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MONITORAMENTO

Ses divulga o 7º Informe Epidemiológico sobre a COVID-19

DA REDAÇÃO / MATO GROSSO MAIS
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Depto. de Geografia - UFMT

A Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde divulgou o sétimo Informe Epidemiológico sobre a COVID-19, que tem como objetivo monitorar o padrão de morbidade e mortalidade e descrever as características clínicas e epidemiológicas dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave – SRAG pelo Coronavírus-2019 em residentes no município de Cuiabá. O trabalho é elaborado em parceria com Instituto de Saúde Coletiva e Faculdade de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso. Neste informe apresentamos as informações desde a data da notificação do primeiro caso em Cuiabá até a 20ª Semana Epidemiológica, compreendendo o período de 14 de março a 16 de maio de 2020.

Nesses dois meses podemos ver o crescente aumento de casos da COVID-19 em Cuiabá. Os casos aqui apresentados, assim como os de Mato Grosso e do Brasil, referem-se a casos que são detectados pelos serviços de saúde. Contudo, pesquisas nacionais e internacionais mostram que o número real de casos pode ser ainda maior. Pesquisa realizada na semana passada estimou que no Rio Grande do Sul para cada caso registrado oficialmente, cerca de nove são subnotificados, tendo em vista, que cerca de 80% da população apresenta sintomas leves ou são assintomáticos e não procuram os serviços de saúde.

Desta forma, manter o distanciamento social, o isolamento de casos e a investigação de contatos, são as únicas ferramentas efetivas disponíveis para o controle da pandemia até o presente momento. Tais medidas conjuntas propiciam a redução do número de reprodução da infecção, o aumento do tempo de duplicação do número de casos, o retardamento do pico da epidemia, a redução no número de casos dentro de uma cidade e a consequente redução da demanda hospitalar e do número de óbitos.

Portanto, com o retorno de algumas atividades econômicas em Cuiabá, torna-se necessário fortalecer também as medidas individuais como estratégia para o controle da COVID-19. O uso de máscara é obrigatório e deve ser respeitado, pois elas servem como barreira mecânica à transmissão do vírus, impedindo ou reduzindo o contato dos indivíduos com aerossóis contaminados. Além disso, é necessário intensificar os cuidados de higiene pessoal, como lavar as mãos frequentemente, e evitar aglomerações, como eventos festivos, reuniões em bares e outros. Somente desta forma poderemos reduzir o número de casos e mortes.

Casos notificados de SRAG até 16 de maio de 2020

Em 16 de maio de 2020, cerca de 60 dias após o primeiro caso registrado de COVID-19 em Cuiabá, foram notificados em Cuiabá 727 casos suspeitos de Síndrome Respiratória Aguda Grave. Desses, 11,0% (80) aguardam o resultado do exame para COVID-19. Entre aqueles que se conhecia o resultado (647), 302 (46,7%) foram descartados por tratar-se de outras SRAG e 345 (53,3%) resultou positivo para COVID-19, sendo 265 residentes em Cuiabá (76,8%).

Verificou-se um incremento, na última semana, do número de casos em Cuiabá de pessoas residentes em outros municípios e que foram atendidas com SRAG pelos serviços de saúde da capital. Foram 237 casos de SRAG, correspondendo a 32,6% do total de casos notificados e 80 (23,2%) entre os casos de COVID-19 registrados em Cuiabá.

Casos confirmados de residentes em Cuiabá-MT de 12 de março a 16 de maio

Foram 265 casos notificados de COVID-19 em residentes em Cuiabá até 16 de maio, indicando crescimento de cerca de 45,8% (82 casos) na última semana ou 11,7 casos/dia, o dobro de casos diários observados na semana anterior (6 casos/dia). Até 16 de maio, dos casos de COVID-19 em residentes em Mato Grosso3, 31,7% foram de residentes na capital. A taxa de incidência foi de 43,1 casos/100.000 habitantes, bem mais elevada que a incidência em Mato Grosso (24,2/100.000 habitantes), contudo, muito inferior à taxa de incidência no Brasil que foi 110,9/100.000.  Desde a notificação do primeiro caso em 14 de março foram registrados dez óbitos por COVID-19 em Cuiabá, contudo sete eram residentes em outros municípios, sendo três de Várzea Grande, um de Chapada dos Guimarães e um de Querência e dois de outros estados brasileiros. A taxa de letalidade em residentes em Cuiabá foi de 0,8%, abaixo da taxa do estado (3,0%) e do Brasil (6,7%).

