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TERRITÓRIO CRIATIVO

Instituto INCA vai inventariar os quintais da cultura popular cuiabana

DA ASSESSORIA / BEATRIZ SARTUNINO
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Emanoele Daiane

Você conhece algum quintal da cultura popular cuiabana? O Instituto INCA-Inclusão, Cidadania e Ação está fazendo uma imersão no mundo mágico dos quintais de Cuiabá, com a prática de saberes, ofícios e celebrações da cultura popular de “tchapa e cruz”, seja com a religiosidade, atividade recreativa ou socioeconômica. E começou pelo quintal da ceramista dona Julia Rodrigues, no último sábado (24.04), em São Gonçalo Beira Rio.

O projeto “Quintais da Cultura Popular Cuiabana” tem como objetivo realizar um mapeamento diagnóstico e inventário de 10 quintais de cultura popular da cidade de Cuiabá, incluindo as regiões urbana e rural.

A proposta é criar e fortalecer uma rede dos quintais, com políticas públicas para o segmento, para que tenham ações que promovam a manutenção e sustentabilidade dos quintais, além de divulgar e reconhece-los como território criativo. Também objetiva reativar quintais sem atividade e estimular a participação da comunidade, sobretudo os mais jovens, realizando ações de formação e engajamento.

A definição do projeto para o quintal da cultura popular está pautada em um “ambiente de sociabilidade festiva que guarda a memória de manifestações culturais tradicionais e práticas religiosas que são transmitidas de geração para geração, agindo também como um espaço de renovação espiritual e afetiva e trocas de saberes”.

E porque iniciar a pesquisa em um quintal de cerâmica? A produtora executiva do projeto, Poliana Queiroz, explica que a decisão de iniciar o processo por um quintal de cerâmica tem justamente o objetivo de registrar a ampla variedade de saberes, ofícios e celebrações que existem nos quintais cuiabanos, não apenas centradas nas práticas do Cururu e Siriri, muito embora guardem uma estreita relação.

QUINTAL DA DONA JULIA

“A primeira visita foi mágica. Uma mistura de emoção, ansiedade e medo, afinal o vírus (Covid-19) nos ronda e, para cada visita, a equipe precisa desenhar uma nova metodologia. Como sempre tenho dito está sendo um grande desafio! As pessoas querem ser ouvidas, mas estão com medo. Dona Júlia nos levou para uma viagem profunda em sua (e nossa ancestralidade) revelando as sete gerações que antecederam sua caminhada”, relata Poliana.

Dona Julia proporcionou à equipe de pesquisa muita emoção, com sua história pessoal de vida e, principalmente, por sua fé inabalável atrelada a paixão pelo barro e seu ofício.

“Dona Júlia, o que é o barro para a senhora? Ela respira fundo, e com lágrimas nos olhos diz: O barro é tudo!”, contextualiza a produtora executiva.

Estar com dona Julia, em seu quintal, foi apaixonante. Uma experiência necessária de ser repassada, uma prova de que os quintais da cultura popular cuiabana precisam ser resguardados e consumidos por toda população, que entenderá todo o significado sobre o conceito de que “quem come a cabeça de pacu não sai daqui”.

Além do quintal de dona Julia, outros dois foram visitados no mesmo dia: da irmã de Julia, dona Cleide, que também tem a prática da cerâmica e feitura do bolo de arroz, e já realizou a festa de São Gonçalo em seu quintal; e da dona Nilce, que é a tia de Julia e abriga o santo padroeiro em sua casa. Ambas são vizinhas uma da outra.

AS VISITAS

O projeto está utilizando como base o conceito de lugar, definido pelo Manual do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) e elaborado pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Segundo esse documento, a definição de lugar se refere a: espaços apropriados por práticas e atividades de naturezas variadas (exemplo: trabalho, comércio, lazer, religião, política, etc.), tanto cotidianas quanto excepcionais, tanto vernáculas quanto oficiais.

As visitas serão realizadas sempre aos sábados por uma equipe de professores, pesquisadores, com o auxílio de estudantes de Geografia, História, Ciências Sociais e Turismo, selecionados por meio de edital de contratação realizado pelo Instituto INCA.

No dia 01 de maio será visitado o “Quintal do Grupo Voa Tuiuiú”, localizado no bairro Residencial Itapajé, na região Sul de Cuiabá, conhecido por mobilizar todos os moradores para a festa de Santo Expedito, que acontece anualmente.

O RESULTADO

 

Além do levantamento de dados, catalogação, inventário patrimonial e diagnóstico de cultura nesses lugares, por meio de questionário e registro de foto e vídeo, o projeto “Quintais da Cultura Popular Cuiabana”, visa produzir um e-book e realizar um fórum com líderes desses espaços, com palestras sobre Patrimônio Cultural e Economia Criativa e propor políticas públicas para o setor aos governos Municipal e Estadual.

O projeto é uma realização do Instituto INCA, patrocinado pelo Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), via emenda parlamentar do deputado estadual Dilmar Dal Bosco, com apoio da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) e Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e parceria do grupo Caleidoscópio da UFMT.

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