Casarões centenários abandonados no centro histórico da capital mostram o descaso com o patrimônio tombado, propriedades particulares supervisionadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Em uma rápida visita pelos calçadões, a reportagem constatou diversas irregularidades. Casas são deixadas à mercê do tempo, que se encarrega de deteriorá-las. São aproximadamente 400 imóveis na área tombada e 600 no entorno.
Em grande parte das edificações, tijolos estão expostos embaixo da pintura já descascada. Também é possível ver rachaduras ao longo dos muros extensos. Os escombros de algumas casas estão caídas na calçada, o que atrapalha a passagem dos pedestres. Por dentro, o matagal toma conta das casas e alguns moradores de rua as fazem de reduto.
Depois de uma forte chuva nesta terça-feira (29), o muro de um casarão ao lado do Museu de Imagem e Som de Cuiabá (Misc) amanheceu no chão. O acontecido alertou a população sobre cuidados com o patrimônio.
“O centro histórico de Cuiabá é uma vergonha. O lugar da nossa cidade que deveria ser mais bonito é o mais negligenciado. Não só por parte do poder público, como os comerciantes que não cuidam das fachadas e das calçadas das lojas. É triste de se ver”, disse uma internauta.
Há pouco mais de 4 meses, um casarão no bairro Baú, também na região central, foi destruído pelo fogo depois de um curto-circuito. A casa também era tombada. A principal reclamação dos moradores é que o Iphan não autorizava as reformas com facilidade e a fiação era antiga.
Iphan
Todas as reformas no patrimônio histórico devem seguir as normas estabelecidas pelo Instituto, disponibilizados em uma instrução normativa. O tombamento não retira o direito de propriedade do dono, mas limita as reformas.
De acordo com Wesley Aguiar Gonçalves, proprietário de um imóvel na avenida 7 de setembro, ele fez reformas em sua propriedade com a parceria do instituto. Ele assegurou que todas as normas foram seguidas e que ele não teve empecilhos. Ele reclamou, contudo, sobre a falta de segurança pública e infraestrutura nas ruas das imediações dos casarões.
“Tudo está totalmente destruído, esse local poderia ser um dos atrativos da cidade e poderia ser utilizado para fazer feiras bacanas, montar uma praça bonita. As vias estão esquecidas, largadas, não têm sistema de escoamento correto. Nós já procuramos a secretaria de obras, eles prometeram que viriam, mas nunca vieram”, disse.