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ESTUDO DA UFMT

Pesquisa identifica antidepressivos e antiepiléticos em rio

Reprodução/TVCA

Um estudo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) mostrou que a qualidade da água do Rio Coxipó está com baixo índice de segurança hídrica. A pesquisa foi apresentada, nesta segunda-feira (7), em audiência pública na Câmara Municipal de Cuiabá.

O levantamento ainda apontou para a presença de fármacos na água, como antidepressivos, antiepiléticos e analgésicos.

Além disso, os efeitos do desmatamento também foram aferidos na pesquisa, mostrando como assoreamento impacta na preservação da bacia hidrográfica.

Ao g1, o biólogo Abílio de Moraes, de 37 anos, disse que as consequências do desmatamento impactam diretamente na qualidade da água do rio.

“O desmatamento promove a desproteção do solo e produz assoreamento, com formação de bancos de areia. O médio e longo prazo, o rio vai perdendo infiltração. Ou seja, sem a vegetação no entorno conservando a bacia hidrográfica, as águas vão escoar direto para o mar”, disse.

De acordo com ele, o Rio Coxipó abastece quase metade da população de Cuiabá. Em relação aos fármacos encontrados na água, ele disse que é preciso estudos de monitoramento e observação para concretizar as análises.

“Não se sabe ao certo os impactos disso na saúde da população, mas isso gera alerta porque a água captada está com esses elementos e o tratamento convencional não tira totalmente esses resíduos. É um sinal de alerta e que deve ser monitorado de perto”, ressaltou.

Pesquisa mostrou fármacos diluídos nas águas do Rio Coxipó — Foto: Rafael Manzutti/Sinfra MT

Rafael Manzutti/Sinfra MT

O Rio Coxipó, segundo ele, começa de forma limpa e com qualidade em Chapada dos Guimarães, mas, ao passar pela zona urbana, a água vai se degradando com a incidência de material orgânico e outros resíduos, como os remédios, que, neste caso, são chamados de contaminantes emergentes.

O coordenador de Monitoramento de Água e Ar da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Sérgio Batista Figueiredo, de 40 anos, contou ao g1 que esse cenário pode ser melhorado com o avanço do saneamento básico.

“Não é possível eliminar completamente esses contaminantes emergentes, porém, é possível diminuir a incidência deles na água através do saneamento básico na zona urbana. Então, com o avanço desse saneamento, a perspectiva é de melhora na qualidade da água nos próximos anos”, disse.

De acordo com Sérgio, a quantidade de remédios presentes na água não encontra especificação na atual legislação brasileira.

“Não há limites para a quantidade desses contaminantes porque não há legislação específica sobre isso. E a Sema está preocupada e acompanha essa situação de perto, mas a lei deve demarcar esses pontos, porque ainda não há limites para fármacos e microplásticos na água”, afirmou.

Para reforçar a segurança hídrica, o estudo elencou algumas propostas para reverter o problema, como a universalização da coleta e tratamento de esgotosrecuperação das áreas de preservação permanente; identificação e proteção das áreas úmidas e das zonas de recargas de aquíferos; quantificação da disponibilidade hídrica subterrânea para exploração sustentável e implantação de sistemas de monitoramento de recursos hídricos.

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  • 14 de março de 2022 às 15:52:32