No Brasil, a mobilidade elétrica vem crescendo a pequenos passos. Os modelos híbridos ainda são o primeiro passo para uma adesão a um carro eletrificado em muitos casos, mas o segmento de veículos eletrificados ainda é considerado novidade para uma grande parcela da população.
Na China, Estados Unidos e Europa, esses veículos já são considerados realidade, com os governos incentivando sua compra através de benefícios fiscais, principalmente.
Além da diminuição dos custos por km rodado, já que o custo do kWh é mais em conta que um litro de combustível no Brasil, os elétricos permitem alternativas interessantes pensando até mesmo em sensibilidade.
É possível carregar o veículo somente com energia gerada pelo próprio usuário, caso conte com painéis solares em casa, por exemplo, e essa energia não terá nenhum dano ambiental em sua obtenção e utilização, no caso do carro elétrico.
O engenheiro eletricista e sócio-diretor da Elev, Ricardo David, aponta curiosidades sobre a mobilidade elétrica.
Carregadores públicos e semipúblicos
Muitos carregadores disponibilizados pelas cidades ainda são gratuitos, entretanto, mesmo os públicos e semipúblicos pagos são alternativas mais em conta de recarga do que realizar a recarga doméstica.
Segundo o especialista, em Salvador (onde mora), um prédio paga cerca de R$ 0,96 por kWh, enquanto um carregador público ou semipúblico paga em média R$0,50 por kWh.
A eletromobilidade é muito mais que carros elétricos
Todo veículo equipado com energia elétrica ou híbrida (motor a combustão + motor ou gerador elétrico) se encaixa no conceito de eletromobilidade . Esse conceito se pode englobar caminhões e ônibus, e também máquinas agrícolas, motos e até mesmo bicicletas.
Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), entre janeiro a julho deste ano foram emplacadas 602 unidades de caminhões eletrificados no Brasil.
Entretanto, vans e caminhões elétricos vem sendo utilizados na Europa, América do Norte e até mesmo no Brasil no último setor de distribuição de mercadorias, geralmente em rotas urbanas.
Na Europa, as fabricantes de caminhões vêm desenvolvendo seu modelos elétricos à baterias, e se juntaram para criar uma tecnologia de carregamento de alta velocidade para esses veículos, chamada de Carregamento em MegaWatt. Entretanto, o projeto ainda está há alguns anos de se tornar viável.
O Brasil tem estrutura para isso?
O abastecimento de veículos elétricos é possível de várias formas. As estações de recargas mais potentes, os chamados eletropostos , possuem alta capacidade, e são capazes de completar uma bateria em cerca de 20 minutos.
Há veículos que são comercializados com um carregador do tipo wallbox, que permitem recargas mais rápidas que tomadas domésticas convencionais.
Entretanto, esses equipamentos demandam estudo e adaptação da rede elétrica para que possam ser instalados.
Segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), existem mais de 1.300 carregadores públicos e semipúblicos espalhados pelo Brasil.
Geralmente, as empresas buscam instalar os equipamentos em locais estratégicos, como shopping centers, mercados, estacionamentos, e no caso de carregadores de alta potência, são instalados nas estradas.
Segundo um levantamento da Elev, São Paulo é a capital com mais carregadores do país, com 445 equipamentos instalados, em seguida vem Rio de Janeiro, com 120 eletropostos, seguida de Brasília com 90, Belo Horizonte com 70 e Curitiba com 69.
Carros, caminhões e vans elétricas ainda possuem um valor muito elevado, porém, as motocicletas elétricas são uma alternativa mais em conta para quem deseja começar no meio da mobilidade elétrica.
Segundo o IBGE, em 2021 havia quase 25 milhões de motocicletas em circulação no Brasil. A Fenabrave informa um crescimento de 878% de motocicletas elétricas em relação ao ano passado. Os custos desses veículos estão entre R$ 10 e 25 mil, enquanto o carro elétrico mais barato do Brasil, custa quase 15x mais, e parte de R$ 146.990.
E em caso de alagamentos e enchentes?
O engenheiro Ricardo David afirma que os veículos elétricos são sim seguros, e a parte energética é isolada para evitar fuga energética.
“Os componentes elétricos, como os cabos e a bateria, são completamente selados, e por isso, não há a interferência direta do contato da água com esses elementos”, declarou o executivo.
“Outro ponto é que os veículos elétricos, em geral, são mais pesados do que seus similares à combustão, o que dificulta a sua flutuabilidade. Isso torna improvável que eles sejam carregados pela correnteza”, Concluiu Ricardo David.
Fonte: IG CARROS