De acordo com a voluntária da associação, Carla Moreira, a onça Jade, de 3 anos, fica em uma área telada do abrigo, que é localizado em uma chácara dentro do Parque Estadual no município.

Ela e mais duas onças-pardas, Cristal e Pandora, vivem no recinto.

Carla conta que o local está adequado para receber a espécie, mas o animal conseguiu pular a cerca de 9 metros de altura, atravessar para o outro lado do abrigo e fugir pela mata.

Após a fuga, Jade ficou andando pela região e, por ser domesticada, procurou residências.

“Animais domesticados como ela não podem ficar soltos, porque vão procurar casas e pessoas. Eles estão acostumados com os seres humanos e sabem que é de lá que vem o alimento”, afirma.

“Para quem falava que elas são maltratadas ou mal cuidadas, eu e o Garrincha somos provas vivas de que elas são bem cuidadas. Ela está agora sob leve sedação, está bem. Nós acabamos de chamar e ela respondeu o chamado, fomos seguindo pelo rastro e ela veio. Por meio de segurança, foi sedada para ser transportada até o recinto novamente”, conta no vídeo.

Jade foi encontrada saudável e sem ferimentos.

“Não pegamos com armadilha, ela veio no colo”, diz Carla.

A voluntária explica que as onças tem contato diário com ela e com o ambientalista responsável pelo abrigo e por isso estão acostumadas.

“Entramos dentro do recinto para brincar com elas, alimentá-las e fazer a limpeza do local. Temos contato de, pelo menos, duas a três horas por dia. Então elas já estão acostumadas com a gente, com o cheiro, a voz”, conta.

As onças-pardas chegaram no abrigo após serem resgatadas de criadouros ilegais de animais .

Elas viviam em uma residência após terem sido capturadas na natureza ainda filhotes. A Polícia Ambiental fez o resgate e encaminhou os animais para a Associação Amigos dos Animais.

“Nós tentamos aqui minimizar o estrago feito pelo homem. Soltamos peixes na piscina para elas pescarem, soltamos ratos para elas caçarem e trabalharem o instinto, fazemos troncos para elas arranharem, mas é difícil recuperar os hábitos selvagens, porque elas foram domesticadas desde bebês. Isso impossibilita de conseguir soltá-las um dia na natureza novamente”, relata.

Após a fuga da associação, Jade não se afastou mais que 3 km do abrigo. Ela procurava residências para se abrigar. Os moradores da região começaram a ficar assustados.

Os voluntários da associação fizeram buscas de acordo com as informações que recebiam dos moradores.

“As pessoas contavam que tinham visto uma onça no local, que tinham animais que serviram de presas para ela, mas não tínhamos como ter certeza se era mesmo a Jade. Saímos buscando pela região, ela não tinha ido muito longe”, afirma.

A onça-parda foi encontrada perto de um riacho, que provavelmente estava usando para tomar água. O animal ficou desaparecido por quatro dias na mata.

“[A onça] está tão acostumada com a gente, que quando a encontramos, ela mesmo saiu da mata e se apresentou para eu pegá-la. Eu usei um cinto como coleira e usamos o sedativo para conseguir transportá-la”, conta.

Os voluntários constataram que o animal estava em bom estado de saúde e hidratado. Apesar disso, perdeu cerca de 2 kg nesses quatro dias.

Nesta quinta-feira (21), está sendo instalado um dispositivo com cerca elétrica no local.

“Não é algo que possa machucá-las, mas para assustá-las e impedir uma nova fuga”, diz Carla.

É a primeira vez que um animal foge da associação. No local, há mais de 50 animais abrigados, entre catetos, cervos, jabutis, jiboias, araras e outros bichos. Todos eles foram resgatados de criadouros ilegais.

O abrigo funciona através de doações. Todo trabalho é voluntário.