BLENDA ALVES
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Em 15 de outubro de 1827, um decreto imperial assinado por D. Pedro I determinou que todas as cidades, vilas e lugarejos do Brasil tivessem suas respectivas ‘escolas de primeiras letras’. Um ato de grande simbolismo, dado o caráter libertador que a educação tem em sua essência – sobretudo no que se refere ao exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. É justamente por isso que o Dia do Professor é celebrado em 15 de outubro, em nosso país.
Oficialismos à parte, creio que esta seja uma oportunidade de reafirmarmos o imenso valor desses profissionais, que desempenham um papel que vai além do ensinar. Os educadores nos inspiram, nos motivam, nos encorajam a superar desafios. Cada um de nós, com certeza, tem um professor, ou vários que marcaram a nossa trajetória escolar. Como diria Paulo Freire: “o educador se eterniza em cada ser que educa”. E isso é fato incontestável.
Por outro lado, em que pesem todos esses significados, é cada vez menor o número de pessoas dispostas a seguir carreira na docência. Até 2040, estima-se um déficit de 235 mil professores na educação básica – segundo estudo recente do Instituto Semesp.
Das razões, destaco aqui a ausência de políticas bem estruturadas de carreira e de formação continuada, o que impacta diretamente a questão salarial. Também contribui para isso a falta de infraestrutura nas escolas, além da violência urbana.
Para reverter essa tendência, o desafio nº 1 é potencializar práticas pedagógicas que aproximem os professores de metodologias ativas, que conquistem a participação de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Ou seja, uma estratégia didática compensadora para ambos. Ao mesmo tempo, óbvio, é fundamental estruturar um plano de carreira e salários que torne a atividade mais atraente e competitiva.
Desta forma, o ambiente ficaria mais propício para aflorar a vocação de quem traz consigo o talento de educar, mas por outras razões acaba trilhando outros caminhos.
Ainda assim, um dado me enche de esperança: oito em cada dez professores da rede pública desejam continuar na escola – conforme aponta pesquisa recente do Núcleo de Novas Arquiteturas Pedagógicas da USP e Instituto iungo.
O motivo? Todo educador sabe: quando você vê o seu trabalho mudando realidades, você não consegue parar! Prova de que a dedicação e comprometimento são as reais bases que mantêm o nosso sistema educacional vivo e resiliente.
Portanto, temos que valorizar esses significados, cada vez mais.