O Poder Judiciário de Mato Grosso vem realizando ações para disseminar a cultura da paz e na última sexta-feira (18) foram entregues certificados a 16 facilitadores em Pontes e Lacerda. Eles vão atuar em locais como escolas, centro de detenção e hospitais. A cerimônia que marcou a conclusão do curso contou com a presença de autoridades como a presidente do Núcleo Gestor da Justiça Restaurativa (Nugjur), a desembargadora Clarice Claudino.
A magistrada destacou que ter uma resposta jurídica para um conflito nem sempre promove a pacificação para as pessoas envolvidas. Assim, as tecnologias sociais vêm se mostrando de grande efetividade ao revelar que as partes podem ser protagonistas na solução dos conflitos. Explicou que a fraternidade e humanização na pacificação social também são funções do Judiciário e ferramentas como círculo de construção de paz são formas de contribuir com uma sociedade mais madura.
“São ferramentas simples, muito impactantes e fortes. Hoje, temos aqui 16 corações gigantes preparados para levar a mensagem da paz. Os círculos nos permitem ver mais longe e nos tornam mais humanos, pois oportunizam a percepção de que o outro está agindo como consegue agir. Quem participa dessas atividades percebe que nosso objetivo é arrastar pelo exemplo e não querer mudar as pessoas a fórceps”, narrou a desembargadora.
Eleito corregedor-geral para o Biênio 2023-2024, o desembargador Juvenal Pereira lembrou que os facilitadores são os primeiros que poderão ajudar na solução de conflitos, antes que a situação desague no Judiciário de forma mais agravada até.
“Tenho certeza que esse núcleo formado aqui irá contribuir muito para que a sociedade, as partes, resolvam as questões de forma mais tranquila. Queremos aproveitar para dizer que a Corregedoria-Geral da Justiça irá atuar junto com a presidente eleita para fortalecer as ações de pacificação”, declarou o desembargador.
O juiz coordenador do Nugjur, Tulio Duailibi Alves de Souza, falou sobre a parceria do Judiciário Estadual com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) para levar círculos às escolas e pediu apoio de todos para que as ações sejam estendidas a todas as escolas de Pontes e Lacerda, que é um dos cinco polos regionais de um projeto piloto sobre o tema.
“Queremos render nossas homenagens a cada um que está se formando. Pois fazem parte da concretização de uma realidade de pacificação social. Queremos expressar toda a nossa a gratidão”, afirmou.
A juíza Luciene Kelly Marciano Roos, agora na 6ª Vara Cível de Alta, coordenou a capacitação em Pontes e Lacerda considerou que o momento da entrega dos certificados representa muita alegria, pois “é a coroação do esforço da população que atendeu ao nosso chamado por uma cultura de paz, concordou em participar da capacitação. Muita gente foi acolhida e se dedicaram a isso”.
Tolerância nas escolas: alunos mudam postura, conta estudante – Com 14 anos, a jovem estudante Janaína Botelho Silva, foi responsável por um dos momentos emocionantes do evento. Ela foi chamada a falar sobre sua experiência ao participar do circulo de paz na escola onde estuda e garantiu que a mudança na postura dos colegas foi visível. Entre os ganhos imediatos com a atividade ela apontou a oportunidade de ouvi e ser ouvida, o que levou a outra conquista daquele grupo de alunos foi a compreensão de que cada um possui uma história, uma complexidade de sentimentos. O resultado foi um novo olhar sobre si mesmo e relações mais respeitosas.
Experiência de pacificação com reeducandos – Vida Maria Silva e Souza, assistente social do município, participou de dois círculos e destaca a ressignificação dos valores e o resgate da autoestima. Disse estar grata por fazer parte da iniciativa do Judiciário e pelas experiências trocadas através do círculo.
“Confesso que meu primeiro grupo foi no Centro de Detenção Provisória e eu estava com muito receio, tinha certo preconceito e medo de estar naquele espaço. Mas o circulo é magico, ele proporciona uma participação e interação que são sem explicação”, contou.
O trabalho foi com grupos diferentes e ela superou o medo ao conhecer as histórias de vida por trás das situações que fizeram com que essas pessoas fossem para a prisão. “Eles conseguiram ver importância da empatia, nas avaliações eles sugeriram que o trabalho fosse estendido a outros reeducandos”.
Também participaram do evento o juiz Cláudio Deodato Rodrigues Pereira, diretor do Foro da Comarca de Pontes e Lacerda, o juiz Leonardo de Araújo Costa Tumiati, da 1ª Vara Cível da Comarca de Pontes e Lacerda e Diretor do Cejusc, a juíza Luciene Kelly Marciano Roos, juíza da 6ª Vara Cível de Alta Floresta, a juíza Alice Cristina de Arruda e Silva Alves, da 1ª Promotoria Criminal – Pontes e Lacerda, a promotora Mariana Batizoco Silva, da 1ª Promotoria Cível – Pontes e Lacerda, o juiz Italo Osvaldo Alves da Silva, da Vara Única de Jauru, o tenente-coronel PM Marcos Antonio Guimarães, comandante do 12º Comando Regional da Polícia Militar de Pontes e Lacerda e o advogado Edison de Oliveira Júnior, presidente da OAB, subsede Pontes e Lacerda.
#Paratodosverem
Esta matéria possui recursos de texto alternativo para promover a inclusão das pessoas com deficiência visual. Primeira imagem: Foto colorida onde os formandos posam com certificados junto de desembargadores, juízes e demais autoridades. Todos em estão em pé e aqueles que receberam certificados estão com os papeis à frente do busto. Segunda imagem: Foto colorida onde aparecem as autoridades que participaram do dispositivo oficial. Em pé está a desembargadora Clarice Claudino que está discursando com o uso de um microfone. Terceira Imagem: Foto colorida onde aparece o desembargador Juvenal Pereira discursando. Ele está à mesa junto de outras autoridades. Quarta Imagem: Foto colorida da aluna Janaína. Ela está em pé e sorri. A imagem é um recorte de busto.
Andhressa Barboza
Coordenadoria de Comunicação da Presidência do TJMT
Fonte: Tribunal de Justiça de MT