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APÓS CASSAÇÃO

Disputa por vaga de Selma Arruda faz agronegócio "rachar" em MT

Jefferson Rudy /Agência Senado

A cassação da senadora Juíza Selma Arruda (Podemos-MT), conhecida como “Moro de saias”, e a convocação de uma nova eleição suplementar em Mato Grosso têm causado uma enxurrada de pré-candidaturas neste começo de 2020.

As articulações também provocaram disputas internas dentro de alguns partidos, segmentos e dentro do governo Mauro Mendes (DEM). Já são mais de 20 nomes colocados como possíveis candidatos.

O agronegócio, que tem como principal liderança no estado o ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi (PP), já não consegue unificar sua base em um único nome para a disputa.

A Juíza Selma Arruda foi cassada em decisão de dezembro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), por 6 votos a 1. A corte concluiu que houve abuso de poder econômico e captação ilícita de recursos durante a campanha de 2018.

O pleno do TRE-MT (Tribunal Regional Eleitoral) aprovará no próximo dia 22 a resolução que definirá as datas da eleição suplementar para ocupar a vaga dela, conforme estabeleceu acórdão do TSE. A proposta é que a eleição ocorra no dia 26 de abril.

A previsão da Justiça Eleitoral é que a despesa dessa eleição seja de aproximadamente R$ 9 milhões.

O governador Mauro Mendes ingressou com um pedido de liminar no STF (Supremo Tribunal Federal) para que Carlos Fávaro (PSD), candidato derrotado nas eleições de 2018, assuma temporariamente a vaga de Selma Arruda.

O principal argumento do governo é que a ausência de um senador provoca “quebra do pacto federativo em decorrência da perda de sua representatividade no sistema legislativo bicameral, bem como no desequilíbrio em relação aos demais estados da federação”, segundo documento do governo estadual no Supremo.

O PSD também entrou com um pedido semelhante e com os mesmos argumentos. Caberá à ministra Rosa Weber decidir sobre os pedidos.

Divisão no agro

A divisão das lideranças do agronegócio no estado de Mato Grosso se iniciou em 2018, quando Maggi não disputou a reeleição. Naquele pleito, três nomes foram colocados, e nenhum obteve êxito.

A força do agronegócio em Mato Grosso é tanta que desde 2002 o setor vem elegendo o governador, seja com um nome próprio seja com apoio.

Maggi chegou a colocar a divisão do setor como principal fator para a eleição da juíza Selma Arruda em 2018.

Quando o TSE confirmou a cassação dela e a realização de nova eleição, ele defendeu que líderes do agro se reunissem para definir uma única chapa. Porém, já desistiu de buscar a unidade do setor.

“Não vamos conseguir unir todo mundo. Tem muitos partidos querendo lançar candidatura para ganhar visibilidade para as eleições gerais das prefeituras. Então o agronegócio não conseguirá montar uma chapa única”, disse o ex-ministro à reportagem.

Atualmente existem seis pré-candidaturas que representaria o agronegócio: o deputado federal Neri Geller (PP), os ex-deputados federais Nilson Leitão (PSDB) e Adilton Sachetti (PRB), o ex-senador Cidinho Santos (PL), o vice-governador de Mato Grosso Otaviano Pivetta (PDT) e o ex-vice-governador Carlos Fávaro (PSD).

Cidinho Santos e Sachetti são afilhados políticos de Blairo Maggi e estão avaliando disputar a vaga. Ambos, no entanto, aguardam uma reunião com o padrinho para definir a situação.

Leitão, que é ex-líder do PSDB na Câmara, tem o aval do seu partido para disputar novamente a vaga. Em 2018, saiu derrotado em 4º lugar.

Pivetta entrou na disputa e busca apoio do grupo de Maggi, chegando a convidar Cidinho e Sachetti para a suplência.

Carlos Fávaro que via mantendo sua candidatura desde que o TRE de Mato Grosso cassou o mandato de Selma Arruda em abril do ano passado, passou a ter dificuldades de manter o seu nome na disputa, principalmente dentro da base aliada do governador mato-grossense.

O governador Mauro Mendes vinha mantendo o discurso de unidade e que pretendia repetir o apoio dado a Carlos Fávaro em 2018, quando terminou derrotado em 3º lugar.

Porém, tanto o vice-governador Otaviano Pivetta, quanto o Democratas são contra manter Fávaro como candidato do grupo.

Diante de uma crise interna, o governador decidiu mudar o discurso e dizer que só tomará a decisão de apoiar ou não uma candidatura quando o processo eleitoral for deflagrado oficialmente pela Justiça Eleitoral. “É um novo momento, um novo cenário. Temos que aguardar as definições para tomar as posições”, disse.

Se o DEM já vinha com fortes divergências por conta das eleições municipais envolvendo a capital mato-grossense, a disputa suplementar para o Senado aumentou o clima de racha no estado.

Isso porque o grupo do senador Jayme Campos (DEM) decidiu criar um movimento juntamente com o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), para a escolha de um nome para disputar a vaga deixada por Selma. Emanuel Pinheiro é o principal desafeto político do governador no estado.

á o grupo liderado por Mauro Mendes prefere apoiar ou indicar qualquer nome, desde que o prefeito não esteja no palanque. Entre os nomes do DEM estão os nomes de Júlio Campos, irmão do senador Jayme Campos e do suplente de senador Fábio Garcia (DEM).

Outros dois nomes que estão dispostos a disputar a vaga e buscarão apoio do presidente Jair Bolsonaro são dos deputados federais Nelson Barbudo (PSL) e José Medeiros (Pode).

Barbudo é próximo de Bolsonaro tem aguardado a deflagração do processo, mas já vem buscando apoio dos bolsonaristas para a disputa. Já Medeiros, que é vice-líder do governo federal na Câmara e do mesmo partido que Selma Arruda, tem mantido o discurso de que o Podemos só discutirá novas eleições, após o trânsito em julgado (fim dos recursos) do processo que cassou Selma.

Outros partidos também buscam lançar suas candidaturas ao Senado. Pela esquerda, PT, PC do B e PSOL já debatem internamente os nomes para a disputa. PSB, PV, Pros, Avante, PSC e Novo também têm pré-candidatos.

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