Todos nós sabemos que o Outubro Rosa traz informações sobre a prevenção e combate ao câncer de mama, mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil. Diferentemente do que muitos imaginam essa doença também atinge homens, porém a estatística é bem diferente, o que corresponde a 1% do total de casos.
O diagnóstico de câncer de mama tem um impacto emocional muito grande para mulher. As pacientes sofrem a angustia de passar pela mastectomia, cirurgia para retirada total ou parcial das mamas, procedimento indicado em boa parte dos casos como parte do tratamento. Contudo, existe uma alternativa: a cirurgia plástica de reconstrução mamária promete devolver o volume original e renovar a autoestima.
A reconstrução de mama é uma possibilidade de reabilitação física, psicológica e social para as mulheres que necessitam da retirada do tecido mamário. Porque ainda hoje, as mamas representam a parte essencial da identidade feminina, desempenhando um importante papel na autoestima e imagem corporal.
Todas as técnicas de reconstrução de mama, seja total ou parcial, com uso de próteses ou não, beneficiam a mulher. Porque esses métodos ajudam as pacientes a se sentirem bonitas e de bem com a sua imagem, e assim, elas percebem que podem seguir a vida com naturalidade após o fim do tratamento.
Muitos fatores contribuem para a decisão do tipo e método de reconstrução. Por vezes temos mais de uma opção, por isso, cirurgião e paciente devem discutir amplamente até chegarem a uma decisão final.
O tipo de cirurgia plástica vai depender da quantidade de tecido mamário e gorduras removidas por causa do tumor. Nos casos de remoção parcial, onde é preservada maior parte da quantidade de pele e gordura, a cirurgia plástica é mais simples, podendo ser reparada com mobilizações de tecidos locais e até mesmo com a inclusão de prótese de silicone para a reconstrução. Em outras situações, em que houve a necessidade de remoção de uma quantidade maior de pele e gordura, é necessário implantar uma prótese com expansor, ou seja, uma prótese vazia que será preenchida aos poucos, aumentando o volume da pele, para fazer com que a mama alcance o volume apropriado. Neste momento o expansor é retirado e dá espaço a uma prótese de silicone definitiva e apropriada.
Grande parte das cirurgias reconstrutoras são realizadas simultaneamente à retirada do tumor cancerígeno. Dessa forma, a paciente não precisa conviver com a mutilação parcial ou total do seio. Com isso, a experiência se torna menos traumática.
De forma em geral, todas as mulheres que se submetem ao procedimento da mastectomia tem o direito assegurado pela Lei nº 12802/2013, onde o Sistema Único de Saúde (SUS) e os planos de saúde têm a obrigação de realizar a cirurgia de reconstrução da mama imediatamente após a mulher apresentar condições clínicas recomendáveis.
Lembrando que as pacientes devem seguir rigorosamente as recomendações do pós-operatório. Além disso, é preciso fazer o acompanhamento com o médico oncologista para evitar a incidência de um novo câncer na região.
Dados
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), esse tipo de doença afeta 2,1 milhões de pessoas por ano e é o quinto que mais mata em todo o mundo. Só neste ano, 60 mil pessoas receberão o diagnóstico e 6,91 mortes para cada 100 mil habitantes, respondendo por cerca de 25% dos novos casos a cada ano.
*Rodrigo Bernardino é cirurgião plástico, formado pela Universidade de Alfenas/MG, especialização em Cirurgia Plástica na Santa Casa de Montes Claros/MG e Membro associado da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).