Uma vitória justa de um Flamengo que esteve longe de ser brilhante, mas foi competitivo e consistente. Se o duelo contra o Corinthians pela Copa do Brasil serve de laboratório para o mata-mata com o Emelec pela Libertadores, o 1 a 0 em Itaquera foi conquistado com uma atuação segura e madura de um time que não teve seus craques em noite inspirada.
A surpresa pela formação mais ofensiva de Fábio Carille não tirou a tranquilidade de um Flamengo que fez valer da organização defensiva e superioridade técnica para respirar. A marcação alta dos atacantes corintianos resultou em chutões apenas nos minutos iniciais. Depois, o que se viu foi uma equipe que soube trocar passes para ditar o ritmo e entrar no jogo.
Rodrigo Caio e Cuéllar estiveram – mais uma vez – em noite perfeita. Fosse no combate direto, no jogo aéreo – em especial o zagueiro – ou na saída de bola, foram determinantes para conter o ímpeto ofensivo corintiano. Não à toa, somaram 15 ações de roubadas de bola ou desarmes juntos (10 para o camisa 3).
Números de Corinthians x Flamengo
- Posse de bola: 40% x 60%
- Finalizações: 9 x 11
- Chances reais: 2 x 6
No primeiro tempo, o Flamengo teve dificuldade para se encontrar no setor ofensivo. Errou muito. Everton Ribeiro e De Arrascaeta afunilavam e batiam cabeça, e a equipe carecia de criatividade na armação. Os 45 minutos iniciais, no entanto, foram bem controlados, sem que Diego Alves sequer fizesse uma defesa.
A volta do intervalo já apresentou uma equipe mais bem postada no campo do adversário. A posse de bola que terminou com 60%, por sua vez, demorou para ser traduzida em chance clara de gol, o que aconteceu justamente com a melhora do Corinthians. Em busca do resultado em casa, Carille lançou Jadson e Pedrinho, tornando o jogo mais aberto.
O gol de Willian Arão premiou não somente um Flamengo que soube manter-se organizado primeiro para conter o ímpeto do adversário e depois para ter paciência à espera de espaços. Premiou também a atuação convincente de quem habituou-se a sofrer com críticas toda vez que entra em campo.
Willian Arão foi um exemplo da compreensão rubro-negra na leitura do jogo. Cumpriu suas funções defensivas, não usou tanto o corredor pelo lado direito com Pará e Everton Ribeiro, e aproveitou os espaços dados pelos corintianos com marcação falha na entrada da área. Assim, percebeu o clarão que percorreu até a cabeçada certeira para as redes de Cássio.
Com um primeiro tempo ruim, mas controlado, e um segundo tempo de organização e paciência, o Flamengo foi copeiro e soube vencer em Itaquera. Ficam as lições tanto para o jogo da volta no Maracanã, dia 4 de junho, quanto para os duelos com o Emelec, pelas oitavas da Libertadores, já depois da Copa América.