O empresário do agronegócio Sérgio João Marchett conseguiu Habeas Corpus para suspender sua prisão preventiva. Ele é suspeito de mandar matar os irmãos Brandão Araújo Filho e José Carlos Machado Araújo, crimes ocorridos em Rondonópolis (212 km ao sul de Cuiabá), nos anos 1999 e 2000, respectivamente. A decisão foi estabelecida na segunda-feira (28).
Representado pelo advogado criminalista Daniel Gerber, ele alegou que é idoso, possui a saúde debilitada, com necessidades especiais de locomoção, e que respondeu a todo o processo em liberdade.
Sérgio Marchett explicou também que tem endereço fixo em São Paulo e na Bolívia por conta de seus negócios – plantação de soja. O advogado alegou ainda que o crime está prescrito.
O desembargador Pedro Sakamoto, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), decidiu por revogar a prisão. “É preciso levar em consideração a idade avançada do paciente, atualmente com 77 anos de idade, e seu aparente estado de saúde debilitado, o qual, conforme atestados médicos, necessita de auxílio para se locomover”, traz trecho da decisão.
Daniel Gerber afirma que a liminar era esperada na medida em que a decisão judicial não estava apoiada em nenhum elemento concreto dos autos.
Entenda o caso
Os irmãos Brandão de Araújo Filho e José Carlos Machado Araújo (conhecido como Zezeca) foram assassinados à luz do dia em pleno centro de Rondonópolis em 10 de agosto de 1999 e 28 de dezembro de 2000, respectivamente. Conforme investigações da policia civil, tratou-se de crime de mando, prática de “pistolagem”.
O executor, já condenado, ex-cabo da PM-MT Hércules Agostinho, não só assumiu o assassinato dos irmãos, como participou da reconstituição dos crimes, apontando todos os envolvidos.
Como pagamento das mortes, Hércules contou que ele e o soldado Célio Alves de Souza receberam um veículo Gol, que pertencia a empresa Mônica Armazéns Gerais Ltda, de propriedade da acusada Mônica Marchett, filha de Sérgio Marchett. Durante reconstituição dos crimes, Hércules apontou a Sementes Mônica, empresa da família Marchett, como o local em que ele e o ex-soldado Célio Alves pegaram o documento do veiculo.
Recentemente, durante a sessão de julgamento do Tribunal do Júri de Rondonópolis, em 14 de junho de 2018, o pistoleiro Célio Alves de Souza também confessou sua participação nos crimes, nomeando o empresário Sérgio e sua filha Mônica Marchett como mandantes dos crimes, detalhando ainda a participação de todos os envolvidos na trama assassina, desde o preparo até a execução.
Durante julgamento em plenário, Célio Alves contou que foi realizada uma espécie de “confraria” para arquitetar as mortes dos Irmãos Araújo. A reunião teve a participação de Mônica Marchett, seu pai Sérgio João Marchett, um irmão de Sérgio Marchett (não se recordava o nome), Ildo Roque Guareschi e o Sargento José Jesus de Freitas.
Até hoje, somente os pistoleiros foram julgados e condenados pelas mortes. O os mandantes ainda aguardam os desfechos dos seus processos que se arrastam há 15 anos na Justiça.
(Com informações da assessoria)