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RAFAEL CAMPOS

O novo futuro mato-grossense: Potência econômica da indústria do entretimento

Do futebol que desperta atenção hoje aqui no centro da América do Sul até o do século XIX na Inglaterra, onde o jogo ganhava seus primeiros contornos, o sentimento deste esporte une o tempo e o espaço em tons de esperança e contemporiza pessoas de todas as idades, classes sociais e ideologias.

O esporte trilhou uma longa jornada, sem nenhum tipo de glamour e com poucos holofotes até chegar ao patamar atual. Bife, Almiro, Jaburu, JK, Jonil, Ruiter, Luis Carlos Beleza, Ariel, Saldanha e tantos outros que foram à época, estrelas, não puderam ter seus olhos brilhando com as torcidas apaixonadas e vibrantes dos times mato-grossenses que enchiam os estádios passando em diversos canais de televisão, que alguns têm hoje.

Entretanto, ainda hoje, vivenciamos o futebol de forma conservadora e tradicionalista em nosso estado, onde o sinônimo de sucesso é a taça ou o pertencimento à elite do futebol. O pensamento ainda gira em torno de conceitos como “peso” de camisa, tradição, história, entrega e dedicação. Todos ótimos pontos para formação de um clube, mas será que ainda determinantes?

Dentro deste espectro, é comum termos o pensamento que insiste em achar que salário em dia (coisa comum em qualquer profissão, mas que no futebol contam como vantagem), chuteira de qualidade e bola de primeira linha em um campo qualquer é mais do que suficiente e, por isso, jogador que ganha “tudo isso”, deve passar por todas as mazelas que a profissão exige já que “só treina e joga”. Às vezes ainda opinamos que “jogar em Mato Grosso não dá futuro”, ignorando todas as vertentes que o negócio produz.

Buscando sempre evoluir, mas motivados pela paixão e pelo sonho, nossos clubes que nasceram desse mesmo embrião, se desenvolvem sob a ótica do amadorismo na administração de um esporte que se transformou em espetáculo de excelência profissional. Vivemos o dilema: como gerir de forma amadora e apaixonante um negócio que pode gerar frutos bilionários e de alto nível e rendimento?

Assim, buscando estancar todos esses pontos, para enfim ter recursos para gestão, buscam no empresariado a solução para patrocínios e investimentos. Sejam eles locais ou extraterritoriais. Seja através dos famosos “jogadores a custo zero”, dos jogadores amadores ou apoio com verbas que possam apenas custear a manutenção dos atletas. Alguns torcedores, entendem que isso tira toda a identidade do clube e, por isso, não se deve fazer. Outros antigos apoiadores, entendem que já apoiaram tudo o que puderam e não querem mais “mexer com isso”.

Entretanto, para que esse aporte financeiro seja alojado, resgate identidade e sensibilize os empresários, os clubes têm profissionais preparados para receber isso? Existe um organograma desenvolvido para que os clubes sejam manejados como uma empresa que gera lucros? Como transformar um clube em um ativo para todos os envolvidos?

Rechaço a ideia de que a transformação em um clube empresa seja a única salvação. Mas diante do sucesso de várias empresas de nosso estado, ter uma organização deste tipo, não seria nada mal. Queimar e adaptar algumas etapas que no mundo empresarial seria absolutamente normal, causa estranheza na esfera esportiva.

E é justamente nesse ponto que os clubes patinam. Nossos clubes divagam na ideia de que são clubes sociais, instituições sem fins lucrativos. Apenas glórias, vitórias e que, através disso nossas jóias/jogadores irão para um “grande centro”. Assim, naturalmente, quando existe a busca pelos fins econômicos de forma oculta, resulta num cenário de clubes endividados e falidos.

Passamos por um momento jamais imaginado outrora. Recebemos uma Copa do Mundo, uma Copa América, temos um clube na série A e uma economia que cada vez mais atrai investidores. Cito um mestre do entretenimento desportivo que resume o que toda essa ideologia significa hoje: “A indústria do esporte passa por uma transformação estrutural profunda. Não se trata mais apenas de uma simples manifestação cultural ou social, mas sim de uma atividade econômica da indústria do lazer e entretenimento”, é o que salienta o ilustre Marcos Motta.

Partilhando disto, é que nossa sociedade mato-grossense de futebol deve tomar como base e estruturar todas as oportunidades que surgem. Existem inúmeros profissionais que sequer conseguem se encontrar no meio desportivo, julgam que não há “espaço”. Mas esta área detém um potencial empregador enorme, pois movimenta todo o setor econômico.

Atualizar e criar departamentos específicos, tornou-se algo extremamente intrínseco. Jurídico, marketing, análise, departamento médico, etc., padecem de fomentação, já que através dessas competências é que se demonstra o quão sério e desenvolvido é um clube de futebol, potencializando a captação de eventuais patrocinadores, o que, consequentemente refletirão em resultado positivo dentro de campo, agregando valor aos parceiros, investidores, clube e região.

São conceitos relativamente novos para o nosso futebol no estado, consumidores ávidos do produto e da paixão futebol como nos acostumamos a ver por aqui.

Refletir e mencionar esse pensamento enraizado de gestões sem profissionais específicos, provoca uma iniciativa que pode gerar grandes frutos econômicos movimentando mais ainda o que já se deu início em nossa federação, deixando um legado para tão rica história de nosso futebol.

Portanto, digo sem medo de errar: história é diferente de memória.

O que deixaremos de história no futebol mato-grossense do século XXI, pra sermos lembrados na memória das próximas gerações?

Rafael Campos é sócio proprietário da BDL Sports, empresa de intermediação de atletas, negócios desportivos e do entretenimento

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ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO

  • 9 de julho de 2021 às 11:50:41