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INTERIOR MT

Pai solteiro adota bebê após 4 anos de espera: ‘Feliz e realizado’

Wellington Corrêa/Arquivo pessoal

O servidor público Wellington Corrêa, de 46 anos, conseguiu a guarda provisória de uma bebê de 3 meses, após passar quatro anos na fila de espera para adoção, em Cuiabá. A guarda de 6 meses foi concedida no 16 deste mês e, logo depois, o pai também conseguiu a licença paternidade para estar mais próximo da filha durante esse período. Até então, ele morava sozinho.

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) informou que essa foi a primeira licença paternidade concedida a um servidor solteiro adotante.

A licença paternidade é um direto garantido na Constituição Federal. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) estipula que o prazo de licença ao adotante não pode ser inferior ao da licença à gestante, “à luz do princípio da dignidade da pessoa humana e da igualdade entre filhos biológicos e adotados”. Também não pode haver distinção entre mãe ou pai adotante.

Ao g1, Wellington contou que tudo aconteceu muito rápido, após a decisão da Justiça. Para conseguir lidar com os primeiros cuidados com a bebê, ele pediu a ajuda de amigos e familiares.

“Pedi dois dias para o juiz para poder me organizar e comprar as coisas para ela. Foi uma correria. Algumas amigas e mães me deram dicas valiosas, pois pai de primeira viagem e ainda solteiro não tem a mínima noção do que comprar”, declarou.

O servidor afirmou que as noites têm sido tranquilas, pois a bebê dorme bastante, mas os dias têm sido cheios de trabalho.

“Minha vida mudou completamente. É um cansaço prazeroso. Estou muito feliz e realizado. Toda a minha família está com a atenção voltada para a Ana. Apesar de não estarem perto, porque não moram na cidade, sempre ligam para saber como ela está”, disse.

O pai disse que sempre teve em mente que um dia adotaria uma criança. Foram anos de preparação e espera até conseguir encontrar Ana.

“Isso sempre foi muito formado na minha cabeça desde meus 20 anos. Na época, vi que não tinha maturidade, estrutura física e financeira para isso, mas amadurecendo a ideia e me preparando para entrar com o processo de adoção e finalmente esse tempo chegou”, contou.

Há cerca de 5 anos, após se sentir pronto, o servidor contou que entrou no site do TJMT e fez enviou a documentação para o processo de habilitação. Depois disso, iniciou o curso de preparação por meio da Associação Mato-grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (Ampara), que ensina sobre adoção, criação, entre outras coisas necessárias para o bem estar dos pais e da criança.

“Às vezes as pessoas pensam que adoção é pegar uma criança e pronto, mas não é bem isso. Você não sabe o histórico, o tamanho, os problemas que cada uma carrega. Geralmente, o histórico de crianças colocadas para adoção não é bom, mas você precisa encarar aquilo”, pontuou.

Depois de todos os procedimentos, Wellington ficou habilitado na lista nacional, estadual e municipal. A partir daí, começou a ser acompanhado por uma psicóloga até receber a notícia de que havia uma bebê disponível para a adoção. Já em julho deste ano foi dado início ao processo de aproximação e, dois meses depois, saiu a guarda provisória.

“Foi uma surpresa quando soube que poderia ser pai de uma bebê. No processo de habilitação informei que queria uma criança de até 5 anos, pois desejava estar perto nesse período da infância. Mas, quando fui conhecer a Ana, senti algo que não dá para explicar. Senti que era a minha vez”, disse.

Segundo o servidor, agora serão seis meses de convivência e, no fim desse processo, ele deverá ajuizar a ação para conseguir a guarda definitiva.

Ana já faz parte do plano de saúde do pai e está recebendo acompanhamento com pediatra.

“A adoção é prazerosa. O processo é difícil, mas o interessante é esse desafio que enfrentamos. As pessoas deveriam conhecer mais sobre, se animar mais, pois há muitas crianças precisando de apoio e há muitos lares que podem recebe-las”, ressaltou.

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