Dries Depoorter é a mente por trás de uma inteligência artificial que pode ser extremamente útil e, ao mesmo tempo, assustadora. Acredite: o sistema é capaz de encontrar o local e a hora exatos em que uma foto publicada no Instagram foi tirada. O belga de 31 anos apresentou sua criação nomedada de The Follower (literalmente, “O Seguidor”) na semana passada e mostrou detalhadamente como a IA trabalha.
Na prática, a IA explora as fotos com a marcação de locais e cruza os dados com feeds de câmeras públicas que enquadrem o mesmo local. Parece algo simples, mas é preciso analisar diversas informações, cruzar com coordenadas geográficas e ter a perspectiva certa para que os resultados sejam precisos.
Não apenas os resultados são precisos, como também são assustadores. Deeporter conta que, durante os primeiros testes, conseguiu encontrar os momentos exatos de diversas fotos.
Em um das fotos usadas no teste, um homem aparece de costas ajoelhado na Times Square, em Nova York, com a bandeira do Brasil.
Através de uma câmera de segurança apontada para o famoso cruzamento das avenidas, o artista conseguiu encontrar o momento exato em que o rapaz se preparava para tirar a foto.
Deeporter contou, em uma entrevista, que teve a ideia de criar a ferramenta enquanto acompanhava uma câmera de segurança pública. Ele diz ter passado cerca de trinta minutos observando uma pessoa tirar uma foto para o Instagram.
Curioso, o artista vasculhou a rede social em busca da fotografia, mas não conseguiu achá-la. A partir disso, o desenvolvedor começou a construir o sistema.
Por enquanto, o projeto analisa apenas dados públicos divulgados por usuários com mais de 100 mil seguidores, como apontou a VICE. Segundo o belga, a ferramenta faz parte de uma série de iniciativas para alertar sobre os perigos da tecnologia e de informações divulgadas online.
O sistema, segundo Deeporter, leva o nome de “O Seguidor” porque vai além dos seguidores virtuais, abrangendo também à capacidade de um sistema de seguir rastros deixados na web.
Especialistas questionam limites da privacidade
Por mais que todos os dados usados por Deeporter sejam públicos, inclusive as câmeras que ele usa no projeto, muitos especialistas já levantaram questionamentos sobre os limites da privacidade.
Para Francesca Sobanda, professora de uma universidade no País de Gales, “qualquer projeto que envolva IA e câmeras abertas é um projeto que pode, infelizmente, reforçar um estado social de vigilância colocando a vida das pessoas em risco”.
O belga, contudo, não parece se preocupar muito com isso. “Para mim, se trata mais sobre a tecnologia e não sobre as pessoas que usei”, diz ele.
“Eu usei muitas pessoas, então não há foco em uma pessoa”. Ao ser questionado sobre ter mostrado os rostos das pessoas, identificando-as, respondeu: “Sim, mas eles postaram as fotos também”.
Artista belga é conhecido por outros projetos
Dries Depoorter não é um nome inédito quando falamos sobre projetos criativos. Um dos grandes destaques de seu portfólio é o The Flemish Scrollers.
Basicamente, o sistema monitora o nível de distração dos políticos belgas durante as sessões no parlamento. A IA identifica o político e dá uma porcentagem de quanto tempo ele passa grudado ao smartphone.
Outro projeto interessante de autoria do belga é o Die with me. O app cria uma grande sala de bate-papo para usuários que tenham menos de 5% de bateria em seus celulares e procurem “paz offline”, como ele mesmo descreve.
Por fim, há também o relógio Shortlife, um aparelho que mostra em porcentagem a quantidade de vida já gasta com base na expectativa de vida de uma pessoa.
Fonte: IG TECNOLOGIA