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CPI DA COVID

Teich afirma que pediu demissão por divergências sobre cloroquina

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid ouve, nesta quarta-feira (5/5), o depoimento do ex-ministro da Saúde Nelson Teich. Esta será a segunda oitiva do colegiado, que nessa terça (4/5) recebeu o também ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.

Antes de entrar para sessão, o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que faria “poucas perguntas” ao ex-ministro.

“Teich passou muito pouco tempo [no governo], mas talvez tenha sido o que mais confrontos teve com o governo, quanto ao negacionismo. Acho que vai ser do mesmo nível [do Mandetta]”.

O oncologista teve uma passagem curta pelo Ministério da Saúde e deixou a pasta após 29 dias de trabalho. Mandetta, por outro lado, falou durante sete horas.

“Sem liberdade para conduzir o ministério de acordo com as minhas convicções, optei por deixar o cargo”, disse Teich aos senadores. O ex-ministro afirmou que o desejo do governo de ampliar o uso da cloroquina o fez pedir demissão, o que “refletia uma falta de autonomia, de liderança”.

A sessão teve início com uma homenagem ao humorista Paulo Gustavo, morto em decorrência da Covid-19 nessa terça-feira. Os senadores do colegiado fizeram um minuto de silêncio.

A Renan Calheiros, Teich afirmou que não participou da decisão sobre a produção de cloroquina, medicamento sem comprovação científica contra a Covid-19, pelo Exército brasileiro. Segundo ele, nenhuma decisão passou pelo Ministério da Saúde.

“Não participei disso, se aconteceu alguma coisa foi fora do meu conhecimento. Eu tinha uma posição clara em relação a qualquer medicamento, não sou a favor ou contra qualquer medicamento. Mas não fui consultado sobre isso”, respondeu.

Ele também negou ter conhecimento sobre a distribuição de remédios do Kit Covid a comunidades indígenas. “Nunca me foi passado de que estava havendo a distribuição de cloroquina. Se aconteceu sem eu saber, pode ter acontecido. Mas nunca com a minha orientação, minha orientação era contrária”, afirmou.

Nelson Teich negou, no entanto, que sofreu pressões do presidente para exercer o cargo. “Eu ia fazer o que tinha que fazer, fizesse ele [Bolsonaro] o que fizesse. Minha única questão era se eu teria autonomia. Não tinha coisa que ele fizesse que me pressionasse. É simples assim”, garantiu.

Sobre as medidas de isolamento adotadas durante a pandemia, Teich afirmou aos senadores que até mesmo o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello desconhecia a decisão do presidente Jair Bolsonaro de incluir academias, salões de beleza e barbearias como atividades essenciais à população, o que fez com que elas pudessem voltar a funcionar durante a emergência de saúde pública.

“Pazuello não sabia. Pela reação dele, ele não sabia também. Minha impressão é essa”, disse.

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