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FARO DE GOL

Posicionamento e inteligência explicam gols do fenômeno Haaland

LEONARDO MIRANDA/GLOBOESPORTE.COM
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Ina Fassbender/AFP

O que o norueguês Erling Braut Haaland vem jogando é de impressionar até o mais cético torcedor ou aquele mais cuidadoso para afirmar se um jogador é bom mesmo.

Foi dele os dois gols do Borussia Dortmund contra o PSG, pelo jogo de ida nas oitavas da Liga dos Campeões.

Muitas características explicam essa média altíssima de gols.

Os 1,93m de altura fazem ele ter mais facilidade de vencer confrontos individuais contra zagueiros adversários.

Aos 19 anos, tem bastante velocidade e explosão para percorrer grandes distâncias em pouco tempo.

Esses preceitos foram explorados pelo técnico Lucien Favre, que armou um 5-4-1 contra o PSG, com Haaland na frente e Jadon Sancho, outro jogador de destaque, pelo lado esquerdo.

Já são dez em apenas sete jogos oficiais pelo Borussia e 39 só na atual temporada, desde agosto.

E inteligência. Muita, por sinal.

 No primeiro gol do Borussia, além de virar o corpo para escorar a bola para Sancho, Haaland faz toda a leitura correta do lance: começa a correr para frente da área quando a jogada cai pelo lado, e antes do passe do companheiro, faz uma corrida curtinha e rápida, em diagonal.

Ele quer chegar a um espaço livre e aproveitar que os zagueiros estão prestando atenção para outra região de campo.

Haaland se antecipa aos zagueiros — Foto: Leonardo Miranda

Leonardo Miranda

O segundo gol também é produto dessa inteligência ao se posicionar entre os zagueiros.

A construção da jogada é feita com dois passes. Antes de receber o passe, Haaland se posiciona com o corpo de lado num espaço que não apenas está livre, mas também está carente de vigilância.

Toda a defesa está olhando para a bola. Assim, quando recebe a bola, ele está livre para conduzir e escolher o que fazer. Como vê espaço e o goleiro adiantado, escolhe um chutaço que decretou o placar da partida.

No segundo gol, ele recebe a bola livre e acerta no ângulo — Foto: Leonardo Miranda

Leonardo Miranda

Não é só altura e velocidade. O centroavante vem se provando ser um exímio leitor do jogo com esse movimento em diagonal.

No tatiquês é o “desmarque de ruptura”: quando um jogador consegue se adiantar nas costas dos defensores, rompendo a linha e chegando na bola antes do que todo mundo.

Pelo menos seis dos dez gols de Haaland foram feitos assim. Contra o Union Berlim, ele consegue essa antecipação mesmo com uma cobertura.

O número 25, volante deles, gruda em Haaland justamente para que a linha de defesa fique ajustada na frente do gol. Mas ele começa a correr antes mesmo do seu marcador perceber que a bola pode chegar ali.

Haaland se antecipa mesmo com a defesa organizada — Foto: Leonardo Miranda

Leonardo Miranda

A vantagem de ter um jogador que se faz esses movimentos de ruptura é ludibriar a organização do adversário.

Todo mundo fica vendido: o zagueiro não consegue girar o corpo e marcar, os laterais não conseguem fazer a cobertura e o goleiro, que precisa sempre estar atento na trajetória da bola, jamais chegará naquela bola.

Nos gols feitos e perdidos, ele sempre está se desmarcando e procurando lugares sem vigilância dos seus adversários.

Outra vantagem do desmarque é oferecer linhas de passe ao time. Para atacar, quem está atrás precisa ver o companheiro livre e passar a bola o mais rápido possível.

Quando Haaland se desloca, automaticamente se torna a melhor opção de combinação, porque nenhum adversário está ali para interceptá-lo. Aqui ele faz o movimento de desmarque e pede a bola para Sancho, que acaba tocando pra outro jogador.

Haaland se desloca e pede a bola num espaço vazio — Foto: Leonardo Miranda

Leonardo Miranda

E aí entra o papel do coletivo: o talento de Haaland é complementando por um dos jogadores mais criativos do mundo, Jadon Sancho. Você pode estar se perguntando o que vem primeiro: é o Sancho que coloca a bola “com a mão” na área, ou é o Haaland que se antecipa? Os dois.

Tudo junto e ao mesmo tempo. O futebol é uma interligação de fatores e jamais o desempenho individual pode ser analisando sem o coletivo.

Haaland faz muitos passes que seriam bons se tornarem assistências, e também aproveita uma quantidade maior de jogadas do que outros centroavantes. Uma coisa alimenta a outra.

E é claro que parece fácil explicando…mas tente fazer na pelada. Você precisa saber exatamente quando o companheiro vai dar o passe para se antecipar e precisa tentar adivinhar ao máximo onde a bola chegará. É muito, muito difícil.

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