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DE MT PARA O MUNDO

Convocada para jogos na China, atleta de Cuiabá pede ajuda

Selecionada para participar da Universíade 2021 na China, a atleta cuiabana de kung fu, Brenda Silva Santos, de 22 anos, decidiu fazer uma “vaquinha” virtual para arrecadar os R$ 16,8 com os quais pretende cobrir os custos da viagem.

Organizada pela Federação Internacional do Desporto Universitário, a Universíade 2021 deve acontecer entre os dias 9 e 25 de agosto na cidade de Chengdu.

Quando começou a praticar kung fu na academia dos pais – que também são atletas da mesma modalidade – na Capital, logo Brenda se viu apaixonada pelo esporte. De início, um dos objetivos era usar o agasalho da seleção brasileira. O sonho foi conquistado alguns anos depois. Mas como Brenda afirma: “ser atleta no Brasil é uma luta”.

Com a falta de patrocínios e impossibilidade de arcar com os gastos financeiros das competições, aprendeu desde cedo com a família a lutar pelo que queria.

“Meus pais sempre me deram apoio, sempre me incentivaram a fazer o que gosto e seguir meus sonhos. Cresci assim, aprendendo que tenho que batalhar pelas coisas que quero. Hoje já viajo sozinha, mas quando era mais nova, um deles sempre ia comigo, então era gasto duplo. Mas eles sempre estavam ao meu lado, nunca falaram que eu não conseguiria. Aprendi a correr atrás”.

Quando recebeu o convite para integrar a seleção brasileira que vai ao campeonato na China, foi impossível Brenda não ponderar que 2020 foi um ano díficil para família. Por conta da pandemia, eles ficaram alguns meses com a academia fechada.

Ela chegou a cogitar não participar do evento, mas em uma conversa, a família combinou que eles ao menos tentariam levantar o valor necessário para a viagem.

“Não sabia se daria esse ano, porque seria muito difícil conseguir esse valor. Meu pai pensou e disse: ‘Brenda, vamos tentar. Sempre tentamos e não vai ser dessa vez que não vamos correr atrás’. Se não der certo, sei que nos esforçamos. Mas estamos correndo atrás e vamos conseguir”.

Do valor, Brenda conseguiu arrecadar R$ 2.440. Neste mês, porém, ela precisou arcar com uma taxa de 200 euros (cerca de R$ 1,3 mil) para confirmar a participação no evento.

A atleta ainda terá gastos com passagem, alimentação e outros custos da viagem.

Única selecionada em Mato Grosso

Brenda nunca havia participado da Universíoade e sequer sabia como se daria a realização e as seletivas do evento em meio a pandemia da Covid-19. Foi pega de surpresa quando recebeu a notícia de que estava entre os oito brasileiros convocados – a única de Mato Grosso.

Ela conseguiu ser selecionada pelo ranking de desempenho nas competições. A atleta compete no Wushu Taolu, que é a parte de rotinas do kung fu. O Taolu não é apenas arte, mas esporte com regras de competição, formado por lutas coreografadas.

No caso de Brenda, a performance conta com uso de espada. Na avaliação, aspectos como qualidade de movimentos e coreografia são levados em consideração. Equilíbrio, coordenação de golpes, angulação e altura dos saltos também fazem parte do conjunto da exibição.

“Quando recebi a notícia, pensei que precisaria arcar com todos os custo, porque não teremos apoio esse ano. É um evento muito grande, provavelmente o mais perto que vou chegar de uma Olimpíada. É um dos maiores eventos do Mundo em estrutura. São várias modalidades e atletas do Mundo inteiro. No meio desses oito atletas que se destacaram, há uma mato-grossense. E isso, para mim, já tem um valor muito grande. Batalhamos para levar o nome de Mato Grosso nos eventos mais importantes de kung fu”.

Brenda já representou o Brasil em diversos eventos internacionais

Para Brenda, todos os campeonatos de que participa são “como batalhas” por conta da incerteza financeira.

“Luto muito para participar. Sempre vamos atrás de todos os tipos de ajuda. De empresas e colegas, mas a vaquinha é algo que facilita muito porque pessoas do Brasil todo podem me ajudar. Outras pessoas que são praticantes ou que me conhecem pelas redes sociais podem me ajudar”.

Trajetória no kung fu

Brenda cresceu assistindo às aulas de kung fu ministradas pelos pais e, para ela, foi natural quando percebeu que gostava de treinar. Enquanto crescia, a jovem ia aprendendo um pouco mais sobre o esporte, até que começou a frequentar as aulas como aluna.

Naquela época, olhava para atletas de alto rendimento e desejava ser como eles. Com 14 anos, foi convidada para participar de um Pan-mericano no México.

“Desde então não parei mais. Entrei na seleção brasileira e represento o País desde então. Participei de vários Pan-americanos e Sul-americanos. Também já fui chamada para mundiais durante a adolescência”.

Brenda afirma que não se imagina em outra profissão e define o kung fu como parte de sua vida. Caso precisasse deixar as competições, se tornaria professora ou atuaria, de alguma forma, em prol da arte marcial.

“Faz parte dos meus sonhos e dos meus objetivos. Tudo que faço está ligado ao kung fu, não consigo mais me ver totalmente longe. É algo que vou levar para o resto da minha vida”.

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