Em Betim, região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu nesta quarta-feira (24) prefeitos e religiosos. Na busca por mais 4 anos no Planalto, o chefe do Executivo continua se apresentando como a melhor opção para os religiosos em relação à esquerda. A organização transmitiu apenas o áudio do encontro.
“Vocês veem o que eles falam, sempre falaram sobre religião, sobre fé, como eles se referem a padres e pastores, o que eles pregam. Eles desconhecem a palavra”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro tem 49% das intenções de voto entre os evangélicos, segundo a última pesquisa Datafolha. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por sua vez, conta com 32%.
Em segundo lugar na corrida eleitoral, o candidato do PL à Presidência da República acredita que este público é a ponte pra conquistar mais votos do eleitores em geral. Ele ainda pediu para evangélicos irem atrás dos indecisos.
“Se essa for a vontade de Deus, se vocês entenderem dessa maneira, a gente pede voto. Não apenas de vocês. vão atrás, em especial, dos indecisos, ou daqueles que estão do outro lado e não sabem da verdade, o que é esse outro partido. Relembrem o que aconteceu ao longo de 14 anos de PT no Brasil”, afirmou o presidente.
“O presidente Jair Bolsonaro tem uma diferença hoje em relação ao candidato Lula, naquilo que as pesquisas eleitorais apontam, que está no limiar entre ter ou não ter o segundo turno. Então ele precisa avançar urgentemente em algum grupo social para garantir o segundo turno. Lá, tem lideranças evangélicas de peso que fazem a mediação com esse grupo social”, apontou o cientista político da FGV, Marco Antônio Teixeira.
Depois da reunião, Bolsonaro discursou pra todo o público num caminhão de som e fez comparações do seu governo com outros. Citou a crise energética na Europa para dizer que o Brasil é uma dos poucas nações no mundo que resistem aos reflexos da guerra na Ucrânia e culpou as lideranças de esquerda na América do Sul pela crise econômica dos seus países.
“Eu acho que as pessoas estão muito mais preocupadas com os problemas domésticos do país do que com os problemas que outras países vivem, que não são só problemas vividos pela esquerda. Países que estão governados pela direita estão vivendo o mesmo problema mundo afora”, analisou o especialista.
Lula sem eventos públicos
Enquanto Bolsonaro esteve em comício, Lula não teve agenda aberta nesta quarta.
O petista reservou o dia para se preparar para a entrevista que concederá ao Jornal Nacional, da TV Globo, na próxima quinta-feira (25) e para a gravação de seus programas eleitorais, que começam a ser exibidos em rede nacional de rádio e televisão na próxima sexta-feira (26).
O PT pretende usar a ampla exibição de seu candidato para destacar o que considera as principais fragilidades do governo Bolsonaro: fome, carestia, inflação e o resgate de programas que tiveram forte apelo junto à população durante as gestões petistas.
A exploração dos temas de economia é para conversar diretamente com o eleitorado mais pobre, sua principal base eleitoral.
Segundo apurou a CNN, o assunto religião não deve ser abordado nos programas de Lula. A estratégia do ex-presidente é repetir o que vem dizendo em atos de campanha: política e religião não devem se misturar. Além disso, a avaliação é de que há uma intersecção de perfis entre os evangélicos, principalmente as mulheres, que podem se identificar com os discursos centrados na economia e assim decidir o voto.
“Eu acredito que a ênfase principal para o ex-presidente Lula com certeza tem que ser na economia, é ai que ele deve se centrar, ele não deve entrar em uma guerra santa. Mas eu também acho necessário o ex-presidente dê algum tipo de resposta aos ataques que ele vem sofrendo nessa área. Basicamente, o problema é mostrar para esse eleitorado, para as mulheres evangélicas incluídas, que o seu governo é um governo que assegura a liberdade”, comentou o cientista político e professor da FGV, Claudio Couto.
Bolsonaro, por sua vez, acredita que os recentes resultados de inflação e emprego podem servir de antídoto à ofensiva petista. Nesta quarta, o IBGE publicou a prévia da inflação para o mês de agosto com um recuo de 0,73% – maior deflação do indicador na série histórica.
“Acho que o presidente Bolsonaro tem, de fato, um ganho com essa questão da redução dos preços dos combustíveis, que afeta os setores sobretudo de renda média, aqueles que abastecem os seus veículos porque tem veículos e, consequentemente sente de forma mais direta esse benefício, mas não afeta da mesma forma os setores de renda mais baixa”, continuou Couto.