Entre os 265 casos confirmados de COVID-19 o primeiro caso notificado no dia 14 de março. Maior número de notificações ocorreu nas duas últimas semanas epidemiológicas (19a e 20a): 42 e 82 respectivamente.

O tempo médio entre a coleta de exames e a entrega dos resultados foi de 3,4 dias sendo cerca de 53% dos exames realizados pelo Laboratório Central de Mato Grosso (LACEN-MT). Destacamos que os testes rápidos são utilizados para triagem e não para diagnóstico, desta forma, esses não são de primeira escolha para o monitoramento de casos suspeitos, devendo ser avaliados em conjunto com a clínica e história epidemiológica. O uso sem critérios epidemiológicos pode representar risco, pois seus resultados podem ser falsos negativos. Neste sentido, Cuiabá optou por realizar, prioritariamente, o teste RT-PCR para indivíduos suspeitos e para contatos de casos confirmados de COVID-19, além de profissionais de saúde e segurança.

A taxa de internação no período foi de 24,2% com tempo médio de hospitalização de 6,1 dias. Entre os internados (64), dezoito fizeram uso de suporte ventilatório, sendo dois deles do tipo invasivo e 23 (36%) ocuparam leitos de UTI.

Entre os casos confirmados de COVID-19 residentes em Cuiabá (265) a maioria (60,4%) é do sexo feminino e metade (51,0%) era de cor/raça preta/parda. Somente onze indivíduos referiram ter viajado em período anterior ao início dos sintomas e desses seis para o exterior, evidenciando a transmissão comunitária no município.

A idade média foi 42 anos, sendo o mais novo com 1 ano e o mais velho com 102 anos. Cerca de 67% dos casos se concentra no grupo de 20 a 49 anos e os idosos representaram 10,6% (28) dos casos. Destaca-se o aumento dos casos em crianças (0 a 9 anos) com seis casos notificados, enquanto na semana anterior haviam somente dois. Ao analisar a taxa de incidência por faixa etária, observa-se a que a taxa mais elevada foi de 40 a 49 anos (73,5/100000 hab.), seguida por 50 a 59 anos (69,0) e 30 a 39 anos (67,2). Cerca de 60,4% dos casos tinham nível superior e profissionais da área da saúde representaram 14,3% dos casos confirmados.

Cerca de 28% (74) dos casos referiram comorbidades isoladas ou associadas, entre elas prevaleceram doença cardiovascular crônica (33), hipertensão arterial (26), diabetes mellitus (16), imunodeficiência (10), asma (10), pneumopatias (6), obesidade (3), doença renal crônica (3), doença neurológica (2) e doença hematológica crônica (1).

Os principais sintomas relatados foram tosse (163), febre (141), desconforto respiratório (102), dor de garganta (87), cefaleia (69), mialgia (76), diarreia (70), dispneia (70), perda do olfato (44) e perda do paladar (36).

Distribuição geográfica

Observa-se o aumento de casos em alguns bairros e a ampliação da distribuição geográfica dos casos de COVID-19 na capital, tendo em vista que dos 125 bairros da capital 80 (64,5%) registraram casos. Cerca de 43% dos casos encontram-se nos bairros Jardim Imperial (14), Morada da Serra (12), Centro (8), Jardim das Américas (7), Jardim Itália (7), Jardim Vitória (7), Dom Aquino (7), Duque de Caxias (7), Bosque da Saúde (6), Goiabeiras (6), Jardim Aclimação (6), Quilombo (6), Santa Rosa (6) e Coophema.

O último óbito por COVID-19 de residentes em Cuiabá ocorreu em 02 de maio e o primeiro em 15 de abril. Ambos eram do sexo masculino, brancos, idosos (63 e 70 anos), um com nível médio de escolaridade e outro nível superior; um deles apresentava cardiopatia, hepatopatia e obesidade e o outro era hipertenso. Ambos apresentaram sintomas como febre, tosse, dispneia, desconforto respiratório e diarreia; foram internados na UTI e necessitaram de ventilação mecânica. O segundo indivíduo permaneceu na unidade de terapia intensiva por 37 dias.

Por meio de modelos matemáticos que consideram a proporção de infectados e o número acumulados de casos, a previsão é que até 30 de maio Cuiabá terá registrado 345 casos de COVID-19. Em se mantendo a situação que nos encontramos, os resultados indicam que o número de pessoas infectadas deve continuar aumentando pelo menos até meados de outubro.

Reiteramos que não existe vacina para prevenir a infecção por COVID-19, tão pouco medicamento antiviral específico para seu tratamento, portanto a melhor maneira de prevenir a infecção é evitar a exposição ao vírus.

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