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DESCASO

No ‘Vale dos Esquecidos’, estradas pararam no tempo e prejudicam escoamento em Mato Grosso

A logística precária está comprometendo o desenvolvimento de dez municípios e quase 1 milhão de hectares em Mato Grosso. A reclamação é dos produtores da região nordeste do estado, conhecida como “Vale dos Esquecidos”.

O abandono das rodovias estaduais e federais causam a desvalorização da produção e o custo elevado do frete. “Esse é o primeiro atoleiro, daqui para frente tem mais quatro. Olha o prejuízo para o produtor, para o motorista. Está feio o negócio”,  reclamou um caminhoneiro.

Para a presidente do Sindicato Rural de São Félix do Araguaia, Daniela Caetano de Brito, tem faltado apoio político para resolver a situação. “Venho pedir sensibilidade para a nossa classe política para que garantam políticas públicas de infraestrutura para a nossa região. É chegada a hora de falar do descaso público, da omissão do poder público. Vocês precisam olhar para o nosso Mato Grosso, precisa olhar para o povo que produz e faz esse Brasil crescer”, disse.

Um dos alvos da cobrança é a BR-158, considerada o principal corredor para o escoamento da produção agropecuária da região rumo aos portos do Arco Norte do país. No trecho asfaltado, o desafio são os buracos e, na parte de terra, os riscos se revezam entre os atoleiros na época das águas e a poeira na durante a seca.

“São 130 quilômetros que deveriam estar prontos há muito tempo. Para podermos ir aos portos, também temos dificuldades onde o asfalto acabou. No ano passado, o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) disse que faria o maior esforço para que a BR-158 tivesse o seu trajeto normalizado”, comentou o presidente do Sindicato Rural de Vila Rica (MT), Anísio Junqueira Vilela Neto.

As principais rodovias estaduais da região também são alvo de reclamações, como as MTs 422, 424, 430, 437, 242, 109 e 322, a antiga BR-080. Segundo produtores, em algumas pontes de madeira, a situação é ainda pior.

“As condições permanecem as mesmas de 40 anos atrás. Não tem recursos ali do estado para a sua manutenção adequada frente à crescente atividade agropecuária, principalmente agrícola,na produção de grãos de soja e milho na região”, comentou o presidente do Sindicato Rural de São José do Xingú, Fernando Tulha Filho.Atoleiro estrada em Mato Grosso

Para o presidente do Sindicato Rural de Canabrava do Norte, Alessandro Pires, o descaso acaba pesando no bolso do produtor rural. “Sobra para o produtor rural arcar com o ônus do descaso, dos governos estaduais que se sucedem e pagar impostos como o Fethab e ficar com os prejuízos. No governo estadual sobra incompetência, sobram impostos e falta ação”, disse, revoltado.

Um desses agricultores que se sentem prejudicados pela má qualidade das estradas é Flávio Viana, de São José do Xingu. “Esta é a situação, sem condições dos caminhões passarem na MT-430. Tem buracos, valetas, atolando de poeira e buraco, estamos em plena colheita de safrinha e não temos estradas para escoar. Vemos caminhão subindo e quebrando, então essa é a nossa realidade aqui. Esse é um socorro que a gente pede, do ‘vale do esquecimento’. Infelizmente só tem recurso de onde tem voto”, reclamou.

Com a colheita de milho segunda safra praticamente encerrada, o agricultor faz contas para ver o que vai sobrar. Segundo ele, só com o frete, a despesa ficará na casa de R$ 190 a R$ 200 por tonelada, custo que desvaloriza o preço do produto em até R$ 7 por saca em relação a outras regiões do estado.

Atoleiro estrada em Mato Grosso

“Nós não temos estrada e o nosso produto vale menos. Olha isso aqui [diz apontando para máquinas para manutenção da estrada], olha as máquinas do estado. Isso aqui é uma máquina das máquinas que pagamos com o Fethab, só a sucata”, criticou.

Atoleiro estrada em Mato Grosso

Procurada pelo Canal Rural, a  Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra) informa que “tem formalizado e mantém várias parcerias com prefeituras, associações de produtores e consórcios intermunicipais  para manutenção e obras rodoviárias. Entre elas, reformas de pontes de madeira, construção de pontes de concreto, bueiros, restauração de rodovias  pavimentadas e serviços de melhoramento em rodovias não-pavimentadas”.

A entidade disse ainda que “necessita que seja indicado não apenas o motivo das reclamações, mas também quais os problemas específicos e quais  trechos das rodovias da região que necessitam de serviços de infraestrutura para que, não somente esses parceiros, mas as empresas que  prestam manutenção, possam realizar os serviços necessários”.

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