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Taques "rompe silêncio" e mira Grampolândia Pantaneira em membro do MP

Ednilson Aguiar

Exatos 1.007 dias desde que o escândalo da grampolândia pantaneira veio à tona, o ex-governador Pedro Taques (PSDB) vive sob a desconfiança da opinião pública em relação ao esquema.

Mesmo sem ser ouvido oficialmente no inquérito que apura se realmente seria o ‘dono’ do escritório clandestino para interceptar ilegalmente adversários políticos, Taques resolveu romper o silêncio e conversar com A Gazeta sobre a mirabolante história de espionagem.

Sendo direto, o ex-governador, ex-senador e ex-procurador da República quase implora para ser ouvido oficialmente pela força-tarefa da grampolândia e pelo Ministério Público. Aliás,

Taques faz questão de falar sobre o MP no caso. “Eu quero falar sobre isso, quando eu for ouvido, eu vou pedir ao senhor procurador de Justiça que um representante do Ministério Público se faça presente. Porque eu quero falar fatos a respeito de membros do Ministério Público”, afirma o ex-governador.

Pedro Taques diz compreender que o esquema de arapongagem gestado dentro da Casa Militar é grave e que de fato existiu. Ele garante que espera as respostas assim como toda a sociedade.

O ex-chefe do Palácio Paiaguás afirma que não poderia ter controle dos mais de 100 mil servidores do Estado para evitar qualquer irregularidade.

Porém, Pedro Taques questiona o fato de todos os militares envolvidos serem oriudos do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).

“E o cabo Gerson, que trabalhava no Gaeco durante 12 anos, ele assinava ofício para a Polícia Militar. E ninguém perguntou por que isso?”, questiona ao lembrar do cabo Gerson Corrêa, conhecido como ‘cabo cabuloso’ e que obteve perdão da justiça militar, além de apontar Pedro Taques e o seu primo, ex-chefe da Casa Civil, como ‘donos’ da grampolândia pantaneira.

“Eu quero expressar o meu respeito ao Gaeco. Aliás, como procurador da República, junto com o hoje, o desembargador Marcos Machado, ajudamos a montar o Gaeco”, lembra. O ex-governador também apontou os seus questionamentos ao seu ex-secretário de Segurança Pública, que é o promotor de Justiça Mauro Zaque.

Taques afirma que, ao ser comunicado por Zaque de que teria uma ‘quadrilha’ dentro do seu governo da época envolvida com grampos ilegais, solicitou que o mesmo protocolasse oficialmente.

Porém, segundo o ex-governador, Mauro Zaque foi, um dia depois de comunicá-lo do esquema, se reunir com o coronel Zaqueu Barbosa, que à época era o comandante-geral da PM de Mato Grosso.

“O então secretário de Segurança e promotor de Justiça, Mauro Zaque, ao invés de tomar as providências que eu pedi, ele imediatamente foi falar com o principal suspeito dele na época, e agora ao que consta condenado pela justiça militar, diz Taques dando tom de suspeitas.

O tal pedido citado por Taques foi encaminhado ao Gaeco e foi arquivado depois. “E não adianta falarem que não tem nada a ver, porque tem a ver sim. Porque nos autos já tem conversa e depoimento que fala que o senhor Mauro Zaque foi em Sinop como secretário de Segurança e lá ele junto com o coronel Zaqueu já sabiam do grampo. Está lá nos autos”, garante.

Taques cobra que essas informações sejam investigadas, já que segundo ele, o fato de o promotor Mauro Zaque ter enviado o pedido de investigação ao Gaeco, não impede do órgão de investigar o próprio membro do MP. Taques também acusa Zaque de prevaricação pelo fato dele só ter encaminhado a denúncia à Procuradoria Geral da República (PGR) em janeiro

de 2017, já que Zaque teria saído do governo em dezembro de 2015, por ver que o governador não tomaria providências com demissões dos supostos envolvidos na grampolândia. “No depoimento ele diz que deu um prazo pessoal. Mas promotor de Justiça não pode dar prazo pessoal. Promotor de Justiça tem que cumprir prazo legal. Porque eu tomei as providências, mas eu quero saber por que ele não tomou as providências”, insiste Taques.

Segundo o ex-governador, quando a PGR devolveu o processo para o Ministério Público afirmando que não tinha nada contra ele, Mauro Zaque teria pedido mais prazo para anexar provas contra Taques.

“O promotor de Justiça Mauro Zaque pediu para a PGR esperar para ele juntar outras provas. Por que ele fez isso? Se ele como promotor de Justiça não poderia me investigar, porque eu era governador. Tem documentos nos autos, email dele pedindo para a PGR esperar um pouco para que ele pudesse juntar outras provas contra mim”, denuncia.

Em relação à fraude no protocolo da Casa Civil, Pedro Taques diz estranhar o fato de o Ministério Público ter arquivado o pedido e passar a investigá-lo por denunciação caluniosa.

“A partir daí, eu virei investigado por denunciação caluniosa. Mas eles investigaram a prevaricação dele?”, volta a questionar. “Eu quero ser ouvido preso, solto, vivo, morto, mas eu quero ser ouvido. E quero que meu depoimento seja público. Porque o juiz Jorge Tadeu já afastou o sigilo. Apenas isso”.

OUTRO LADO

Procurado pela reportagem o promotor de Justiça Mauro Zaque afirma que adotou as providências legais de estilo, comunicando ao então governador (Pedro Taques) e, após, ao procurador-geral da República.

“Não externarei opinião quanto a eventuais provas pelo fato de que estão sob apuração e, ainda, não figuro como investigado. Nota-se, pois, que o sr Pedro Taques adota a postura clássica daquele que, não podendo enfrentar as provas colhidas nos autos, ataca quem denunciou todo o esquema”, disse por meio de nota.

“Sigo firme, tranquilo, de cabeça erguida, sem ter pelo que me envergonhar, acreditando nos trabalhos investigativos, no Ministério Público e no Poder Judiciário. Certo de que a Justiça, em breve, dará a inexorável resposta a que todos os cidadãos de Mato Grosso têm direto”, conclui.

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