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Tempo de trabalho para comprar cesta básica aumenta 24 horas em três anos

Chico Ferreira

A inflação elevada tem dificultado o acesso dos brasileiros à alimentação. Nos últimos três anos, os profissionais remunerados com um salário mínimo precisaram trabalhar 23 horas e 30 minutos a mais, o equivalente a quase três jornadas de oito horas, para adquirir uma cesta básica na cidade de São Paulo (SP).

Os valores levam em conta que a cesta com os itens básicos para o consumo das famílias saltou 48,35% nos últimos três anos, de R$ 482,40 para R$ 715,65. A variação para a compra dos mesmos bens exige quase 130 horas de trabalho para quem recebe o salário mínimo de R$ 1.212, ante pouco mais de 106 horas requeridas em fevereiro de 2019.

Conforme os números coletados pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 6.012,18, valor quase cinco vezes (396%) maior do que o piso atual.

Vale recordar que o salário mínimo oferecido aos brasileiros não proporciona ganho real (acima da inflação) aos trabalhadores desde 2019, quando chegou ao fim a lei nº 13.152, responsável por determinar a reposição da remuneração com base na expectativa para o INPC do ano e a taxa de crescimento real do PIB (Produto Interno Bruto) — a soma de todos os bens e serviços produzidos no país — de dois anos antes.

Com os reajustes definidos apenas pela variação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), o salário mínimo avançou 21,44%, de R$ 998 para os atuais R$ 1.212. A variação corresponde a um percentual mais de 22% inferior em relação ao apresentado pela cesta de itens básicos aos consumidores no mesmo período.

Itens

Entre os itens específicos presentes na cesta básica para alimentar uma família de quatro pessoas, a maior variação foi apresentada pela carne. A disparada de 75% no valor final para a compra de 6 kg da proteína equivale a uma jornada superior a 48 horas de trabalho, número quase 15 horas superior ao necessário há três anos.

Também passou a demandar mais tempo de trabalho a aquisição de 7,5 litros de leite (de 6h32 para 6h47), de 3 kg de arroz (de 1h56 para 2h01), de 1,5 kg de farinha (de 1h14 para 1h21), de 9 kg de tomate (de 11h01 para 13h43), de 6 kg de pão (de 16h22 para 16h52), de 600 g de café (de 2h32 para 3h56), de 7,5 dúzias de banana (de 10h17 para 13h40), de 3 kg de açúcar (de 1h33 para 2h17), de 900 ml de óleo (de 46 minutos para 1h36) e de 750 g de manteiga (de 6h53 para 7h48).

Por outro lado, o preço do feijão apresentou deflação de 9,64% no período e reduziu em quase duas horas (de 7h30 para 5h35) o tempo de trabalho necessário para um profissional remunerado com o mínimo comprar 4,5 kg do produto no mês. A aquisição de 6 kg de batata, por sua vez, demanda 11 minutos a menos de jornada, apesar da valorização do produto.

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