CANAL RURAL
[email protected]
A busca por alternativas que possam diminuir o impacto dos agrotóxicos e eliminar esses compostos que acabam depositados na natureza motivou pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da Universidade de São Paulo (USP) a estudarem bactérias do gênero bacillus, extraídas da superfície das folhas da laranja.
Eles descobriram que esses microrganismos produzem enzimas capazes de biodegradar dois pesticidas muito utilizados na agricultura brasileira: a bifentrina e o fipronil.
Como as bactérias habitam o mesmo ambiente onde os produtos químicos são aplicados e, mesmo assim, se mantêm “vivas”, a hipótese dos cientistas era de que elas conseguissem eliminar os agrotóxicos. Para comprovar a teoria, eles realizaram inúmeros testes no IQSC.
Diversas espécies de bacillus extraídas de folhas de laranja de uma plantação em Tabatinga (SP) foram colocadas em frascos que continham pequenas amostras dos agroquímicos.
Após cinco dias de experimentos, alguns resultados chamaram atenção: a bactéria bacillus amyloliquefaciens conseguiu biodegradar 93% do fipronil, enquanto a bactéria bacillus pseudomycoides eliminou 88% da bifentrina.
“Essa atividade dos microrganismos representa uma importante função ambiental de remediação desses produtos,” afirma Juliana G. Viana, autora do trabalho e doutoranda pelo IQSC.
Juliana também testou como seria o desempenho de grupos de bactérias do gênero bacillus atuando juntas contra os agrotóxicos. Oito linhagens dos microrganismos, de diferentes espécies, foram colocadas para reagir com os produtos químicos e alcançaram uma degradação de 81% do fipronil e de 51% da bifentrina.
Segundo explica o professor André Porto, do IQSC, que orientou o trabalho, quando as bactérias estão em conjunto, pode haver competição por espaço e nutrientes, “desviando o foco” do combate aos pesticidas. Isso de certa forma justifica a taxa de biodegradação um pouco inferior ou mais lenta nos testes com bactérias trabalhando em equipe.