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CUMPRINDO DECRETO

Motoristas de ônibus barram passageiros sem máscaras em SP

Rovena Rosa/Agência Brasil

Motoristas de ônibus coletivo da capital paulista barraram a entrada de passageiros sem máscaras nos veículos na manhã desta segunda-feira (4).

Desde a 0h desta segunda, pessoas sem máscaras não podem circular por ônibus, trens do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), táxis e aplicativos de carona.

A medida, autorizada em conjunto pelo governador João Doria, e pelo prefeito da cidade de São Paulo Bruno Covas, busca reduzir o avanço no estado da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

São Paulo é o mais atingido no país pela doença, que já matou 2.627 pessoas e contaminou outras 31.772 no estado, segundo dados do ministério da Saúde divulgados neste domingo (3).

O motorista Erle Pereira Costa, que transporta passageiros do Terminal Parque Dom Pedro II, no centro da cidade, até Cidade Tiradentes, na zona leste, diz que vetou a entrada de quatro pessoas no percurso nesta manhã. “Um deles ficou mais enfurecido e disse pra mim: é ditadura agora? Eu só respondi que estava cumprindo um decreto”.

O colega de Erle, Douglas Souza, 52, também não deixou dois passageiros embarcarem no trajeto que faz até o Itaim Paulista, na zona leste. “Eles estavam sem máscaras e nem entraram no ônibus porque viram que eram os únicos desprotegidos”, disse. Os motoristas têm sido orientados a explicar aos passageiros sem máscara o decreto que os impedem de acessar os ônibus.

Cartazes fixados no para-brisa e nas portas laterais dos veículos também avisam que só podem embarcar pessoas que estão portando o item. Em casos mais extremos, os motoristas podem até acionar a Polícia Militar para fazer a retirada forçada de passageiros sem o equipamento de proteção.

No Terminal Parque Dom Pedro II, as máscaras ganharam os rostos da maioria dos frequentadores. Apenas moradores de rua que buscavam usar o banheiro ou um descanso nas cadeiras localizadas nas plataformas de embarque e desembarque eram vistos com o rosto à mostra.

A única exceção flagrada pela reportagem foi a irmã Teresinha, 69. Trajada por uma túnica azul royal da cabeça aos pés, a religiosa disse que tem circulado por São Paulo sem máscara na pandemia.

“As máscaras acumulam aquela sujeira ali. Dizem que elas precisam ser trocadas a cada 2h, mas pouca gente faz isso. Eu não uso”, contou.

A religiosa, que diz pertencer à igreja evangélica Testemunhas de Jesus Cristo, embarcou normalmente na Linha 2290, no Terminal Parque Dom Pedro II, até a região do São Matheus (zona leste). Levar pessoas sem máscara, a partir de agora, vai custar caro às empresas que fornecem o serviço de transporte na capital paulista.

Segundo a gestão Covas (PSDB), as companhias serão advertidas e multadas em até R$ 3.330 por dia para cada ônibus com passageiros flagrados sem o equipamento de proteção.

Em duas outras importantes cidades do estado, o uso obrigatório de máscara tem sido mais pontual. Em Campinas (96 km de SP), o equipamento é obrigatório nos serviços essenciais. Em Guarulhos (Grande SP), apenas os idosos que estiverem em estabelecimentos essenciais precisam utilizar o item de proteção.

Em capitais como o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a máscara também passou a ser exigida aos usuários do transporte público. O uso de máscara é uma recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) para pessoas que não apresentam os sintomas da Covid-19.

Estudos liderados por pesquisadores chineses mostraram que a maioria das infecções pelo novo coronavírus partiu de pessoas assintomáticas que, ao falar, poderiam expelir gotículas contaminadas no ar.

O item de proteção, portanto, funciona como uma barreira física e impede que as partículas maiores se espalhem no ar.

Projeto de lei que tramita na Câmara Federal quer estender a todo o território nacional o uso de máscara enquanto durar o estado de calamidade pública decretado por causa da pandemia do coronavírus.

De autoria do deputado Luciano Ducci (PSB-PR), o projeto prevê que a população utilize o equipamento nas vias públicas, no transporte público coletivo, nos estabelecimentos industriais e comerciais.

A fiscalização, segundo o texto do projeto, ficará sob a responsabilidade das administrações estaduais e municipais que poderão, inclusive, aplicar multa aos infratores.

Para valer, o projeto terá de ser aprovado na Câmara e seguir para votação no Senado.

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