A Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) e a Empresa Mato-grossense de Pesquisa e Extensão Rural (Empaer) estão elaborando um projeto para o fomento da cadeia produtiva do cacau em Mato Grosso. A exemplo do incentivo à produção do café, os órgãos estão empenhados em diversificar o número de culturas perenes desenvolvidas no Estado, mirando na sustentabilidade econômica do pequeno produtor.
A estratégia é formatar um acordo de cooperação técnica envolvendo Seaf, Empaer e a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). Com sede em Rondônia, o órgão se tornou referência na geração e transferência de tecnologia voltada ao aprimoramento da produção cacaueira no Brasil. Hoje Rondônia produz cerca de 18 mil toneladas, e concorre com estados tradicionais na produção de cacau, como a Bahia com 170 mil toneladas, e o Pará com 99 mil toneladas, respectivamente, primeiro e segundo colocados nacionais.
A revitalização da cultura no Estado se deu a partir da utilização do cacau clonal, geneticamente mais produtivo e mais resistente à vassoura de bruxa. A doença praticamente dizimou o plantio de cacau na década de 90, em Rondônia. Além de mais tolerante à maioria das pragas e adversidades, o cacau clonal é proveniente de enxertos de alta qualidade, e tem entre outras características, uma colheita em menor tempo que o cacau convencional.
Em Mato Grosso, a proposta deve envolver inicialmente a implantação de duas unidades demonstrativas com o plantio de 2 mil mudas clonais. As áreas terão como finalidade a produção de mudas e novos enxertos. Os municípios de Juína e Claúdia serão os primeiros a implantar as unidades demonstrativas.
Segundo o prefeito de Juína, Altir Peruzzo, o município já desenvolve culturas como o café, o cupuaçu, o guaraná e a pupunha, e teria no cacau uma nova modalidade para o incremento da economia local. Já em Claúdia, o secretário de Agricultura Edson Moreira defende a inclusão da Gleba ‘Zumbi dos Palmares’ como a segunda unidade demonstrativa do projeto.
Assim que definidas as diretrizes do projeto, técnicos da Seaf percorrerão as regiões com maior aptidão para o desenvolvimento da cultura, priorizando os municípios que tenham como principal característica o incentivo à agricultura familiar. Em outros estados, as lavouras de cacau surgiram como complemento à renda do pequeno produtor, e tem se intensificado como uma cultura perene e de alto valor agregado.
Além do secretário da Seaf, Silvano Amaral, também participaram das discussões o coordenador da Ceplac, Cacildo Viana; o prefeito de Juína, Altir Peruzzo; o secretário de Agricultura de Claúdia Edson Moreira, e o pesquisador da Empaer, Carlos Milhomem.
Cacau em Mato Grosso
De acordo com os últimos dados disponíveis da Produção Agrícola Municipal – IBGE 2017, Mato Grosso possui uma área plantada de 980 hectares, onde foram produzidas 647 toneladas de cacau. Os números representam a soma das áreas plantadas em 12 municípios do Estado, com destaque para Alta Floresta, Colniza e Cotriguaçu, que despontam como os principais.
Nesta sequência, temos Paranaíta, Aripuanã, Brasnorte, Novo Mundo, Nova Monte Verde, Porto Estrela, Rondolândia, Terra Nova do Norte e Carlinda. Os números representam 2,16% da área brasileira de cacau. A produtividade média atingiu a casa de 660 quilos por hectare. Uma média significativa, se comparada a produtividade do Pará, primeiro colocado nacional com 882 kg/ha, seguido por Rondônia com 430 kg/ha, e Bahia com 252 kg/ha.