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CENÁRIO INTERNACIONAL

Guerra torna ações de produtos agrícolas mais atrativas em curto prazo

PAULO WHITAKER/REUTERS

A guerra entre Rússia e Ucrânia, o maior conflito entre países europeus desde a Segunda Guerra Mundial, cria oportunidades de investimentos na Bolsa brasileira, sobretudo no curto prazo.

Segundo Samyr Castro, CEO da BankRio, empresa de planejamento financeiro, o momento é propício para apostar em ações de empresas que atuam nos setores agrícola e energético.

Ele explica que, pelo cenário de escassez no mercado internacional, o preço de grãos, como o milho e o trigo, tende a subir: “Grande parte das empresas na Bolsa brasileira são de commodities e, para elas, o impacto foi positivo por causa da escassez. No mercado agro, o preço dos grãos já sofre impacto: soja, milho e trigo, por exemplo, estão subindo no mercado à vista e no futuro”.

É importante lembrar que Rússia e Ucrânia, juntas, são responsáveis por cerca de 30% da produção global de trigo.

O Brasil, por ser um grande exportador desses produtos, pode substituir as exportações russas, que estão em queda desde o início do conflito. Além disso, por estar distante geograficamente da guerra, inspira confiança nos investidores estrangeiros, que devem apostar no país neste momento.

A alta no preço do petróleo, cujo barril já ultrapassa US$ 100, também tende a favorecer investimentos na Bolsa brasileira, já que o país exporta bastante esse produto.

Por outro lado, o aumento dos preços dos setores alimentício e energético ajuda a pressionar a inflação, em alta no mundo todo.

Os Estados Unidos, por exemplo, registraram a maior taxa de inflação das últimas quatro décadas, o que fez com que o Banco Central americano aumentasse a taxa de juros no país.

No Brasil, a inflação de março, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo) foi de 1,64%, a maior para o mês desde 1994.

Para Samyr, porém, investir na Bolsa é sempre um risco, sobretudo no setor de commodities, como o agrícola.

Ele ainda diz que o cenário no médio e longo prazos é incerto, mas a tendência de alta nos preços “deve se manter pelo menos até o fim do ano”.

Outro fator que pode tumultuar o ambiente de negócios são as eleições presidenciais, que ocorrerão em outubro.

Ele acredita que o pleito pode criar instabilidade política e econômica, o que afastaria investidores estrangeiros.

Nesse contexto, algumas medidas podem ser tomadas para aproveitar melhor o momento, como explica Samyr Castro: “Uma das iniciativas para atrair o fluxo de capital estrangeiro para o país e, assim, controlar o câmbio e reduzir o impacto da inflação é a isenção do Imposto de Renda sobre aplicações de investidores estrangeiros em títulos privados de empresas brasileiras, anunciado no dia 1º de março”.

Por fim, ele ainda adverte que, por mais que o cenário seja favorável, é preciso acompanhá-lo de perto: “Conforme a guerra avança, vários setores podem ser atingidos. A dica é diversificar e acompanhar”, explica.

*Estagiário do R7, sob supervisão de Marcos Rogério Lopes.

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