Na semana passada, a atriz Cláudia Raia chamou a atenção do Brasil ao divulgar a gravidez do seu terceiro filho aos 55 anos.
Claudia, que congelou os óvulos aos 48 anos e entrou na menopausa aos 50, contou que fez uma fertilização in vitro, mas o embrião não se formou.
Em seguida, a atriz fez cinco semanas de tratamento com estrogênio e após parar esse procedimento, seus exames apresentaram que ela estava ovulando mesmo na menopausa.
“Geralmente, a menopausa acontece por volta dos 45 a 55 anos, quando os ovários param de produzir óvulos e diminuem a quantidade de estrogênio (um hormônio feminino), que é produzido em seu corpo, o que faz com que a fertilidade vá diminuindo muito com o decorrer da idade. Mas existe a perimenopausa, uma fase de transição em que a mulher faz ciclos irregulares e ainda pode engravidar. Só se atinge a menopausa após um ano inteiro sem menstruar”, explica Flávia do Vale, obstetra e coordenadora da Maternidade do Hospital Icaraí em parceria com a Perinatal.
A fertilidade nas mulheres começa a diminuir aos 30 anos e cai drasticamente aos 40 anos. À medida que os anos passam e a tecnologia melhora, a barreira à gravidez é empurrada cada vez mais para trás. Costumava-se pensar que as mulheres não deveriam engravidar com mais de 40 anos.
Hoje, diz a médica, as mulheres de 50 anos ou mais e seus médicos se perguntam se é seguro empurrar essa barreira ainda mais longe. Um estudo com mulheres de 50 a 63 anos, todas pós-menopáusicas, revelou um aumento do número de complicações, mas nada que não possa ser tratado com acompanhamento próximo e cuidados de saúde de qualidade.
“Após a menopausa, a mulher não produz mais óvulos e, portanto, não pode engravidar naturalmente. Mas, embora os óvulos sucumbam a esse relógio biológico, a gravidez ainda é possível usando um óvulo doado ou o próprio óvulo congelado. Portanto, todas as mulheres do estudo tiveram um óvulo de uma mulher mais jovem implantado em seu útero”, esclarece Flávia do Vale.
Existem, realmente, dois relógios biológicos: um para o ovário, que parece se esgotar, e outro para o resto do sistema reprodutivo, que parece continuar. Tudo o que é necessário é um pouco de preparação com os hormônios estrogênio e progesterona, seguido de um óvulo doado ou congelado e fertilizado.
“Essas mulheres tiveram taxas mais altas de cesariana, diabetes e hipertensão. Ainda assim, os efeitos colaterais foram toleráveis o suficiente para que uma mulher de 50 anos ou mais não desconsiderasse completamente a possibilidade de gravidez.”