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EMANUEL PINHEIRO

Pela liberdade imortal do direito de expressão da imprensa

Assessoria

“A imprensa é a vista da Nação. Por ela é que a Nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que ameaça”, Rui Barbosa.

O que nos torna humanos é a possibilidade da palavra e do pensamento livre. Quando o poder político e econômico nos obriga a ocultar nosso pensamento por medo das consequências, quando a palavra na nossa garganta é amordaçada, quando nossas organizações de liberdade de informação são criminalizadas, quando nossas manifestações são reprimidas com violência, quando nossos jornalistas são ameaçados, perseguidos de forma vil e sombria, já não há mais liberdade de expressão e muito menos democracia.

Os mais recentes episódios, que precisam ser devidamente apurados, evidenciam que mesmo em 2021, a imprensa ainda segue sofrendo com as tentativas de amordaçá-la em uma clara e desprezível postura frente a quem ousa cumprir o seu papel: o de informar, custe o que custar. Citarei como exemplo, o caso recente de suposta perseguição e ameaças de morte sofridas pelo jornalista Alexandre Aprá.

Respeitando o princípio do contraditório e ampla defesa dos acusados, o que se espera é que as autoridades competentes investiguem com muito equilíbrio e isenção o cabedal de material comprobatórios que Aprá apresentou à polícia, como vídeos e áudios que denotam fortíssimos indícios de inescrupulosa intenção de um tal “detetive”, confessadamente contratado, ainda não se sabe por quem, ao tentar amedrontá-lo para que possivelmente não desse prosseguimentos às suas denúncias.

Esse cenário abjeto me remete a outra frase muito famosa e que é a melhor tradução para esse triste período. George Orwell aponta que o “jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”. O jornalismo não foi feito para agradar. O jornalismo se constitui em apontar os fatos, na apuração e na diligência. O jornalismo tem a premissa de mostrar o que não é óbvio. Agradando ou não, deve ser respeitado. Somos filhos da Constituição Federal de 1988 e é livre a manifestação do pensamento.
A sociedade tem o direito à informação imparcial, justa e transparente.

Mesmo nos meus mais de trinta anos de vida pública, jamais poderia me acostumar diante da constatação tão descarada da imposição pelo medo, pela força. Atos abomináveis dessa natureza são comuns aos desprovidos de eloquência e, que, verdadeiramente, possuem o que temer. São as nossas ações, que refletem a magnitude de quem somos e do legado que deixaremos.

Com esse pensamento, levanto aqui um questionamento. A sociedade está atônita com a falta de informação e uma aparente omissão de fato tão grave nos meios de comunicação. Qual a razão desse silêncio ensurdecedor, quase cúmplice, daqueles que têm a missão do bom jornalismo e devem informar e exigir, em nome da democracia e do Estado Democrático de Direito, a elucidação dos fatos de um caso tão repugnante?

Imagino a dor que consome neste momento cada um dos nossos profissionais de imprensa ao se colocar no lugar de um colega que tem que deixar o estado para não morrer, apenas por exercer sua profissão.

Conheço a maioria dos jornalistas da nossa capital e tenho um carinho imenso por todos; portanto, mantenho a convicção de que nada impedirá a divulgação e a busca da verdade dos fatos de uma denúncia tão degradante e monstruosa por parte de um colega de profissão.

Deixo aqui hipotecado, minha inabalável confiança no jornalismo corajoso, sério, ético, imparcial e isento. Goste-se ou não do jornalista Alexandre Aprá, que sempre divulgou tanto o lado positivo quanto os negativos da minha gestão, é necessário acompanhar os desdobramentos da investigação confiante em nossas instituições e informar absolutamente tudo sem filtros para a sociedade. Hoje é ele amanhã poderá ser qualquer um de vocês, ou melhor, qualquer um de nós.
Registro a minha indignação e lamento por ainda nos depararmos, em setembro de 2021, com tamanha brutal e covarde realidade.

Emanuel Pinheiro, prefeito de Cuiabá

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