O surgimento do pequeno 147 no Brasil data de 1976, quando as pesquisas e desenvolvimento do motor movido a álcool, o que chamamos hoje de etanol, começaram. Inicialmente o lançamento do hatch da Fiat viria apenas movido a gasolina e passou a ser oferecido na versão que podia usar combustível vegetal em 1978.
O Fiat 147 derivava da versão italiana que por lá era batizado de 127 e lançado em 1971 naquele mercado. O ano de 1976, então, seria só o começo da trajetória de uma das marcas mais importantes no Brasil.
A responsabilidade era grande e, para isso, a Fiat apostava todas as fichas. Uma delas foi a ousada propaganda cujo cenário da escadaria da igreja da Penha (RJ),famosa pelas promessas de seus fiéis, era o importante caminho que o 147 ‘precisou trilhar’. Com isso,a Fiat provou a valentia do carro que subiu e desceu os 365 degraus sem nenhum tipo de preparação.
O compacto também receberia o mérito de ser o primeiro carro brasileiro equipado com motor transversal dianteiro ( 1050 ou 1300 cc ), a ter coluna de direção articulada, a receber versão a álcool, ganhando o apelido de cachacinha, entre outras inovações.
A primeira aparição do modelo ocorreu durante o X Salão do Automóvel , realizado no dia 18 de novembro de 1976, na qual 15 unidades que receberam cores diferentes e, inclusive, protótipos de 147 movidos a álcool.
Inicialmente o compacto recebeu o motor FIASA (Fiat Automóveis S.A) que dispunha de 1.050 cc de cilindrada rendendo 55 cv (SAE) que o levavam a atingir a velocidade final de 135 km/h e o mais importante, o consumo: 12,3 km/l na cidade e 18,8 km/l na estrada.
Em 1978, surgiria a versão Rallye e com ela o motor 1.3 de 62 cv de potência e 11,5 kgfm de torque que, durante os testes, acabou se mostrando mais adequado para o uso do etanol que o propulsor a gasolina de 1.050 cm3, até então utilizado no 147.
Ainda no mesmo ano, surgia uma versão comercial do 147, com a inédita carroceria furgão. Chamada de Fiat Furgoneta , na verdade não passava de um 147 sem os bancos e vidros traseiros.
O dia 5 de julho de 1979 ficaria marcado com a estreia do então primeiro carro brasileiro movido com o combustível derivado da cana-de-açúcar. Apelidado de “Cachacinha” por causa do odor característico exalado pelo escapamento.
E assim o pioneirismo do 147 não parava de ditar as tendência para o futuro na indústria automobilística nacional. Além de novas versões como a topo de linha GL e a esportiva Rallye , ainda no final de 1978, já como linha 1979, estreava a 147 Pick-up , considerada a primeira picape derivada de um carro de passeio.
Em 1980 surgiria uma leve reestilização mais compreendida na parte frontal na qual foi conhecida como “frente Europa” com capô, grade e faróis redesenhados, mas as versões Pick-up, a básica e a Furgoneta, continuavam com o visual antigo.
Foi nesse ano que estreava a perua Panorama , que graças ao graças a 18 centímetros a mais que versão normal do 147 sem mudar o entre-eixos, comportava de 730 até 1440 litros com os bancos rebatidos. O motor era o conhecido 1.3 litro da Rallye.
Para 1981, a configuração picape ganhou plataforma igual a da Panorama de 15 cm a mais no comprimento e passou a se chamar Fiat City . Sua capacidade de carga tinha subido para 570 kg. O ano foi marcado também com o Fiorino Furgão com teto mais alto e amplo espaço interno de carga.
No período de 1982, a principal mudança ocorreu com a leve reestilização da picape que ganhou a mesma frente moderna levemente inclinada para dentro e deixava o visual antigo para o modelo de entrada: assim ficava Pick-up Fiat e Pick-up City .
No ano seguinte, estrearia a sedã Oggi que duraria apenas dois anos. Além da versão CS com motor 1.3 da gama, houve a versão esportiva CSS de 1.415 cm³ com 300 unidades apenas, além da série especial “Pierre Balmain”, feita de janeiro a março de 1984.
Ainda em 1983, estreava o Spazio , uma versão mais luxuosa do 147 e que também não durou muito tempo compreendendo apenas o anos de 1982 (como modelo 1983), 1983 e 1984. Vinha nas versões CL, CLS e a esportiva TR (substituindo a “147 Rallye”, tinha câmbio de 5 marchas, opcional).
Em 10 anos de produção, o Fiat 147 pouco mudou, mas graças a ele, abriu o mercado para outros modelos derivados, além de outro ícone de enorme sucesso, o Uno , mas sem duvida, dentre tantas inovações para a sua época, o mérito de ser o primeiro carro brasileiro movido a etanol permanece até hoje.
O fato simbolizou um marco importante para a engenharia automotiva brasileira, que a partir daquele dia 5 de julho de 1979 engatou uma marcha na direção do desenvolvimento de tecnologias em prol de veículos mais eficientes e menos poluentes, algo evidente no dias de hoje com a eletrificação híbrida.
Fonte: IG CARROS