MARIONEIDE KLIEMASCHEWSKI
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Foi com sentimento de indignação que fiz a leitura de um “artigo” escrito pelo prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, na última semana, no qual ele sugere que o Estado ceda a Escola Estadual Nilo Póvoas para a gestão municipal, de forma a transformá-la em uma creche.
É preciso esclarecer que a Secretaria Estadual de Educação promoveu um reordenamento na Escola Nilo Póvoas, que conta com uma capacidade para contemplar 1000 alunos e hoje atende 126. Os estudantes serão remanejados para a Escola Estadual Antonio Epaminondas e a Nilo Póvoas se transformará em um centro de referência em educação inclusiva, sem prejuízo para um aluno sequer e respeitando a história do colégio para com a cuiabania.
Todo esse cuidado contrasta com a forma equivocada e sem conhecimento de causa pela qual o prefeito faz propostas dessa magnitude, lançando mão do oportunismo que lhe é característico. E o faz por meio da imprensa e não pelas vias institucionais, se aproveitando do debate público sobre a escola para tentar autopromoção.
Sem qualquer dado concreto e alicerçado em achismos, o prefeito explanou um “plano de ação” para a escola, jogando ao vento valores que seriam economizados e onde seriam posteriormente aplicados, sempre pincelando os “avanços” que conquistou na área.
Emanuel Pinheiro não demonstrou condições para dar lição de gestão no que se refere a Educação. É notoriamente um mau gestor.
Quando fui secretária municipal de Educação na gestão Mauro Mendes, fizemos um amplo trabalho de capacitação dos profissionais e de construção de ambientes escolares dignos e atrativos. Só em Centros Municipais de Educação, foram entregues 17, além de quatro escolas e reformas em outras dezenas de unidades. Deixamos a gestão sem nenhuma dívida e com obras licitadas para o atual prefeito.
Tanto que o município conquistou em 2016, conforme os dados oficiais do Ideb, a nota de 5,5, que era estipulada para 2021. Na gestão de Emanuel, a nota subiu míseros 0,1 pontos.
A gestão Mauro Mendes havia conquistado o 11º lugar no Índice Firjan de Gestão Fiscal e hoje Cuiabá está em 24º lugar. É o terceiro pior índice. De forma resumida, o índice mostra que Cuiabá hoje não tem dinheiro para pagar as dívidas que o prefeito tem contraído. Isso é fruto da falta de planejamento e desrespeito de Emanuel Pinheiro com o presente e o futuro da população cuiabana.
Em três anos, o atual prefeito destruiu todo um trabalho de gestão que havia sido feito para o município. Afundou Cuiabá em empréstimos irresponsáveis para alimentar sua sanha populista.
E este mesmo prefeito agora diz que tem capacidade para gerir a Nilo Póvoas. O mesmo prefeito que está mergulhando Cuiabá em dívidas que em breve vão prejudicar os recursos da Educação. O mesmo que não explica o dinheiro no paletó e as recorrentes investigações contra sua gestão. O mesmo que prometeu restaurante giratório nas alturas, que prometeu Hospital Albert Einstein, que deixou a Santa Casa fechar e que teria sido fechada em definitivo se não fosse pelo Estado.
A população cuiabana pode ficar tranquila quanto à Escola Nilo Póvoas. O nome e a memória de Nilo Póvoas – que tanto contribuiu a Mato Grosso e aos cuiabanos – continuarão a ser honrados em uma unidade que vai acolher, com todo o carinho e estrutura, as crianças que mais precisam da atenção do Estado, que são as crianças portadoras de necessidades especiais e em situação de vulnerabilidade, como aquelas que sofrem com bullying, depressão, violência doméstica, dentre outros problemas.
O dinheiro do contribuinte, advindo dos tributos, é um dinheiro sagrado. É preciso ter gestores com coragem para aplicá-lo com responsabilidade e parcimônia, em respeito ao suor do cidadão. Portanto, é preciso reordenar a rede pública de ensino de acordo com a demanda social existente em cada comunidade.
Educação se faz com trabalho sério, planejamento e foco nos alunos e no aprendizado, não com oportunismo irresponsável.
Marioneide Kliemaschewsk é secretária de Estado de Educação de Mato Grosso.