FOLHAMAX
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Relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que pode tirar o mandato de Abílio Junior (PSC) na Câmara Municipal, o vereador Ricardo Saad negou a existência de um complô da bancada governista para cassá-lo. Pelo contrário, teria utilizado sua experiência de dois mandatos para acolher o estreante eleito em 2016.
Em contrapartida, o mais popular opositor do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) teria ido longe demais com a live via Facebook acusando quatro colegas de ameaçarem-no de morte e em várias outras ocasiões, como nos episódios do HMC (Hospital Municipal de Cuiabá) e do Hospital São Benedito. “Eu fui um dos que mais o acolheram. Sempre orientei, avisei: ‘você é muito impulsivo, mude seu comportamento, não é assim’, mas ele nunca ouviu. O que é legislar? Não é só fiscalizar, é fazer projetos de lei que virem leis pro bem da comunidade. E Abílio não tem nenhuma lei. Eu, só agora este ano passado, apresentei 47 projetos de lei e quase tudo, 25, na saúde”, disse em entrevista ao Jornal do Meio Dia.
Saad respondia a uma provocação do apresentador o questionando quanto à suposta “importância” das “fiscalizações” de Abilinho, especificamente as remetentes à área de atuação profissional do relator, que é médico. “Eu fiscalizo a saúde, vou nos lugares e ninguém fala nada de mim. Não vou lá e filmo, vou lá, vejo o que tá errado, chamo o diretor e converso com ele. Meu estilo é esse. Não adianta eu ir lá bater. Talvez se ele fosse lá, fizesse essas lives dele sem mostrar a intimidade das pessoas, teria uma forma diferente de fiscalizar”.
Conforme o legislador, todo mundo cobra do outro o que recebe e o social cristão abusa, desde o começo do mandato, da exposição dos parceiros de Câmara. Outro ponto mais polêmico foi aludido pelo âncora com relação ao entendimento da população caso se confirme a saída do membro da Assembleia de Deus de uma suposta perseguição justamente porque Abílio apontaria os erros e malfeitos dos políticos. “Existe o desgaste, porque a população pode estar pensando nisso, mas existe outro desgaste: a maneira como ele fica agindo lá dentro, atirando na própria casa em si, nos vereadores, o dia inteiro. Leva coisa para denunciar nas quais ele e também está no meio. Então, pera aí, a conduta tá errada. Tudo que eu cobrei foi em cima do código de ética, do regimento interno, da lei orgânica do município”, pondera.
O tucano seguiu garantindo que tudo que está sendo cobrado de Abílio Junior é para deixar claro que a conduta de vereadores deve ser ilibada, proba. Até mesmo acima da conduta comum à sociedade de modo que todos devem estar 20% acima do que é considerado certo.
Conforme ele, há uma maneira mais efetiva de atuação para defender a saúde pública, convencendo os pares vereadores a votarem bons projetos por meio do convencimento, da argumentação. “Porque você sabe que ninguém faz nada sozinho. Vamos usar um argumento que talvez faça a população repensar: se fosse pelo Abílio, que usou uma lei minha, que proibia o pronto socorro funcionar sem estar totalmente acabado, quantos pacientes teriam morrido ou não teriam o atendimento que eles mereciam no HMC, por que? Ele foi lá, mas você viu a atitude dele lá na frente, com a polícia correndo atrás dele? Isso não é atitude de vereador, sinto muito”.
Seguindo nas críticas, o social democrata afirmou que foi várias vezes no HMC fiscalizar, mas nunca fazendo coisas com as quais não concorda, como filmar e expor, mas procurou o diretor da unidade, Alexandre Beloto Magalhães, mostrou as falhas e depois retornou para conferir se estas foram sanadas. “Essa é a minha função, não fazer o dia inteiro selfie, mostrar o que tá errado e gritar na rua. Não é isso”, disparou.
PERDÃO
Perguntado se não seria melhor repreendê-lo pelo que ele está fazendo ao invés de dar a pena máxima e cassá-lo, o médico vereador disse que não havia como mais, pois a live tornou-se falha gravíssima na medida em que não foi apresentado boletim de ocorrência e ele nunca quis sequer pedir desculpas a seus pares por uma falsa imputação de crime.
“Não levou bo, não pediu desculpa, porque se ele amanhã chegar no plenário e pedir desculpa por tudo que ele fez, tenho certeza que mais da metade dos vereadores vai pensar diferente e não votar a cassação dele, porque agora o voto é político. Resolveria ele ir lá e falar: eu me arrependo do que eu fiz, me deem mais uma chance. O que demonstra isso? Humildade e eu acho que ele não tem isso. O problema é que ele não para, se o tivéssemos suspendido por 30 dias, como manda o estatuto, ele não pararia. Eu conheço Abílio, ele nos atacaria ainda de forma pior”.