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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia a possibilidade de nomear o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para um cargo estratégico no governo federal após o período de Carnaval. Segundo informações divulgadas nesta terça-feira (4/3/2025), Lula considera Boulos como potencial substituto de Márcio Macêdo (PT) na Secretaria-Geral da Presidência, pasta responsável por articular a relação do governo com movimentos sociais e outras entidades. A possibilidade reflete o apreço e a confiança que Lula nutre pelo líder do PSOL, que já foi seu apoiado em campanhas anteriores, incluindo a disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2024, quando Boulos chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por Ricardo Nunes (MDB). Fontes próximas ao Planalto indicam que Lula vê em Boulos um perfil combativo e alinhado com os ideais petistas, a ponto de, em conversas internas, ter afirmado que o deputado seria “mais petista do que alguns filiados ao PT”. No entanto, a nomeação não está livre de desafios.
O PSOL já ocupa o Ministério dos Povos Indígenas, com Sônia Guajajara, o que levanta questionamentos sobre a proporcionalidade de um partido de menor porte acumular duas pastas no governo.
Além disso, há uma ala do PSOL mais crítica ao governo Lula, que defende maior distanciamento do Planalto. Uma solução aventada seria a filiação de Boulos ao PT, algo que seus aliados pressionam há tempos, embora o deputado ainda não tenha se manifestado publicamente sobre o convite. A articulação política também enfrenta resistências internas. Ministros próximos a Lula, como Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Secom), teriam se posicionado contra a nomeação de outros nomes, como o deputado José Guimarães (PT-CE), para cargos de articulação política, gerando desconforto no Centrão.
Representantes do bloco político reclamam que as mudanças ministeriais têm beneficiado exclusivamente o PT, deixando aliados de fora. A insatisfação foi expressa publicamente por figuras como o deputado Gustavo Gayer (PL-GO), que criticou a possível indicação de Boulos, ironizando a criação de um “Ministério dos Vagabundos Terroristas”. Boulos rebateu com dureza, citando um acidente de trânsito envolvendo Gayer, em que o deputado foi denunciado por dirigir bêbado, causando vítimas. Procurado, Boulos não respondeu oficialmente, mas posts encontrados em redes sociais sugerem que ele pode ter recusado o convite para um cargo no Ministério do Trabalho, o que alimenta especulações sobre suas intenções políticas.
A nomeação, se confirmada, exigiria um rearranjo no xadrez partidário e poderia fortalecer o diálogo do governo com movimentos sociais, área em que Boulos, como líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), tem ampla experiência.