Série B

Afastado do Cruzeiro desde a 36ª rodada do Campeonato Brasileiro e visto pela torcida como um dos vilões pelo rebaixamento inédito para a Série B, o meia Thiago Neves se pronunciou pela primeira vez, após a queda inédita.

O jogador, em entrevista ao canal Fox Sports, lamentou o descenso cruzeirense, afirmou que aceita reduzir seu salário e cumprir seu contrato – vai até o fim de 2020 – e revelou que foi consultado para atuar na última rodada, diante do Palmeiras, no último domingo, em partida que poderia livrar a Raposa.

Thiago Neves tem um dos maiores salários do Cruzeiro e contrato até o fim do próximo ano, com possibilidade de renovação por mais um se atuar por 42 vezes em 2020.

– Meu contrato vai até o final do ano que vem. Por mim, eu cumpro meu contrato independente de ter que jogar a Série B. A opção vai ser sempre do Cruzeiro, o Zezé que vai decidir, o presidente que vai decidir, o que eles acharem melhor, nós vamos sentar e conversar e a todo momento pensando no Cruzeiro, não quero pensar no Zezé, não quero pensar em ninguém, o que for melhor pro Cruzeiro, para mim tá bom. – disse o jogador.

Thiago Neves, que não atuou com o técnico Adilson Batista, disse que prefere não conversar com o gestor de futebol e presidente do conselho deliberativo, Zezé Perrella, por preferir falar com “pessoas mais honestas e justas”.

– Eu vi pouca coisa. O Zezé fala tanta coisa que não dá nem para saber o que ele falou o que ele não falou. Para ser bem sincero, eu prefiro nem conversar com ele, sento com outras pessoas que eu acho que talvez são mais honestas e justas e que eu respeito mais. Para ficar no Cruzeiro ano que vem eu toparia sim! (redução de salário).

O meia cruzeirense afirmou que sua permanência depende da presença de Zezé Perrella no clube mineiro.

– Até pelo que ele falou também. Até por ter colocado toda a responsabilidade em mim. Ele achou que ia chegar mudando o clube, dar um choque em todo mundo e não foi isso que aconteceu. Prometeram um tanto de coisa, pediram a saída do Itair, falaram que ia acertar salário, premiação, e não tiveram nada. Depois que entraram fica muito fácil. Quando que você está fora é muito fácil você xingar, julgar as pessoas. Quando eles entraram, não fizeram nada para mudar a situação. Nada (foi cumprido). Única coisa que foi feita foi a saída do Itair. Falaram que ia acertar tudo e não acertaram nada – afirmou o jogador.

Retorno em jogo do rebaixamento?

Thiago Neves ainda contou que foi procurado pela diretoria do Cruzeiro, por meio do diretor de futebol, Marcelo Djian. Segundo o meia, o dirigente questionou se ele poderia atuar diante do Palmeiras, no último domingo. O camisa 10 afirmou que sim, mas não teve mais retorno da diretoria.

– Não foi nem o Zezé que ligou, foi o Marcelo Djian e é mentira (que o jogador não quis atuar), eu topei jogar! Havia treinado a semana inteira, eu falei que ia jogar, ele (Djian) ficou de ligar mais tarde para dar reposta, ia ver com o Zezé, ver com os jogadores, não sei. Acabaram que não ligaram, eu tava pronto para jogar. Eu tava no Rio e qualquer momento viajava e me apresentava, 10, 11 da manhã, mas eu queria jogar domingo sim.

Elenco rachado?

Thiago Neves garantiu que o grupo estava unido, mas bastante abalado pela situação do Cruzeiro.

– Não! Por incrível que pareça o elenco tava todo mundo bem, abatido, abalado, mas rachado não! Em momento algum teve uma briga, uma discussão, nosso grupo sempre foi muito fechado. Mas nos últimos meses estava todo mundo de cabeça baixa, abalado mesmo.

Pênalti perdido

Na 35ª rodada do Campeonato Brasileiro, Thiago Neves teve a chance de marcar o gol contra o CSA, no Mineirão, que empataria a partida e deixaria o time em situação menos complicada.

Entretanto, o jogador perdeu e, logo depois, foi afastado. O meia negou que tenha chutado para fora intencionalmente.

