“A responsabilidade nos negócios faz a companhia se perpetuar”. Essa frase responde muito bem a um questionamento importante: por que ter consciência empresarial? Pode não ser claro ainda para muitos, mas é preciso que as companhias reflitam sobre seu impacto socioambiental e as mudanças clamadas pela sociedade. Em mais de 12 anos à frente de projetos que dialogam com essa realidade, tenho visto a crescente preocupação de públicos internos e externos com o tema, fazendo esse tema ganhar força quando se fala não só de lucro, mas também de reputação .
É imprescindível entender o propósito maior que a empresa leva em seu DNA, conscientizando cada funcionário, acionista, fornecedor e cliente. Nossa marca tem traduzido essa consciência em uma política global, que nos faz atuar em um Capitalismo Consciente pioneiro para o setor de alimentação rápida. Denominamos essa política como uma Escala para o Bem, que se reflete em ações mundiais, regionais e locais. E ela tem apresentado resultados cada vez melhores.
2019 marcará o nosso décimo primeiro ano de apoio à WWF e a Hora do Planeta, ação de sensibilização para o uso de recursos do planeta, as mudanças climáticas e seu impacto. É um momento de demonstrar preocupação com a questão ambiental. Mas vamos além. Até 2030 vamos diminuir em 36% nossas emissões de gases de efeito estufa, além de 20% do que é emitido pela nossa cadeia de suprimentos. Ao todo, serão 11 milhões de toneladas de CO2 que não alcançarão a atmosfera, equivalente ao impacto da plantação de 3 bilhões de árvores, ou 25 milhões de carros fora das ruas e estradas. No Brasil, já temos o orgulho de dizer que 100% das nossas embalagens são provenientes de fontes renováveis ou certificadas, grande parte dos restaurantes já possui sistemas de captação e reutilização de água e na maioria deles utilizamos luzes com a tecnologia LED, que reduz o uso de energia e equipamentos que requerem menor uso de energia.
Esses projetos são apenas parte da agenda, que também permeia a qualidade dos produtos usados em toda a cadeia: qual a origem da produção de cada Big Mac que chega à mesa do cliente? Se queremos diminuir nosso impacto no planeta na produção de alimentos, precisamos usar melhor os recursos naturais e nos alimentar de maneira eficiente. Por toda cadeia de valor do McDonald’s, a produção de carne bovina representa o maior impulsionador de emissões de carbono e consumo de água, e, em algumas regiões, o setor de carne bovina é um dos principais impulsionadores do desmatamento tropical. Por isso, o McDonald´s foi a primeira rede de serviço rápido a comprar carne proveniente de regiões onde a pecuária é mais produtiva e requer menos espaço, desestimulando qualquer necessidade de desmatamento, a chamada carne sustentável.
Fazemos dessas iniciativas exemplos para continuar investindo na mudança da operação, que também impacta todos os funcionários. Por meio da educação e abordagens de ensino inovadoras , conscientizamos cada pessoa que carrega o “M” em seu uniforme. Da liderança ao atendente. A inserção de jovens e a oportunidade do primeiro emprego, inclusive, também é uma importante bandeira social que temos levantado e os resultados positivos são enormes.
A Economia Circular tem ganhado cada vez mais espaço no país. Ela tem como objetivo repensar como utilizamos os recursos e desde a origem questionar o descarte e evitá-lo. Reduzir, reutilizar, recuperar materiais recicláveis. Isto sempre muito bem pensado e planejado para ser colocado em prática desde o início de cada projeto. É importante mostrarmos o quão prejudicial pode ser para o meio ambiente e para as pessoas aquele velho costume de “comprar, consumir e jogar fora”. Precisamos reutilizar! É exatamente isto que a economia circular propõe. Precisamos urgentemente estancar a verdadeira “hemorragia“ de recursos que observamos ao ver resíduos sem aproveitamento como matéria prima para novos processos. Precisamos urgentemente educar a sociedade como um todo sobre os prejuízos que são causados pela destinação incorreta dos resíduos. Vide o que passou em todas as cidades, pós carnaval. Se quisermos um carnaval 2020 assim como uma sociedade diferente e mais sustentável, devemos iniciar já o processo de mudança .
É preciso ter equilíbrio em tudo. Nos negócios e nos investimentos sustentáveis não é diferente. Mas promover iniciativas como as citadas acima e manter a liderança de mercado não é uma combinação utópica, porém requer compromisso firme e perene. Compromisso esse que determinará quais empresas deixarão de dialogar com seus públicos e desaparecerão e quais se perpetuarão e vão seguir ajudando a construir um mundo cada vez mais sustentável.
Esperamos estar no mercado pelos próximos 50, 100 anos. Esse objetivo requer pensar de forma diferente e corajosa assumindo os riscos e benefícios de liderar a categoria.
Leonardo Lima, é Diretor de Desenvolvimento Sustentável do McDonald’s América Latina