Auditoria da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) confirmou que 229 estudantes, dos quatro câmpus da instituição, ingressaram na faculdade de maneira indevida ao usar cotas destinadas para negros, pardos, indígenas e estudantes de escolas públicas. Os denunciados tiveram as vagas indeferidas pela Supervisão de Registro Escolar da universidade.
A fiscalização ocorreu depois que ativista do movimento negro Vinicius Brasilino denunciou a suposta fraude nas redes sociais. Dos seis estudantes apontados, cinco tiveram as vagas indeferidas. São eles: Heloísa Malta de Oliveira, Sayuri de Souza Yamura, Gabrielly Mendes Mendanha, Samuel Felipe Netzlaff e Matheus Delanhesi Pereira.
Só no campus de Cuiabá, o levantamento identificou 114 estudantes que ingressaram na universidade depois de burlar o sistema de cotas pelo Processo de Seleção Unificada, o Sisu. Em seguida, vêm os câmpus de Rondonópolis (52), Araguaia (27), Sinop (19) e Várzea Grande (17). A auditoria não específica em qual curso os estudantes se inscreveram, mas a denúncia nas redes sociais mostra que na UFMT de Cuiabá alguns estudantes usaram as cotas para serem aprovados no Curso de Medicina.
Eles também são alvos do Ministério Público Federal (MPF) que abriu uma “Notícia de Fato”, com base na denúncia protocolada pelo Conselho Estadual de Promoção de Igualdade Racial de Mato Grosso (Cepir/MT), pelo Instituto de Mulheres Negras (Imune) e pelo Instituto de Formação, Estudos e Pesquisas Socioeconômico Político Cultural de Mato Grosso.
A UFMT informou que os candidatos que tiveram as vagas indeferidas ainda podem recorrer da decisão da Supervisão de Registro Escolar da UFMT.
“O Candidato inelegido que queira apresentar recurso contra o resultado, deverá formalizar via SEI – Sistema Eletrônico de Informação, processo eletrônico efetuando o preenchimento de formulário próprio, disponibilizado no SEI, com dados pessoais, tipo de vaga a qual se candidatou e justificativas fundamentadas para o recurso, no campo apropriado e de acordo com a legislação vigente e critérios estabelecidos no Edital n.º 002/2018 e Editais Complementares n.º 001, 002 e 004/2019”.
Em sua pagina no Facebook, Vinicius Brasilino falou sobre o trabalho de investigação da universidade.
“Os denunciados estão INELEGIDOS por não estarem de acordo com o edital. A UFMT está de parabéns pela seriedade em que conduziu a situação, resguardamos o direito para quem verdadeiramente precisa. Cotas não são e nem nunca serão por conveniência. Hoje vou dormir com um sentimento de dever cumprido. (…) Estaremos cotidianamente vigilantes!”, destacou o ativista do movimento negro.
Entenda
A denúncia foi protocolada por Brasilino na Ouvidoria da UFMT no último dia 31 de janeiro. Nas redes sociais, ele postou fotos dos estudantes que, supostamente, teriam fraudado o sistema de cotas.
À época, Brasilino sofreu ameaças por ter denunciado a suposta fraude.
Confira AQUI a lista do inelegidos