ÍNTEGRA COMUNICAÇÃO / GLENDA CURY
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“Devemos avançar na logística Arco Norte/Nordeste para podermos abastecer este mercado doméstico que pouco consome, hoje, etanol.” A afirmação do presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, feita nesta quinta-feira (30 de julho) durante o webinário “Logística Integrada”, incentiva a conversão das atenções do mercado de energia renovável às duas regiões do Brasil que podem vivenciar uma nova realidade em combustíveis – desde que a logística de transportes viabilize o atendimento a elas. Promovido pelo LIDE Grupo de Líderes Empresariais de Mato Grosso, Santos e do Paraná, o evento on-line tem sido dedicado a debater gargalos do segmento, buscando soluções viáveis em curto e médio prazos.
Fortemente impactado pela pandemia, o setor de combustíveis vislumbra uma retomada econômica progressiva nos próximos meses. “Cremos que 2021 iniciará com o mesmo status, positivo, registrado no começo de janeiro de 2020, quadro este alterado por conta da Covid-19”, observou Nolasco, pontuando que, no caso do milho, o déficit gerado pela redução na comercialização do etanol teve por compensação a venda do DDG, farelo proteico utilizado na alimentação do gado.
No que se refere ao cenário logístico de Mato Grosso, duas ações positivas sinalizam para o necessário, esperado e fundamental avanço: o protocolo junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), do projeto de concessão da Ferrogrão – que ligará Sinop (MT) à Miritituba (PA) e o anúncio da construção Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) , entre os municípios de Mara Rosa (GO) e Água Boa (MT), à cargo da Vale como contrapartida à renovação antecipada de suas concessões de ferrovias. As duas iniciativas resultarão em condições de entregar o etanol de milho e cana a novos mercados, tanto domésticos quanto externos, condição fundamental à viabilidade econômica do biocombustível.
Entusiasta do etanol e do cooperativismo, o presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), Miguel Tranin, compartilhou, no evento on-line, conhecimento e vivências sobre energia limpa, destacando a importância da Renova Bio, Política Nacional de Biocombustíveis, instituída pela Lei nº 13.576/2017. “Temos o maior programa mundial de reconhecimento e validação das energias renováveis”, declarou, enfatizando, ainda, a importância de haver uma política tributária que estimule o consumo de etanol nos estados produtores, onde a atividade gera emprego e renda.
Fazendo referência ao ambiente logístico, fundamental à sustentabilidade financeira do setor produtivo, Tranin falou sobre a necessidade do Brasil priorizar na multimodalidade de transportes, lembrando que o investimento, por anos a fio, somente no modal rodoviário, fez com que, atualmente, o país tenha cinco caminhões para cada três cargas, gerado um imenso parque ocioso.
Otimistas com as possibilidades de mercado do etanol, que pode agregar ainda mais valor à cadeia sendo produzido a partir do milho também na entressafra da cana, Nolasco e Tranin foram unânimes em avaliar que a expansão dos negócios depende da maior divulgação da qualidade do etanol brasileiro, bem como das conquistas em sustentabilidade ambiental que este ícone da energia limpa e renovável representa.
Logística integrada – Promovido pelo LIDE Mato Grosso, LIDE Santos e LIDE Paraná, o projeto “Logística Integrada – Debates e Soluções” terá como ponto alto a realização de um fórum, previsto para o mês de agosto, do qual sairá a Carta da Logística. O documento, contendo diagnóstico do segmento logístico na pandemia e propostas de soluções em curto e médio prazos, será encaminhado aos Estados e União. Para assistir aos episódios da websérie que compõe o projeto, basta acessar o site do LIDE Paraná. Os programas são apresentados por Heloísa Garret, presidente do Lide Paraná, tendo a participação de presidente do LIDE Mato Grosso, Evandro Santos, e do presidente do LIDE Santos, Jarbas Vieira Marques.
A websérie que antecede o Fórum Logística Integrada já tratou de temas como armazenagem, portos e ferrovias, tendo contado, em um de seus episódios, com a participação do Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas.