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MOMENTO FAVORÁVEL

Com preços em alta, cafeicultura atrai pequenos produtores em MT

Arquivo IPÊ

Com preços em alta e atraindo cada vez mais pequenos produtores, a cafeicultura vive momento favorável em Mato Grosso. O estado tem aproximadamente 16.500 hectares de área plantada e quatro mil cafeicultores. Os dados são da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer).

A cafeicultura é destaque em municípios como Colniza, Rondolândia, Cotriguaçu, Juína e Aripuanã – que juntos somam mais de 2 mil produtores. Porém, também há cultivo do grão em outras localidades, como Tangará da Serra.

A produção de café no estado começou a ser revitalizada a partir de 2015, quando foi firmada parceria da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) e a Empaer do estado de Rondônia, que foi a que iniciou o cultivo do café clonal – nessa forma de propagação é realizado o clone do broto de um pé já produzindo, em vez de se fazer muda a partir de uma semente.

“Esse café tem manejo diferenciado em relação ao café de semente. E Rondônia foi quem validou os primeiros clones, e com eles foi feita a capacitação dos técnicos da Empaer de Mato Grosso”, disse Thiago Marim, engenheiro agrônomo da Empaer mato-grossense.

A revitalização da produção começou na região Noroeste mato-grossense, que antigamente teve a cultura do grão e onde há condição climática favorável ao cultivo, por se tratar de uma área mais amazônica. Desde então, já foram plantadas mais de 1 milhão de mudas de café. Somente em Colniza, são 11.500 hectares.

A espécie cultivada em solo mato-grossense é a Coffea canephora, na variedade Conilon/Robusta. A produção local é de em torno de 60 sacos por hectare. Além do manejo diferenciado em relação ao café de semente, outra característica do café clonal é que não há necessidade de muito espaço para o cultivo – em cada hectare cabem até 3.300 pés. No estado, cada produtor tem, em média, 2,5 hectares de área plantada.

A lavoura de café do sítio de Edmar Mutz, em Colniza, fica um pouco acima dessa média: são cinco hectares que têm 14 mil pés produzindo. No ano passado, a plantação chegou a dar 140 sacas por hectare. Para 2022, a expectativa é de uma safra ainda maior.

“Quero plantar mais 15 mil pés”, disse o agricultor, cuja família já produziu café no Espírito Santo e em Rondônia.

Em Colniza, Mutz e um irmão começaram com 10 mil pés, em 2018, e já plantaram outros 10 mil. Na propriedade rural também são plantados milho, mandioca, batata e banana. “A gente mexe com isso porque gosta, é com o que gente trabalha desde menino”, acrescentou.

Em Tangará da Serra, há 20 produtores com pequenas lavouras de café. Lá chegaram a ser plantadas cerca de 150 mil mudas de café clonal, mas alguns produtores desistiram da lavoura. Para este ano, a Secretaria Municipal de Agricultura reservou outras 40 mil mudas com a Secretaria de Estado de Agricultura, cuja entrega está prevista para dezembro deste ano.

“A procura tem aumentado devido ao alto valor da saca, que viu os preços subirem devido principalmente aos efeitos da estiagem e de geadas nos estados brasileiros que são grandes produtores do produto”, disse o secretário de Agricultura do município, Rogério Rio.

O secretário destaca que a pasta municipal tem a intenção de qualificar os técnicos e proporcionar aos produtores mais conhecimento sobre a cafeicultura e atualização sobre novas tecnologias.

“Queremos levá-los aos lugares que estão mais organizados com produção, colheita e comercialização. Em Tangará, há poucas máquinas que limpam o café, não tem nenhuma máquina móvel, por exemplo”, explicou o secretário, que também é produtor e cujo apelido é Café.

Preço da saca e perfil do produtor

De maneira geral, a cafeicultura em Mato Grosso é acompanhada por outra cultura, não sendo a produção principal.

“Geralmente, eles têm leite, gado de corte e uma roça de café. Nos assentamentos, que têm áreas maiores, de até 50 hectares, existe o café e outras atividades. O café é usado para complementar renda”, disse Marim.

O setor está otimista: a saca de 60 kg de café limpo é atualmente vendida por aproximadamente R$ 500. Em 2020, a média de preço era de R$ 330. “O preço que nunca esteve tão bom quanto neste ano”, disse Marim. O grão é comercializado majoritariamente no mercado interno.

Mais mudas

Dando continuidade ao processo de revitalizar a cafeicultura, o governo de Mato Grosso deve distribuir 1,5 milhão de mudas do grão neste ano, sob responsabilidade da Seaf. À Empaer, empresa pública vinculada à Seaf, caberá selecionar os produtores que vão receber, além de assistência para o cultivo.

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ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO

  • 16 de agosto de 2021 às 21:02:15