Cientistas do Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos (GEMM) da Polinésia Francesa observaram, pela primeira vez, uma mãe golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) com um filho adotivo de outra espécie. A fêmea tinha uma filha biológica e optou por cuidar também de um golfinho-cabeça-de-melão (Peponocephala electra).
Os pesquisadores resolveram estudar o relacionamento entre os bichos em abril de 2018, quando o pequeno golfinho-cabeça-de-melão foi adotado ao um mês de idade. O bebê ficou mais tempo com a mãe adotiva do que a própria filha biológica.
Enquanto estiveram juntos, os dois filhotes de espécies diferentes conviveram como irmãos. Eles competiam pelo carinho da mãe e o golfinho-cabeça-de-melão tinha um truque para ganhar mais atenção: empurrava a irmã, afastando-a do abdômen da mãe.
A irmã era mais sociável com outros peixes, enquanto o golfinho-cabeça-de-melão quase nunca deixava a companhia da mãe. Depois de um ano e meio, a irmã desapareceu e os cientistas acreditam que ela pode ter mudado de grupo social ou faleceu.
Com o passar do tempo, segundo os biólogos, como o filho adotivo viveu ao lado de uma espécie diferente, ele passou a aderir às características comportamentais dos golfinhos-nariz-de-garrafa. Tais como pular na água e socializar com machos jovens.
“É difícil explicar esse comportamento, especialmente porque não temos nenhuma informação de como o golfinho-cabeça-de-melão foi separado da sua mãe biológica”, afirmou Pamela Carzon, pesquisadora do GEMM.
Curiosamente, é costume de algumas fêmeas golfinho-nariz-de-garrafa sequestrar golfinhos de outras espécies para preencher seus instintos maternos. Porém, esses relacionamentos nunca duram. Os cientistas acreditam que, pelo fato desta fêmea já ter sido mãe, ela provavelmente não sequestrou o filhote. Eles especulam que o bebê pode ter sido sequestrado por outra fêmea que perdeu o interesse em cuidar do pequeno golfinho-cabeça-de-melão.