A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) iniciou nesta quinta-feira (9) a agenda de compromissos no Japão. O primeiro foi uma reunião com o vice-presidente da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), Kazuhiko Koshikawa, e demais membros da organização.
Na reunião, a ministra, acompanhada do embaixador do Brasil no Japão, Eduardo Saboia, apresentou dados da produção agrícola e áreas com potencial de investimento externo.
Tereza Cristina ressaltou que a Jica é uma “parceira de longa data” do Brasil, citando o Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados (Prodecer), que tem mais de 40 anos de criação. Na avaliação da ministra, uma das áreas com possibilidade de atuação conjunta é a região de Matopiba (que compreende o bioma Cerrado dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia e responde por grande parte da produção brasileira de grãos e fibras).
“Viemos reavivar essas relações de cooperação, amizade e parceria tecnológica com essa instituição que tanto já ajudou o Brasil e queremos que continue sendo nosso parceiro principal aqui no Japão”, disse a ministra.
O vice-presidente da Jica saudou a melhora no ambiente de negócios no Brasil e relembrou parcerias com o país das décadas de 1970 e 1980, como exploração de minérios em Carajás (PA) e o complexo Celulose Nipo-Brasileira (Cenibra), instalado em Minas Gerais. Koshikawa demonstrou interesse em repetir grandes empreendimentos como esses no Brasil.
A Jica comprometeu-se em ajudar o Brasil a atrair investimentos japoneses para infraestrutura de transporte (ferrovias, rodovias e aeroportos) dos produtos agropecuários.
Indústrias do Japão
Depois, a delegação brasileira reuniu-se com a Federação das Indústrias do Japão (Keidanren).
Aos empresários japoneses, a ministra Tereza Cristina apresentou os setores do agronegócio brasileiro com interesse em investimentos externos.
“Há oportunidades ao longo de todas as cadeias produtivas do agronegócio: insumos, maquinários, produção, processamento, estocagem, distribuição e transporte. O aumento contínuo da produtividade no campo será realizado via implementação de processos inovadores de produção. As principais áreas de inovação que o Brasil busca investimentos externos são: conectividade nas áreas rurais, isso é importantíssimo, agricultura de precisão, rastreabilidade, mecanização agrícola de última geração e automatização”, disse.
A ministra destacou ainda que além de “uma potência agrícola, o Brasil é também uma potência ambiental”. Tereza Cristina citou que 66% do território nacional são cobertos de vegetação nativa e que o Código Florestal determina ao agricultor conservar de 20% a 80% da vegetação nativa, dependendo do bioma. Outra medida destacada pela ministra é a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iPLF), que faz parte do Programa Agricultura de Baixo Carbono. Em 2016, conforme a ministra, cerca de 12,6 milhões de hectares já adotavam a prática de iPLF.
“O Brasil se soma à comunidade internacional na sua preocupação com os efeitos da mudança do clima na agricultura e na segurança alimentar”, disse.
Tereza Cristina ressaltou ainda, aos representantes da Jica e da Keidanren, as medidas adotadas pelo governo federal para melhoria do ambiente de negócios no país, entre elas a reforma da Previdência e a Medida Provisória da Liberdade Econômica, a reforma tributária, desburocratização e simplificação de processos. “Essas medidas devem tornar o Brasil um destino ainda mais atraente para investidores externos”, afirmou.
O embaixador Eduardo Saboia destacou que mais da metade das importações de carne de frango do Japão são provenientes do Brasil, o que atesta a qualidade dos produtos, já que o mercado japonês é considerado um dos mais exigentes do mundo. “Dobrar a qualidade e segurança da produção, melhorar o ambiente de negócios para investidores nacionais e estrangeiros. Em menos de seis meses de atuação, o ministério teve resultados importantes em áreas como agricultura familiar, pesca e ampliação de zonas livres de febre aftosa sem vacinação”.
Os empresários fizeram várias perguntas sobre conjuntura brasileira e oportunidades de negócios no país. O diretor da Keidanren, Takao Omae, ressaltou que o Brasil tem demonstrado interesse em se tornar mais competitivo na exportação de grãos e que, para isso, pretende melhorar o escoamento da produção via portos. Para Omae, um ponto de interesse entre os países é aumentar a participação dos portos da Região Norte no escoamento da produção nacional, citando que 80% da produção saem do Brasil pelos portos da Região Sul.
A ministra convidou os empresários a visitarem o interior do Brasil e também conhecerem áreas em que possam investir. De acordo com ela, 46 projetos estão em andamento no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), sendo 35 no setor de transporte, somando quase US$ 27 bilhões.
Na comitiva, estão presentes o secretário de Comércio e Relações Internacionais, Orlando Leite Ribeiro, demais integrantes do ministério e diplomatas, além de representantes de empresas brasileiras e deputados federais, entre eles o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Alceu Moreira (MDB-RS).