Afastado do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) esta semana por um escândalo amoroso, o ex-presidente da instituição, o americano Mauricio Claver-Carone, acusou, em entrevista ao canal de TV colombiano NTN24, o ministro da Economia, Paulo Guedes, de ter exigido uma vice-presidência do banco em troca de apoio a suas iniciativas. Em 2020, o Brasil votou a favor da nomeação de Claver-Carone, primeiro presidente não latino-americano do BID, e esta semana apoiou sua saída.
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“O Brasil queria posições de vice-presidência e se eu não nomeasse pessoas específicas iriam contra mim. Disse que não, porque francamente não eram pessoas qualificadas, e me declararam a guerra”, disse o ex-funcionário do governo de Donald Trump.
Perguntado sobre com quem teria conversado, o ex-presidente do BID se referiu especificamente a Guedes. Na entrevista, Claver-Carone, destituído do cargo por uma denúncia — investigada internamente por um escritório de advocacia independente — de contratação de uma pessoa com a qual teria uma relação amorosa para um posto de máxima confiança na instituição, também lançou acusações contra o governo do presidente argentino, Alberto Fernández, que, segundo ele, pediu cargos para respaldar sua gestão.
Sobrevivência política
Segundo fontes do governo brasileiro, Claver-Carone quebrou a tradição no banco de conceder vice-presidências para Argentina e Brasil. Além disso, ele teria se recusado a cooperar com a investigação.
Em 2020, a Argentina não aderiu à candidatura do ex-presidente do BID e tentou obter apoios para candidato próprio, que não prosperou.
Após ao afastamento de Claver-Carone, o BID está mergulhado na discussão sobre sua sucessão. Vários nomes estão circulando, mas o processo deve demorar algum tempo. Segundo o regulamento da instituição, num intervalo de 45 dias devem ser apresentadas candidaturas e a escolha de novo presidente deve ocorrer dentro dos 60 posteriores à saída do anterior presidente.
O ex-presidente do BID, eleito com apoio dos Estados Unidos, Brasil e Colômbia, entre outros, é uma pessoa com ambições políticas nos Estados Unidos, vinculado ao Partido Republicano, e suas declarações, dentro do BID, foram interpretadas, comentaram fontes, como uma estratégia política de sobrevivência.
Outras fontes comentaram que, durante os dois anos em que foi presidente do banco, Claver-Carone teve uma relação tensa com vários governos, o que tornou difícil a gestão de financiamentos e avanço de projetos internos.
Recomendação unânime
Em nota, o Ministério da Economia afirma que não comentará as declarações de Claver-Carone. A pasta destaca que o contrato dele como presidente do BID foi terminado após recomendação unânime da diretoria do banco, referendada em votação dos governadores do banco, em resposta às conclusões de investigação independente conduzida a respeito de graves violações éticas enquanto ocupou o cargo.
Um dos nomes cotados para assumir o cargo é o da ex-presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla (2010-2014).
Fonte: IG ECONOMIA