– No pênalti do CSA, todo mundo acha que eu chutei para fora porque eu quis. Se fosse para fazer isso na minha vida, teria feito com um clube que eu gosto, o Fluminense, na Copa do Brasil. Eu nunca vou fazer isso. Peço desculpas pelo pênalti que eu errei, peço desculpas pelo evento que eu fui no domingo, no dia do jogo contra o Vasco. Tem várias erros que eu cometi que eu reconheço, mas também acho que não são certas coisas que vão atrapalhar minha história e as coisas que conquistamos juntos, eu, torcedores e outros jogadores.

Salários atrasados

Thiago Neves ainda foi questionado se os salários atrasados – atualmente o Cruzeiro deve duas folhas de pagamento aos jogadores – foi determinante para o rebaixamento cruzeirense. Segundo ele, foram os conjunto de problemas que fez a Raposa cair.

– Eu acho que não! Tá atrasado, atrapalha sim, mas na hora que você entra em campo você esquece tudo isso. O Edilson uma vez, em uma reunião, falou uma coisa que é verdade e todo mundo concorda: “ a bola pune”. As coisas quando fora de campo estão tudo (SIC) errado, em campo a bola vai bater na base e vai sair, as coisas estavam erradas com a diretoria, com jogadores e as coisas acabaram atrapalhando.

O que faltou?

O meia cruzeirense, que já está no Rio de Janeiro com os filhos, afirmou que faltou mais comprometimento dos jogadores no Campeonato Brasileiro no momento complicado do Cruzeiro.

– Eu acho que mais comprometimento, talvez. Quando a gente estava ganhando, campeão da Copa do Brasil todo mundo falava, “o grupo estava fechado”, estava unido e foi por isso que a gente foi campeão. Na hora que o bicho pegou, que ficou complicado, ninguém falava mais nisso, a gente não se fechou como deveria ser feito e acabou acontecendo isso.

Segundo o jogador, também não faltou liderança, mas sim ajuda dentro de campo. Ele reclamou das críticas concentradas a ele e Fred.

– Liderança não! Todo mundo falava, todo mundo tentou ajudar de uma forma ou outra, mas tinha gente que não nos ajudavam dentro de campo. Desde que o Rogério chegou, Rogério montou uma equipe com velocidade, botou a garotada para jogar, mas da forma que tava, com a pressão que estava, eles não iam segurar o rojão. Era um ou outro. Ai ficava muito fácil, quando o resultado não vinha, “o Thiago não faz gol”, “o Fred não faz gol há quanto tempo”, mas é que as outras peças não nos ajudavam. Acho assim, que os medalhões tentaram, fizeram de tudo.. Fábio, Dedé, a gente tentou, a gente conversou.. mas acho que a gente fez muita coisa errada e não foi só isso que fez com que o Cruzeiro caísse.

Relaxamento

Para Thiago Neves, os jogadores relaxaram após a eliminação do Cruzeiro nas oitavas de final da Libertadores e não se ligou completamente para a necessidade de levar a sério o Campeonato Brasileiro.

– Eu acho que no meu pensamento, depois que a gente classificou em segundo geral da Libertadores, a partir dai acho que houve um relaxamento de todos os jogadores. Fomos eliminados pelo River, mesmo fazendo um jogo bom em casa, quase que a gente tirou eles, a partir desse momento a gente estava mal no Brasileiro e o campeonato brasileiro você tem que respeitar. O Fábio sempre falou isso, “campeonato brasileiro você não pode deixar de lado, independente do que estiver acontecendo, a competição que você está jogando”. Tinha que ter feito a mesma coisa que o Flamengo fez, monta um elenco bom para quê poupar jogadores? Acho que planejamento foi errado e infelizmente aconteceu tudo isso.

Errou em poupar jogadores?

Ainda de acordo com Thiago Neves, a opção de mesclar o time em algumas partidas durante o Campeonato Brasileiro, principalmente quando o Cruzeiro estava disputando Copa do Brasil e Libertadores ao mesmo tempo, foi decisão conjunta de jogadores e do técnico Mano Menezes.

– Deixa eu corrigir então que vai botar a culpa em cima do no Mano, que é meu amigo. Planejamento sim de poupar um outro ate porque a prioridade era a libertadores. Mas a gente concordou também. Eu também alguns jogos queria ser poupado para jogar Libertadores. O erro não é só Mano, parte dos jogadores também. Ele sempre perguntava quem quer jogar, ou não.

O Cruzeiro foi rebaixado pela primeira vez na história no último domingo. O clube terá de fazer uma grande reformulação no grupo cruzeirense, com a provável saída de medalhões, como Fred, Thiago Neves e Edilson. As receitas vão passar de R$ 70 milhões para R$ 10 milhões em 2020.

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