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SEM TETO

Quase 30 famílias vivem em barracas de lona em ginásio de MT

TVCA / CARLOS CRUZ E GIOVANA LUCAS
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TVCA/Reprodução

Barracas de lona, ligações de energia improvisadas e alimentação limitada são alguns dos problemas enfrentados pelas 27 famílias que vivem no Ginásio Valdir Pereira, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, há 11 meses. Esses moradores foram despejados do Residencial Colinas Douradas, após decisão judicial, no dia 16 de dezembro de 2020.

À época da desocupação, 126 famílias foram morar no ginásio. Desempregados, a maioria dos moradores vive de doações de sacolões da prefeitura e de projetos sociais.

Brenda Caroline é uma das moradores do local, mas, antes disso, ela foi morar na rua com a família, pois não tinha para onde ir depois do despejo.

“Eu trabalhava como garçonete, mas fiquei desempregada na pandemia. […] Passei a dever aluguel, luz, e foi aí que fiquei sabendo do Colinas. Fiz parte da ocupação e fiquei lá por três meses. Mas, depois da desocupação, moramos na rua por 10 dias e depois viemos para o ginásio. Aqui não tem o mínimo de estrutura e temos todo tipo de problema de convivência. O que divide uma casa da outra é uma lona”, contou.

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Brenda afirmou que sofre com limitações dentro e fora do ginásio. Ela disse que, recentemente, fez uma entrevista de emprego em um restaurante, mas quando contou que morava no ginásio foi dispensada.

“Eles exigem vacinação e outros cuidados de prevenção à Covid-19, mas aqui vivemos aglomerados. Teremos que ficar aqui até conseguir ganhar uma casa ou se estabilizar para conseguir sair”, disse.

Joelson Oliveira é aposentado, pois possui deficiências. Ele se mudou para o ginásio junto com a mulher e os filhos.

“Morávamos de aluguel e minha esposa ficou desempregada. Nessa época, surgiu o boato de que estava saindo casas no Colinas Douradas, então quem estava sem moradia foi para lá. Ficamos no Colinas por quatro meses e depois viemos para o ginásio. Só queremos uma moradia digna para nossos filhos”, pontuou.

A cabeleireira Rayane Cristina também fez parte da ocupação no Colinas e hoje mora no ginásio com os três filhos.

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“Fui para o Colinas, pois pagava aluguel e a situação estava crítica. Quando me mudei para o Colinas estava comendo só arroz e bolinho frito. Era muito difícil”, explicou.

Segundo Rayane, ela vive com medo e insegurança. Próximo à barraca dela no ginásio, houve incêndio.

“Aqui é perigoso, pois já pegou fogo e foi atrás da minha barraquinha. Fiquei muito assustada e não consegui mais dormir, porque tenho medo disso acontecer de novo e meus filhos estarem aqui dormindo. Queremos uma ajuda, um olhar humano. Será que vamos passar mais um Natal aqui?”, questionou.

Sem prazo para mudança

O secretário de Comunicação de Várzea Grande, Marcos Lemos, afirmou que a prefeitura está tentando negociar com o governo do estado e governo federal para tentar firmar uma parceria e resolver o problema, no entanto, ainda não há um prazo para que as famílias sejam retiradas do ginásio.

“Quando as casas do Colinas foram invadidas, as obras relativas a água e esgoto ainda não estavam concluídas, pois o governo federal disse que não tem mais dinheiro. Também houve uma decisão da Justiça para que os moradores fossem retirados, porque haviam ocupado essas casas irregularmente, e então acabaram vindo para o ginásio”, disse.

Depois do despejo, segundo o secretário, houve uma reunião entre o município, governo do estado e Caixa Econômica Federal, onde o prefeito propôs destinar 10% dos imóveis do Colinas para serem doados a essas famílias em vulnerabilidade social.

No entanto, a Caixa alega que já existe uma ação para a destinação desses imóveis, que foi o sorteio para os moradores cadastrados à época do lançamento do residencial.

“Há cerca de 15 dias o prefeito também com o secretário federal de Habitação e falou sobre a possibilidade do município ceder uma área e o estado construir algumas casas no sistema de mutirão para conseguir atender pelo menos parte dessas famílias, pois também não podemos tirar o direito de quem ganhou o sorteio, mas ainda não tem nada decidido”, explicou.

O secretário disse ainda que também já houve uma discussão para levar essas famílias para outro local, mas não foi encontrado nenhum outro espaço.

Extrema pobreza

Apesar da capital ser o maior município do estado, com mais de 618 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Várzea Grande é o que possui mais famílias em situação de extrema pobreza. São 19.113 famílias nessas condições.

É considerada situação de extrema pobreza pessoas que recebem salário inferior a R$ 151 por mês. E, de acordo com o IBGE, a pessoa que ganha menos que R$ 406 por mês se enquadra em situação de pobreza.

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